Economia criativa cresce na pandemia —e setor tech também

Criação de vagas em biotecnologia e tecnologia da informação fica acima da média do setor, aponta estudo da Firjan

A economia criativa cresceu, ainda que de forma tímida, no início da pandemia, e o setor de tecnologia teve destaque entre os demais segmentos analisados, como consumo (design, arquitetura, moda, publicidade e marketing), mídia (editorial e audiovisual) e cultura (patrimônio e artes, música, artes cênicas e expressões culturais).

Em 2020, a indústria criativa gerou 935 mil empregos, 11,7% a mais do que em 2017 —mas uma alta de apenas 1,8% em relação a 2019, aponta o Mapeamento da Economia Criativa 2022, elaborado pela Firjan (Federação das Indústrias do Estado do Rio de Janeiro).

Esse balanço aponta que as áreas de consumo e tecnologia (que inclui pesquisa e desenvolvimento, biotecnologia e tecnologia da informação) criaram empregos, enquanto os setores de cultura e mídia recuaram.

Juntas, as áreas de consumo e tecnologia concentram 85% dos empregos da indústria criativa. Entre 2017 e 2020, o aumento de vínculos empregatícios foi de 20% em consumo e de 12,8% em tecnologia —com destaque para os segmentos de TI (18,5%) e biotecnologia (22,7%).

Segundo o mapeamento, as atividades que mais abriram novas vagas em tecnologia foram as de Bioengenharia (+426,1%), Biomedicina (+78,3%), Engenharia na área de TIC – Tecnologia da Informação e Comunicação  (+26,4%), Gerência de tecnologia da informação (+21,2%) e Programação (+15,8%).

“A emergência sanitária da Covid-19 reforça esses vetores de duas formas: de um lado, aumenta a demanda por digitalização (home office, reuniões virtuais, sistema em nuvem) e, de outro, lança luz nos setores ligados à pesquisa em medicina e em saúde pública”, aponta o documento.

O tamanho do PIB Criativo

A Firjan estima que o PIB Criativo tenha chegado a R$ 217,4 bilhões em 2020. Com isso, a economia criativa passou a representar 2,9% do PIB (Produto Interno Bruto) brasileiro, o maior valor observado desde o início da série, em 2004. Essa participação se iguala à da construção civil e ultrapassa a do setor de extrativismo mineral. 

Em relação a 2019, o PIB criativo recuou 0,8%, mas teve queda menor que a do PIB do país (-3,6%). “A performance econômica da indústria criativa tem sido melhor do que aquela observada para a economia como um todo. Mesmo diante da crise econômica mundial de 2020, verifica-se uma elevação da participação da indústria criativa no PIB brasileiro, o que denota a resiliência, em média, desse setor”, relata o mapeamento.

O estudo realizado pela Firjan mostra que, em geral, os salários em economia criativa (R$ 6.900) são 2,4 vezes superiores à média do mercado (R$ 2.900). Apesar de maior, a remuneração, na maioria dos segmentos, diminuiu em relação a 2017. “Entre 2017 e 2019 houve redução na remuneração de todas as áreas criativas e de 11 dos 13 segmentos. Isso reforça que de fato há uma tendência de redução da renda”, destaca a Firjan.

No setor de tecnologia, a queda dos salários foi de 11,3%, e a média ficou em R$ 9.548. Nessa área, os profissionais mais bem remunerados são geólogos e geofísicos (R$ 16.100), gerentes de pesquisa e desenvolvimento e afins (R$ 14.600) e pesquisadores em geral em biotecnologia (R$ 12.000).

As 10 profissões criativas em alta

O levantamento também mostra quais são as profissões que mais geraram empregos entre 2017 e 2020:

  • Analistas de negócios (Publicidade e Marketing)
  • Analistas de pesquisa de mercado (Publicidade e Marketing)
  • Programadores/Desenvolvedores (TIC)
  • Biomédicos (Biotecnologia)
  • Visual Merchandisers (Publicidade e Marketing)
  • Gerentes de tecnologia da informação (TIC)
  • Designers (Design)
  • Pesquisadores em geral (P&D)
  • Gerentes de marketing (Publicidade e Marketing)
  • Engenheiros da área de P&D (P&D)

Retração em cultura e mídia

O mapeamento também mostra que as áreas de cultura e mídias tiveram retração econômica entre 2017 e 2019. A primeira foi impactada tanto pela pandemia como por mudanças nas leis de incentivo à cultura. O setor, que havia experimentado um aumento no número de empregos entre 2017 e 2019, viu uma queda considerável entre 2019 e 2020: mais de 8 mil vagas fechadas. 

Já em mídia, a queda tem sido constante. Em 2017, o segmento contabilizava 95,5 mil empregos; em 2019, eram 92,5 mil, e no primeiro ano da pandemia o número caiu para 85,3 mil —uma retração de 10,7% em todo esse período. 

“A ascensão de novas tecnologias de comunicação e mídia, bem como diferentes formas de disseminação de conteúdo, tem provocado mudanças estruturais na distribuição ocupacional dos profissionais que atuam na área”, explica a Firjan.

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