Rafael Ribeiro, head de operações da Bossa Nova, analisa o crescimento de investimentos em startups no país e explica o que fazer para ser notado
O Brasil tem, no momento em que esse texto é publicado, 21.651 startups (dados da Startupbase). Boa parte delas ainda esperando por um investimento para crescer e se firmar.
A concorrência é grande, mas existem duas boas notícias. No ano passado, o investimento em startups nacionais mais do que dobrou em relação a 2020, como mostram os dados da plataforma Distrito. Segundo matéria da Folha de S. Paulo, foram US $9,4 bilhões injetados no mercado brasileiro de inovação. Na última década, apenas o ano de 2016 registrou uma queda de investimentos.
A outra boa notícia é que o mercado está longe de estar saturado. Afinal há oportunidades em diferentes ramos de atuação. “Por exemplo, o agronegócio, que movimenta hoje entre 25 a 30% do PIB do Brasil. O último mapeamento feito pela Associação Brasileira de Startups identificou 300 startups no setor. A gente teria que ter um número muito maior”, disse Rafael Ribeiro, head de operações da Bossa Nova Investimentos ao iFood News.
Rafael Ribeiro já foi empreendedor e hoje é mentor de startups. Ele também é investidor e sabe bem como funciona a mente de quem resolveu apostar em um negócio que é de alto risco e ao mesmo tempo de alta rentabilidade se a escolha for certeira.
Ele estará no Bossa Summit, evento que reúne, entre os dias 6 e 7 de abril, fundos de Venture Capital, investidores anjos do Brasil, empreendedores e startups e que tem o patrocínio do iFood. Lá, a sua apresentação será sobre como funciona a mente de um investidor. Confira algumas pistas que ele deu pra gente.
O que fazer para entrar na mente do investidor.
Conquiste com números
Quando você busca um investimento, você busca um relacionamento. Para conquistar o investidor é preciso paciência (não vai ser de uma hora para outra) e transparência. “É muito importante deixar claro seus números e seus dados”, disse o mentor de startup.
Mostre as pessoas
A dedicação do empreendedor e do time contam. Afinal, se quem busca o investimento não está 100% comprometido, por que o investidor estaria?
Explique o mercado
Qual é o tamanho desse mercado? Onde se quer chegar com essa ideia? É uma ideia disruptiva, inovadora?
Sua ideia foi validada, certo?
O investidor quer entender como é que a ideia foi validada. “Quais são os dados e as informações que comprovam o que você está mostrando?”, aconselha Rafael Ribeiro.
Tecnologia para escalar
Aqui o investidor vai querer entender como é a construção da tecnologia do que foi implementado para mostrar o poder de escalabilidade. “Se eu colocar aqui R $100, R $200 mil com esse time, com essa validação, com essa tecnologia, com esse MVP, vai ser possível entregar? Vai ser possível escalar?”, explicou o investidor.
Leia a entrevista completa do Rafael Ribeiro ao iFood News.
Dados da plataforma Distrito, publicados pelo jornal Folha de S. Paulo, mostram que o investimento em startups do Brasil mais que dobrou em 2021 em relação a 2020, chegando a US $9,4 bilhões. Ao que se deve isso?
A pandemia mostrou que, de fato, as startups são um dos motores da economia do país e o quanto é importante o mercado de inovação.
As grandes empresas, os grandes investidores de mercado, acostumados a investir em negócios tradicionais, do dia para a noite e se viram em um mundo bem diferente. As pessoas tiveram que se adaptar a isso com ferramentas, uma nova cultura, e aí eu acho que foi o grande boom de uma série de empresas de inovação.
Na educação, por exemplo. Uma série de startups que antes tinham dificuldade de ser contratada pelos grandes sistemas de ensino acabaram ganhando uma velocidade nessas contratações absurdas. Aquele famoso contrato que está no fundo da gaveta e de repente ele se torna prioridade.
E você acha que isso continua esse ano?
Dados da Associação Brasileira de Startups mostram que a gente partiu de 3 mil startups para 15 mil em todo o país. Isso demonstra que cada vez mais a gente tem pensado em empreendedorismo, inovação, tecnologia e pensado em disrupção de mercado.
Eu enxergo nos próximos anos um crescimento absurdo, exponencial numa série de áreas que as startups podem disromper. Por exemplo, o agronegócio, que movimenta hoje entre 25 a 30% do PiB do Brasil. O último mapeamento identificou 300 startups no setor. A gente teria que ter um número muito maior.
Além do agronegócio, quais outras áreas têm espaço para crescimento?
Vou destacar cinco: agronegócio, saúde, educação, indústria 4.0 e seguros.
E ainda tem um outro setor que com certeza a gente vai ver evoluindo muito, que é o setor de cibersegurança. Com a lei da LGPD, com certeza a gente vai ver muita coisa interessante aí ainda.
Então essas seriam as grandes áreas para se apostar e, quem sabe, conseguir um investimento?
Acho que tem muitas outras coisas. Se você pensar no mercado de food tech, a gente tem muita coisa ainda para crescer. A gente sabe que ainda existem soluções que podem ser criadas para resolver problemas que hoje o iFood, por exemplo, não cobre, e que podem ser desenvolvidas e depois adquiridas pelo iFood, por exemplo. Há muita oportunidade para ser explorada.
Você é mentor de startups e imagino que cheguem muitas perguntas sobre como conseguir um investimento. O que você fala para eles?
Nesse processo, a gente sempre orienta muito quais são as métricas e as informações que ele deve apresentar porque a maioria dos fundos estão concentrados em uma região de São Paulo. Como uma startup de Manaus, por exemplo, vai conseguir destaque por meio do formulário que vai ser entregue para um analista?
A gente acaba orientando muitos empreendedores a trazer os dados e as informações que chamam atenção desses analistas para que ele tenha oportunidade de conversa com quem vai investir.
Quais informações?
É preciso apresentar informações sólidas e coesas, ou seja, os principais KPIs financeiros, KPIs de vendas de forma clara e sucinta, os KPIs da empresa dele de uma forma bem explicativa, construir um bom DRE (Demonstrativo do Resultado de Exercício). Isso serve para mostrar ao analista que se trata de um empreendedor maduro.
E como é que funciona a mente do investidor. O que ele analisa na hora de decidir que vai colocar dinheiro?
Resumindo: É ter um bom relacionamento, um bom time para executor, ter uma boa validação, estar com um bom MVP, uma boa tecnologia e com os KPIS bem apresentados.
Bossa Summit
O Bossa Summit é um evento inédito que reunirá em São Paulo os principais fundos de Venture Capital e investidores anjos do Brasil para se relacionar com empreendedores e startups. É um movimento para acelerar o mercado de investimentos em startups no Brasil conectando e capacitando o ecossistema. O iFood é um dos patrocinadores do evento.
Quando: 6 e 7 de abril
Onde: ARCA – Av. Manuel Bandeira, 360, Vila Leopoldina, São Paulo, SP
Ingressos: Você pode ter um desconto de 20% na compra dos ingressos por esse link: https://www.sympla.com.br/evento/bossa-summit-06-e-07-de-abril/1456108?d=ifood20 Para mais informações, visite o site oficial em https://bossasummit.com.br/