Quanto um entregador ganha por hora? E por mês?

Saiba quais são os ganhos de quem trabalha em aplicativos e como se comparam com os de quem tem a mesma escolaridade

Quando se fala no trabalho intermediado por plataformas, uma dúvida frequente é sobre quanto um entregador ganha por hora (ou por mês). 

A resposta não é simples, dada a natureza do trabalho. O tempo dedicado ao aplicativo varia muito: quanto mais os entregadores se engajam, mais recebem. Mas a pesquisa mais recente sobre o tema joga luz sobre sua remuneração. 

Em abril de 2023, o Cebrap (Centro Brasileiro de Análise e Planejamento) divulgou a pesquisa “Mobilidade urbana e logística de entregas: um panorama sobre o trabalho de motoristas e entregadores com aplicativos”, que traz, entre outros dados, os ganhos médios dos entregadores. 

Esse estudo se baseia em dados fornecidos pelos associados da Amobitec (Associação Brasileira de Mobilidade e Tecnologia) —entre eles, o iFood—, como seus registros administrativos. 

Para fazer essa conta, o Cebrap usou dados de horas efetivamente trabalhadas nas plataformas, acrescentando, em alguns casos, o cenário de ociosidade —tempo que os entregadores passam logados no aplicativo, porém sem fazer entregas.

Isso porque, ao fazer o login em um aplicativo, um entregador não fica 100% disponível para o trabalho naquela plataforma. Ele pode se logar em outros apps, realizar outros trabalhos e cumprir as tarefas pessoais do dia a dia.

Por isso é importante considerar o quanto a variação do período não dedicado às entregas influencia a geração de renda, uma vez que esta depende diretamente do tempo em que eles estão efetivamente fazendo entregas. 

Quanto um entregador ganha por hora e por mês

Ao estimar o valor bruto recebido por hora trabalhada, o Cebrap chegou a uma média de R$ 23. E também fez estimativas de ganhos mensais, descontando os custos médios declarados pelos entregadores para manutenção da moto.

Se levarmos em conta a jornada média mais comum entre os entregadores —a de 20 horas por semana—, sua remuneração líquida varia de R$ 807 (considerando 30% de tempo ocioso) a R$ 1.325 (sem ociosidade), segundo a pesquisa.

Mas, ao fazer um cálculo para 40 horas semanais, aproximando-se da jornada definida pela CLT (Consolidação das Leis do Trabalho), os ganhos líquidos dos entregadores variam de R$ 1.980 a R$ 3.039 —com 30% e zero ociosidade, respectivamente.

Nos dois cenários que consideram a jornada que mais se assemelha à de trabalhadores com carteira assinada, a renda mensal fica acima do salário mínimo, que era de R$ 1.212 no momento em que a pesquisa foi feita.

Ganhos acima de quem tem a mesma escolaridade

Para efeito de comparação, a média salarial de quem tem ensino médio completo —como 59% dos entregadores cujo único trabalho vem dos aplicativos— é de R$ 1.812, de acordo com a PNAD (Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios).

“O nível de ganho proporcionado pelos aplicativos tende a ser maior do que o nível médio de ganhos para trabalhadores com a mesma escolaridade na PNAD Contínua”, aponta a pesquisa do Cebrap.

A pesquisa também mostra que 70% dos entregadores afirmam receber entre 1 e 3 salários mínimos, ou seja, entre R$ 1.212 e R$ 3.636 em 2022.

Como o dado acima se refere à renda declarada pelos entrevistados, o estudo conclui que “a proporção de trabalhadores com baixas remunerações tanto entre exclusivos quanto entre aqueles que têm os apps como atividade complementar a outros trabalhos, pode estar associada a jornadas de trabalho muito pequenas, nas quais o entrevistado se dedica apenas algumas horas por semana”.

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