Inovação aberta: 3 ações que as startups devem fazer para se conectar às grandes empresas

Amanda Graciano, economista e mentora no Cubo Itaú, fala sobre a importância da inovação aberta para o ecossistema de inovação. Confira a entrevista

Toda startup quer ver seu negócio crescer, ganhar escala, vender, ser conhecida e ser vista. Não é só com o esforço próprio que esse objetivo poderá ser atingido. Uma alternativa para chegar lá é a inovação aberta.

A inovação aberta é uma espécie de simbiose que acontece no mundo dos negócios. De um lado existe alguém que tem um problema que precisa ser resolvido — e talvez não reúna todas as condições para isso. Do outro lado, um outro alguém que já tem um bom caminho andado com a solução para o problema em questão.

Esse match pode dar jogo. “Como em todos os mercados, o relacionamento em inovação vai ser importante”, disse ao iFood News Amanda Graciano, economista, mentora de startups e especialista em inovação e transformação digital.

A Amanda é uma das participantes do Bossa Summit, evento que reúne, entre os dias 6 e 7 de abril, fundos de Venture Capital, investidores anjos do Brasil, empreendedores e startups e que tem o patrocínio do iFood.

Na entrevista, a especialista fala sobre a importância da inovação aberta para o ecossistema de inovação, a possibilidade de coexistência entre os modelos aberto e fechado e como é feito esse processo de aproximação e fortalecimento de relação entre startups e grandes empresas.

IFN: Em que momento a inovação deixou de ser algo guardado a muitas chaves e passou a ser algo aberto e compartilhado?

AG:  No momento em que a tecnologia passa a fazer parte dos negócios, essa lógica da inovação aberta, em que você vai ter estímulos internos e externos e não necessariamente é a grande companhia quem detém o conhecimento ou a tecnologia, passa a conviver com a da inovação fechada.

Como é que eu vou chegar mais rápido? Como é que eu vou ser a companhia que vai entregar o melhor produto e serviço? Muitas vezes as respostas para essas perguntas vão passar por um processo de inovação mais ou menos estruturado. E quando a gente fala em inovação, não tem certo ou errado. Tem o que eu consigo ou não fazer.

IFN: Então isso significa que não existe um tipo de inovação melhor?

AG: Não, eu sinto que as duas partes precisam coexistir. Se só existe a inovação aberta, você está deixando de olhar para o core, e é ele que dá a grana. Então as vezes só olhar para inovação aberta como se fosse a bola de prata, é errado. É preciso encontrar um meio termo.

E elas vão ter práticas e coisas diferentes. A inovação aberta é quase questionar o status quo daquela companhia. A inovação fechada é você usar o jeito daquela companhia trabalhar para criar coisas novas.

Aqui não tem certo ou errado.

IFN: Qual é a importância da inovação aberta para o ecossistema da inovação? Tanto olhando pelo lado da startup como da empresa. É uma espécie de simbiose? Alguém sai ganhando mais?

AG: Não deveria sair ganhando mais não. Qualquer lugar fora disso, acho que a relação está desbalanceada.

Todo mundo ganha. É um ganha-ganha, na verdade, três ganhas. Porque o ecossistema acaba ganhando quando surgem novos negócios, quando essas empresas crescem têm uma geração de emprego muito grande e isso também é importante.

Tem coisas que quem está na startup não está vendo no mercado. Ao mesmo tempo, quem está em uma grande corporação está vendo o mercado se movimentar, mas como as mudanças lá dentro são muito complexas, às vezes é difícil aquela pessoa promover a mudança que ela quer. E aí, num projeto de inovação aberta, menor, com menos pressão, essa pessoa vê que movimentações são possíveis.

IFN: Como se dá o processo de inovação aberta? Quem procura quem?

AG: Acontece tudo junto e misturado. Você vai ter uma organização que ela precisa inovar, precisa olhar para outros mercados e ela quer se conectar com startups. E ela precisa fazer isso porque no longo prazo o mercado muda.

Do outro lado, você vai ter negócios que estão surgindo, precisam vender, aumentar sua receita, mais canais, validar de fato que o que eles estão entregando, se isso faz sentido pro mercado.

É a tal da etapa da relação: se você consegue me ajudar a crescer, a gente vai se relacionar. Se você consegue me ajudar a vender, a gente quer se relacionar.

IFN: Como é que uma startup se conecta com essas empresas para fazer negócio? Como é que se dá essa conexão com como é que, enfim? Como é que a startup dá esse passo?

AG: No fim é tudo um dever de casa e como em todos os mercados, o relacionamento aqui vai ser importante.

Uma coisa que o time fundador precisa entender é a dinâmica da corporação que eles querem se relacionar. E muda, né? A cultura organizacional é diferente porque são pessoas diferentes, em empresas diferentes.

O segundo ponto é: assim como as startups deveriam estudar os fundos e os investidores de quem eles querem receber dinheiro, as startups também precisam entender e estudar as corporações com quem eles querem se relacionar.

Principalmente se forem iniciativas de um projeto de inovação aberta. Se for uma relação cliente e fornecedor, talvez seja um pouquinho mais simples. Mas eu sinto que, no geral, a gente deveria fazer sempre o dever de casa. E aí nessas horas eles pecam.

Porque é comum as pessoas olharem e acharem que os programas de inovação aberta são 100% padrão, todo mundo fazendo a mesma coisa e às vezes não é.

E um terceiro ponto para ajudar a startup é elas terem muita clareza do estágio que eles estão e tentar entender o estágio que aquela organização está e o estágio de maturidade de inovação.

Porque às vezes não vai ser um contrato comercial, mas aquela companhia tem a capacidade de te abrir portas, aquela companhia pode te posicionar no mercado. Às vezes essas coisas ficam lá em quinto plano porque se está muito desesperado pensando “vou vender, vou fechar um projeto” sendo que na verdade existem muitas outras oportunidades.

Bossa Summit

O Bossa Summit é um evento inédito que reunirá em São Paulo os principais fundos de Venture Capital e investidores anjos do Brasil para se relacionar com empreendedores e startups. É um movimento para acelerar o mercado de investimentos em startups no Brasil conectando e capacitando o ecossistema. O iFood é um dos patrocinadores do evento.

Quando: 6 e 7 de abril

Onde: ARCA – Av. Manuel Bandeira, 360, Vila Leopoldina, São Paulo, SP

Ingresso e mais informações: Visite o site oficial em https://bossasummit.com.br/

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