Modelo reúne grupos com um propósito em comum e dá todo o poder para a comunidade
Preparados para mais um termo indispensável para entender o futuro no universo digital? Então lá vai: a palavra da vez é DAO, sigla que, em inglês, descreve as “organizações autônomas descentralizadas” (ou Decentralized Autonomous Organizations).
Uma DAO é um tipo de organização na qual um grupo de pessoas que têm um objetivo em comum se reúne (sem uma liderança) e usa a tecnologia blockchain para tomar decisões em conjunto, como investir em uma empresa ou fazer uma vaquinha para comprar NFTs. Para fazer isso, o grupo controla também uma carteira de criptomoedas.
A diferença para organizações tradicionais ou para o crowdfunding é que na DAO todos são donos e gestores do grupo. Para se associar a uma DAO, é preciso adquirir tokens, que são emitidos na blockchain e dão acesso ao conteúdo da organização, direito a voto e outros benefícios. Todas as decisões são tomadas por meio de um sistema de votação baseado nesses tokens, por isso todos têm voz no processo.
Um exemplo: na galeria virtual PleasrDAO, um grupo de artistas digitais, colecionadores de NFTs e investidores de criptomoedas se reuniu para comprar trabalhos artísticos que valem milhões de dólares. Depois de adquirir essas obras como NFTs, todos os membros do grupo são donos delas e decidem como administrar esse acervo. A comunidade vota, por exemplo, se prefere vender as obras ou exibi-las em algum lugar (além de seu site).
As DAOs também poderiam ser usadas no terceiro setor, para criar uma instituição social que aceitasse associações e doações de pessoas em todo o mundo e decidisse, em grupo, como desejaria gastar as doações. Ou para começar um fundo de investimento de risco onde os membros reúnem seu capital e depois votam em quais empreendimentos querem investir, aponta a Ethereum.
Qual é a vantagem da DAO?
A transparência na tomada de decisão é um fator exaltado pelos adeptos da DAO, pois as decisões do grupo são feitas usando tokens, e seus votos são públicos e registrados de maneira permanente na blockchain.
As DAOs também são consideradas mais democráticas do que uma empresa tradicional, porque todo mundo pode votar nas decisões do grupo —e não apenas os executivos e quem faz parte do conselho.
As regras também são claras: a espinha dorsal de uma DAO é seu contrato inteligente, que substitui o papel da autoridade central. Esse contrato é um software que contém as regras da organização e executa uma transação ou um evento desde que estejam em conformidade com essas normas. Os pagamentos, por exemplo, são autorizados automaticamente quando são aprovados em votação, seguindo o código do software.
Segundo o jornal The New York Times, esse ainda é um experimento novo, de um modelo de propriedade radicalmente diferente para acompanhar a próxima fase da internet, a Web 3.0. Por isso, as DAOs ainda podem enfrentar desafios, como problemas de governança e futuras regulações, nos Estados Unidos, que considerem os tokens como se fossem títulos (e assim seria preciso passar pelo mesmo processo burocrático e custoso de registro de uma empresa que vende ações ou títulos).