Mulheres buscam novo protagonismo em tecnologia

Em um segmento em que já foram maioria, elas hoje encontram novas possibilidades de inclusão em programas de formação que valorizam a diversidade

Quando se fala em diversidade no mercado de trabalho, o segmento de tecnologia merece uma análise mais cuidadosa. Afinal, o setor ficou estigmatizado como um reduto de profissionais masculinos. Nem sempre, porém, foi assim.

Segundo levantamento da Rocketseat, startup especializada em formação profissional, as mulheres compõem hoje apenas 20% da força de trabalho na área de TI. Ao observarmos o universo de desenvolvedores, o percentual é ainda menor: só 12%.

Porém, quando analisamos alguns dados históricos recentes, constatamos que os homens já foram minoria no mundo da tecnologia. Duvida? A começar pela atividade de programação. Os algoritmos, que hoje são a base do universo digital, tiveram origem nos cálculos de uma matemática:| Ada Lovelace. Ainda no século 19, Ada escreveu o primeiro algoritmo para ser processado por uma máquina, a máquina analítica de Charles Babbage, ficando conhecida como a primeira programadora da história. 

Pioneirismo feminino

Outra curiosidade: nos anos 1970, as mulheres eram maioria nos cursos de Ciência da Computação. No Instituto de Matemática e Estatística da USP (Universidade de São Paulo), elas somavam 70% do total de estudantes.

Esse panorama começou a mudar na década seguinte. Nos anos 1980, o computador passou a ser um equipamento menos associado à função de secretariado, como era antes. Tornou-se muito mais uma máquina de uso pessoal e passou a ser muito vinculada ao universo dos jogos eletrônicos, então considerado um meio de predominância masculina.

Desafios do presente

Dando um salto para o presente, notamos que a computação, e em particular o campo das análises de dados, assumiram o protagonismo estratégico em todos os setores de negócio. E também ganharam destaque em diferentes áreas de atuação profissional.

Seja em marketing, finanças, medicina ou direito, a tecnologia é fundamental para atender às demandas da sociedade e avançar em novas descobertas. Dessa maneira, ampliam-se as oportunidades de trabalho para o profissional de TI.

Em paralelo, cresce o desafio de qualificar pessoas para esse mercado. De acordo com a Brasscom (Associação das Empresas de Tecnologia da Informação e Comunicação e de Tecnologias Digitais), até 2025 deverão ser criadas quase 800 mil novas vagas de trabalho na área de tecnologia no Brasil, com um déficit anual de 106 mil profissionais, somando em cinco anos uma falta de 530 mil pessoas para atender às oportunidades disponíveis.

Programas de formação

Muitas empresas, então, procuram criar projetos próprios de formação desses especialistas. Alguns deles tentam, inclusive, diminuir a disparidade entre gêneros no processo de desenvolvimento de talentos.

Um exemplo é o Oracle Next Education (ONE), programa de bolsas da Oracle para a formação de mulheres em tecnologia.

É um caminho necessário para mudar perfis como o apontado pela iniciativa PretaLab, plataforma que conecta mulheres negras à tecnologia. Levantamento da hub de talentos mostra que as mulheres negras ocupam somente 11% dos cargos nas empresas de Tecnologia no Brasil.

A expectativa é que ações que promovam a diversidade e a inclusão entre os profissionais da área possam fazer com que surjam cada vez mais “Adas Lovelaces” que, com seus potenciais devidamente reconhecidos, trabalhem para novas transformações tecnológicas.

Em outubro de 2021, o iFood lançou o Potência Tech. Trata-se de uma plataforma lançada com sete parceiros para oferecer cursos introdutórios, bolsas para cursos de aprofundamento e vagas de emprego para que pessoas com perfis hoje sub-representados no mercado de tecnologia possam se especializar e começar uma nova carreira.

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