Com o avanço da automação, máquinas poderão eliminar até 58,1% dos empregos no Brasil em um período de 10 a 20 anos, aponta um estudo feito por pesquisadores brasileiros usando um modelo da Universidade de Oxford (Reino Unido) adaptado para o nosso mercado de trabalho, informa a BBC Brasil. O trabalho foi publicado em 2022 no periódico especializado Nova Economia.
O estudo leva em conta tanto as ocupações com carteira assinada como as informais. E mostra que os trabalhadores que atuam na informalidade serão os mais prejudicados. Segundo os pesquisadores, a automação das atividades deve substituir 62% dos profissionais no mercado informal de trabalho e 55% no formal.
Eles ressaltam, porém, que a perda líquida desses empregos no Brasil deve ficar abaixo dessa estimativa, pois ela parte do pressuposto de que as máquinas tomarão os postos de todos os trabalhadores humanos que elas são tecnicamente capazes de substituir.
“No entanto, a eliminação efetiva desses empregos depende de outras questões, como condições econômicas e decisões políticas”, explicam os pesquisadores. “Além disso, existe a possibilidade de geração de empregos, considerando que algumas ocupações são complementares, e não substituíveis, por novas tecnologias.”
Mais do que acertar esse número, o objetivo do estudo, segundo os autores, é ser um indicador de quais empregos têm maior probabilidade de ser eliminados, uma vez que as atividades poderão ser realizadas pelas máquinas. Dessa forma, os resultados podem ser um ponto de partida para a discussão de como evitar esse tipo de perda de empregos no futuro.
A taxa de empregos “em risco”, no Brasil, é menor do que a de outros países da América do Sul, como Argentina (64,6%), Paraguai (63,7%) e Uruguai (63%). E bem semelhante à de países europeus como Portugal (59%) e Croácia (58%) —as menores taxas do continente pertencem à Suécia (47%), ao Reino Unido (47%) e à Holanda (49%).
As 10 ocupações com maior chance de automação
Digitadores – 99%
Profissionais de nível médio de Direito e afins (assistente) – 99%
Agentes de seguros – 99%
Operadores de máquinas para fabricar equipamentos fotográficos – 99%
Vendedores por telefone – 99%
Despachantes aduaneiros – 99%
Contabilistas e guarda livros – 98%
Secretários jurídicos – 98%
Condutores de automóveis, táxis e caminhonetes – 98%
Balconistas e vendedores de lojas – 98%
E as 10 com menor chance de automação
Nutricionistas – 0.4%
Gerentes de hotéis – 0.4%
Especialistas em métodos pedagógicos – 0.4%
Médicos especialistas – 0.4%
Médicos gerais – 0.4%
Fonoaudiólogos e logopedistas – 0.5%
Trabalhadores do sexo – 0.6%
Gestores de serviços de bem-estar social – 0.7%
Psicólogos – 0.7%
Gestores de serviços de educação – 0.7%
