Como a inteligência artificial potencializa a criatividade

A criatividade humana pode se expandir ainda mais com uma ajuda da inteligência artificial —e aqui vão três exemplos reais de como isso já está acontecendo.

Quem disse que seres humanos não podem ter o computador como parceiros criativos?

Será que um computador daria uma boa dupla para quem busca parceiros para expandir sua criatividade? Com o uso de inteligência artificial (ou IA), sim, aponta Sandor Tucakov Caetano, chief data scientist do iFood.

Isso porque a inteligência artificial é um jeito diferente de programar um computador para fazer algumas tarefas que consideramos inteligentes, como ler, escrever ou reconhecer uma pessoa, explica o especialista.

Em vez de fazer a máquina obedecer a um código de programação, a ideia é criar programas que sejam capazes de analisar um grande volume de dados para resolver os problemas ou desafios que são propostos. “A gente diz à máquina como ela tem que aprender, e não o que ela deve aprender”, conta Sandor.

Ele dá um exemplo: passar milhares de fotos de gatos para a inteligência artificial quebrar em números e, assim, aprender a reconhecer uma imagem de gato por semelhança. Se alimentada com textos, a máquina também pode prever qual palavra geralmente vem depois de outra e, assim, escrever uma frase inteira.

Mas ainda há limites. “Ser capaz de escrever não significa que ele entenda o que está fazendo”, pondera Sandor. Daí a importância de combinar talentos: a máquina cumpre tarefas repetitivas e analisa um volume gigantesco de dados e os humanos dão o toque qualitativo. “Trabalhar com a inteligência artificial é uma oportunidade que temos de poder usar a nossa criatividade ao extremo”, diz Sandor.

Quer saber como? Ele destaca três casos em que essa parceria já vem rendendo frutos:

Desafio de improvisação

Em Londres, uma trupe de atores sobe ao palco para fazer comédia de improvisação de com um colega diferente no Improbotics. Um chatbot com inteligência artificial manda frases para os comediantes via fone de ouvido e eles têm que se virar para fazer o público rir com o que foi proposto pela máquina.

Enquanto isso, atrás do palco, um operador digita frases e manda para o chatbot, que em troca gera novas sentenças para os improvisadores criarem seu show na frente do público (que não sabe qual dos comediantes está recebendo as frases do chatbot). Até o host do show é um robô, que também usa inteligência artificial para interagir com os atores. “O computador gera o mote, mas alguém precisa dar sentido e emoção ao texto”, comenta Sandor.

Uma nova receita de whisky

Para inovar nos sabores de whisky, a destilaria sueca Macmyra resolveu explorar a inteligência artificial. A marca criou um banco de dados com todas as suas receitas (incluindo as premiadas), números de vendas e preferências dos consumidores. Com essas informações, a inteligência artificial foi usada para fazer as melhores combinações e sugerir novas receitas levando em conta o gosto do público e os barris que estavam à disposição da destilaria.

Depois de gerar mais de 70 milhões de receitas, a inteligência artificial previu as que seriam mais populares e de melhor qualidade e chegou a algumas finalistas, que passaram pela curadoria e pela prova da master blender Angela D’Orazio, que supervisionou todo o processo. Assim surgiu o single malt Intelligens, que teve uma nota acima da média do portfólio da empresa, aponta Sandor. “A receita foi criada por inteligência artificial, mas ainda aproveitamos a expertise e o conhecimento humanos, especialmente no aspecto sensorial, que nunca poderá ser substituído por um programa”, afirma Angela.

Um jogo, várias histórias

No AI Dungeon, a aventura dos jogadores é cocriada com a inteligência artificial do jogo. Depois de escolher um cenário e um personagem para jogar online, os jogadores interagem com essa IA. A cada passo da história, é preciso tomar decisões, que são digitadas no computador. O programa lê a ação e propõe uma continuação para a história.

Dessa forma, cada pessoa cria uma aventura única em parceria com as sugestões da inteligência artificial, que usa as informações que recebe para propor novos desafios. “As narrativas acabam sendo tão legais que estão inspirando escritores a escreverem suas próprias histórias”, conta Sandor. “Esse é um exemplo de modelo de processamento de linguagem natural no qual a IA usa as informações para sugerir um novo texto.”

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