Quem trabalha fazendo entregas conhece o trânsito mais do que ninguém. De bike ou de moto, os entregadores que estão na plataforma do iFood têm muita autoridade para falar de como trafegar de forma segura pela cidade.
O Bruno dos Santos, de 32 anos, que faz entregas pelo iFood desde 2020, resume muitas de suas recomendações em uma só frase: “Andar antecipado”. Com isso, ele quer dizer se prevenir em diversas frentes. Um exemplo: antes mesmo de sair de casa para fazer as entregas, ele separa com cuidado o equipamento que vai levar.
Em vez de um carregador portátil, Bruno leva dois. Energia não pode faltar para o celular. Ou melhor: para os celulares.
“Para o motoqueiro não ficar disperso, o ideal é trabalhar com dois”, avalia. “Um você deixa no suporte da moto só para os aplicativos e o outro você carrega no bolso, com o fonezinho, para atender às ligações sem desviar a atenção ou ter que parar o veículo.”
A viseira é outro item que ele recomenda. “Tenho uma com Insulfilm para usar no sol, para a luz não atrapalhar a visão, e outra, transparente, para a noite”, especifica, alinhado com o que exige a legislação do trânsito.
Margem de segurança
A lista de cautelas do Bruno não se resume aos apetrechos para fazer as entregas. Ao conduzir a moto no trânsito, uma das regras que procura seguir sempre é a de não andar no limite.
Essa determinação ele aplica, em primeiro lugar, à velocidade que adota. “Ando sempre pelo menos 5 quilômetros por hora abaixo do limite permitido para a via”, ensina.
Ele diz respeitar essa margem de segurança para o caso de ter que frear de repente por conta de algum pedestre atravessando fora da faixa, ou algum animal cruzando a pista, ou mesmo manobras imprevistas e mal sinalizadas de outros veículos.
A redução é ainda mais necessária, em sua visão, em ruas com grande quantidade de estabelecimentos comerciais. “Do nada um carro pode sair do estacionamento de uma loja para a via e não enxergar a moto chegando”, alerta.
O entregador também demonstra prudência em cruzamentos. “Não paro colado na faixa, para sair na frente de todo mundo logo que o farol abre”, diz.
“Estar ali, colado no limite, te expõe no caso de algum ônibus ou caminhão invadir esse perímetro, sobretudo à noite ou com chuva. O ideal é ficar emparelhado com veículos maiores, mais visíveis e que, por isso, funcionam como um escudo para o motoqueiro.”
Olhadinha marota
Bruno não bobeia nem quando o farol está verde para ele. Afinal, ele já foi surpreendido por um carro que passou no vermelho. “Hoje, mesmo estando verde pra mim, dou aquela ‘reladinha’ no freio e uma olhadinha marota tanto para a esquerda quanto como a direita”, afirma.
Segurança no trânsito não permite mesmo vacilo. David Anastácia, de 40 anos, que faz entregas de bike desde 2018, sabe bem disso também.
Seu principal conselho para outros entregadores é não correr. “Dá pra ir rápido sem excesso de velocidade”, diz.
Ele segue esse lema para dar tempo de frear se for preciso. Por sinal, sua mão não desgruda do freio: está sempre pronta para acioná-lo em caso de necessidade. E claro que a manutenção do equipamento deve estar sempre em dia para que não falhe na “hora H”.
Na chuva, então, é preciso rodar ainda mais “na moral”, reforça David. “Correr demais se torna ainda mais perigoso porque a pista molhada fica escorregadia”, diz o entregador. “Os trechos que têm faixas pintadas, como as de pedestre, viram sabão”, compara.