Esses minicomputadores são usados no rosto e ajudam a interagir com imagens virtuais no mundo real
No futuro, uma aula de anatomia pode não ter mais bisturi —os estudantes vão explorar os órgãos do corpo humano em imagens 3D, usando as mãos para ampliar o que estão vendo e clicar em um ícone para ter mais informações. E os games podem ficar mais assustadores, com zumbis saindo bem de trás do seu sofá.
Essas são algumas das promessas da realidade aumentada, a tecnologia que nos permite visualizar imagens virtuais e interagir com elas. Mas, para que tudo isso se materialize diante dos nossos olhos, precisamos da ajuda de um dispositivo eletrônico.
O mais comum, hoje, é usar o smartphone. Mas em pouco tempo mais gente terá acesso ao headset de realidade aumentada —uma mistura de óculos e computador que nos permite ver imagens virtuais sendo sobrepostas a um ambiente real.
Esse tipo de headset é como se fosse um minicomputador. Equipado com câmera, visor e sensores de movimento, ele permite visualizar elementos virtuais, como números, gráficos e imagens em 3D, sobre um pano de fundo real, ou o ambiente onde estamos. Os sensores acompanham o movimento das mãos e dos olhos para que possamos interagir com essas imagens de maneira realista.
Em geral, eles funcionam assim: a câmera captura imagens do ambiente onde estamos e identifica onde dá para sobrepor as imagens usando marcadores ou rastreadores como infravermelho, laser, GPS ou sensores. Quando esse ponto é determinado, a imagem virtual é sobreposta ao ambiente real, e podemos visualizá-la no visor do headset, que também nos permite enxergar o espaço físico de verdade ao nosso redor.
Alguns headsets são bem leves. O Google Glass Enterprise Edition 2, por exemplo, usa uma armação de óculos como suporte para uma pequena tela e uma câmera na parte superior da lente direita. É nessa tela que as imagens aparecem —em geral instruções e informações que vêm sendo usadas por profissionais de áreas como logística e indústria automobilística.
Na DHL, por exemplo, os funcionários usam esses óculos assim: na hora de retirar os pacotes dos pedidos do galpão logístico, eles recebem as instruções via óculos, bem na linha de visão. Com isso, suas mãos não ficam mais ocupadas segurando o papel para localizar os pacotes (nem com o scanner de mão, pois essa função também migrou para os óculos especiais).
Já na fábrica da GE, os óculos usam a realidade aumentada para mostrar as instruções das tarefas que os funcionários da fábrica devem realizar. Na telinha, aparece o conteúdo dos manuais da marca, assim os trabalhadores ficam com as duas mãos livres enquanto trabalham. Eles podem até ver vídeos para se informar melhor sobre o que fazer. Com isso, eles estão montando turbinas de avião 16% mais rapidamente do que sem o headset de realidade aumentada.
Outros headsets são mais parrudos, como o HoloLens, da Microsoft, que permite visualizar imagens maiores e interagir com elas. Sua tela é maior, cobrindo toda a superfície da lente, que se parece com a proteção de olhos de um capacete, e ele é equipado com sensores, microfone e com a bateria que faz tudo isso funcionar.
Esse, sim, se parece mais com um computador a ser usado na cabeça. Como o aparelho também rastreia o movimento das mãos, quem usa pode tocar nos hologramas visualizados e mudá-los de lugar, como se fossem objetos de verdade. O foco da visão também é rastreado para adaptar os hologramas ao olhar dos usuários. E, com o mapeamento espacial, é possível colocar o objeto virtual onde queremos no ambiente real.
O headset já está sendo usado, por exemplo, pela Toyota, no treinamento dos profissionais que trabalham na linha de montagem. Usando o HoloLens, eles acessam os conteúdos em 3D e interagem com as projeções de peças e ferramentas. Em algumas universidades, os headsets são usados para que os alunos aprendam vendo imagens em 3D —da aula de anatomia à de geografia.
A Meta (novo nome do Facebook) já está testando tecnologias para transformar seu Oculus para a realidade aumentada, tanto para jogos como para interações sociais e corporativas. Agora, a próxima a entrar nesse mercado deve ser a Apple. Especula-se que a marca deva lançar um robusto óculos de realidade aumentada em um futuro próximo. Será?