Logtechs: o que são essas startups e como estão revolucionando a logística no Brasil

Saiba como essas startups agilizam as entregas usando tecnologias como plataformas digitais, inteligência artificial e análise de dados

As logtechs estão se tornando cada vez mais populares no Brasil, graças à expansão do comércio eletrônico e do delivery. Afinal, elas estão comandando uma verdadeira revolução no setor de transportes, entregas e gestão de cadeias de suprimentos

Essas startups unem logística e tecnologia para resolver gargalos históricos no país, como atrasos, altos custos de frete e até mesmo falta de transparência nas operações.

Segundo o último levantamento realizado pela Distrito sobre esse segmento, em 2020 existiam mais de 283 logtechs em operação no país. Confira, a seguir, o que elas fazem e quais soluções oferecem para aumentar a eficiência e a qualidade em soluções logísticas.

O que são logtechs?

Para começar, o termo “logtech” é a junção das palavras “logistics” (logística) e “technology” (tecnologia). Por isso, é usado para descrever startups e empresas que aplicam soluções tecnológicas avançadas para otimizar processos logísticos. 

São empresas que já nascem digitais e têm a tecnologia como seu principal diferencial competitivo, oferecendo plataformas que conectam diferentes atores da cadeia de suprimentos.

Elas são diferentes das empresas de logística tradicionais – que focam principalmente em ativos físicos como frotas e armazéns – por priorizar o desenvolvimento de software, algoritmos inteligentes e plataformas digitais

Ou seja, as logtechs atuam como intermediárias tecnológicas, facilitando a conexão entre embarcadores, transportadores e consumidores finais.

Além disso, enquanto as transportadoras convencionais dependem fortemente de processos manuais e comunicação fragmentada, as logtechs oferecem soluções em nuvem, integração por APIs e análise de dados em tempo real.

Quais são suas principais características?

  • Modelo de negócio escalável baseado em tecnologia;
  • Uso intensivo de dados para tomada de decisões;
  • Automatização de processos manuais;
  • Transparência nas operações;
  • Foco na experiência do usuário. 

Muitas operam no modelo de marketplace, conectando oferta e demanda de serviços logísticos por meio de plataformas digitais.

Como operam as logtechs? 

Esse tipo de empresa funciona como uma plataforma que conecta diferentes elos da cadeia logística (transportadoras, motoristas, embarcadores e clientes) de forma digital e integrada. Para isso, usam tecnologias como Inteligência Artificial (IA), Internet das Coisas (IoT), Big Data e Machine Learning.

Essas ferramentas permitem prever rotas, analisar gargalos operacionais e otimizar custos em tempo real. Uma logtech típica combina modelos de plataforma digital, sistemas de rastreamento, APIs de integração e painéis de controle baseados em dados. Tudo para ter uma operação mais ágil, com menor erro humano e maior previsibilidade.

Além da tecnologia, destacam-se pelo modelo de negócio: muitas atuam como marketplaces, conectando empresas que precisam enviar produtos a transportadores. Por exemplo, uma organização pode acessar a plataforma, inserir detalhes da carga e receber cotações instantâneas de múltiplos transportadores. 

Outras logtechs operam com soluções as a service, oferecendo softwares de gestão de frotas e roteirização sob demanda.

A monetização das logtechs geralmente ocorre por meio de comissões sobre transações realizadas na plataforma, assinaturas de software (SaaS), ou taxas por serviços adicionais como seguro, rastreamento premium ou análises avançadas. 

Esse é, portanto, um modelo que permite escalabilidade sem a necessidade de grandes investimentos em ativos físicos.

Principais tecnologias utilizadas

As startups de logística empregam um arsenal tecnológico sofisticado para resolver problemas logísticos complexos:

  • Inteligência Artificial (IA): utilizada para previsão de demanda, otimização de rotas e análise preditiva de manutenção de frotas;
  • Machine learning: alimenta algoritmos que aprendem padrões de comportamento e melhoram continuamente a eficiência das operações;
  • Internet das Coisas (IoT): permite o monitoramento em tempo real de veículos, cargas e condições ambientais durante o transporte: sensores conectados fornecem dados sobre localização, temperatura, umidade e outros parâmetros críticos, garantindo a qualidade e segurança das mercadorias;
  • Big Data e Analytics: transformam enormes volumes de dados em insights acionáveis, permitindo às empresas tomar decisões mais informadas sobre rotas, preços e estratégias operacionais;
  • Blockchain: garante rastreabilidade, transparência e segurança nas transações e movimentações de carga.

Juntas, essas tecnologias permitem que as logtechs entreguem algo que antes parecia impossível: visibilidade completa e controle total da cadeia logística.

Modelo de plataforma digital

O coração de uma empresa de tecnologia logística é sua plataforma digital, que funciona como um sistema nervoso central conectando todos os participantes do ecossistema logístico

Essas plataformas são projetadas com interfaces intuitivas que permitem aos usuários gerenciar suas operações logísticas de forma simples e eficiente.

A arquitetura geralmente inclui aplicativos móveis para motoristas e operadores de campo, dashboards web para gestores e sistemas de integração via API para conectar com ERPs e outros sistemas corporativos. 

A comunicação em tempo real é fundamental, uma vez que permite atualizações instantâneas sobre status de entregas, mudanças de rota ou problemas operacionais.

A escalabilidade é um aspecto crucial do modelo de plataforma. Essas empresas desenvolvem sistemas capazes de processar milhares de transações simultâneas, gerenciar grandes volumes de dados e suportar o crescimento exponencial da base de usuários sem degradação de performance.

Principais soluções oferecidas pelas logtechs

As empresas de tecnologia logística brasileiras desenvolveram uma ampla gama de soluções para atender diferentes necessidades do mercado logístico. Vão desde a gestão de frotas até sistemas complexos de otimização de cadeias de suprimentos, sempre com foco em eficiência, transparência e redução de custos.

Gestão e otimização de frotas

A gestão inteligente de frotas revoluciona a forma como empresas administram seus veículos e motoristas. Através de dispositivos IoT instalados nos veículos, as startups fornecem monitoramento em tempo real de localização, velocidade, consumo de combustível e comportamento do motorista.

A manutenção preditiva é um diferencial importante, onde sensores monitoram o estado dos componentes do veículo e algoritmos preveem quando será necessária manutenção, evitando quebras inesperadas e otimizando a vida útil dos equipamentos. 

Os sistemas também incluem funcionalidades de gestão de motoristas, com controle de jornada de trabalho, avaliação de performance e programas de gamificação para incentivar boas práticas. 

Por fim, relatórios detalhados permitem aos gestores identificar oportunidades de melhoria e tomar decisões baseadas em dados concretos.

Roteirização inteligente

Os algoritmos de roteirização são uma das tecnologias mais avançadas das empresas de logística digital. Seu papel é processar milhares de variáveis simultaneamente para encontrar as rotas mais eficientes. 

Para isso, esses sistemas consideram fatores como distância, tempo de viagem, restrições de trânsito, capacidade dos veículos e preferências dos clientes. 

Além disso, adaptam-se em tempo real, ou seja, ajustam automaticamente as rotas com base nas condições de trânsito, cancelamentos de pedidos ou urgências de última hora. 

Com machine learning, as logtechs podem melhorar continuamente a precisão das previsões, aprendendo com dados históricos e padrões sazonais. Isso viabiliza previsões mais precisas de tempo de entrega e melhor planejamento de recursos, aumentando a satisfação do cliente e a eficiência operacional.

Marketplace de transporte

O modelo de marketplace conecta embarcadores que precisam transportar mercadorias com transportadores que possuem capacidade disponível. Dessa forma, aumentam a eficiência, reduzem custos e melhoram a utilização de ativos logísticos.

Aqui, a transparência de preços se destaca: as cotações são apresentadas de forma clara e competitiva, permitindo aos embarcadores escolher a melhor opção baseada em preço, prazo e qualidade de serviço. Sistemas de avaliação e rating ajudam a manter padrões de qualidade elevados.

Usar uma plataforma facilita toda a gestão do processo – desde a negociação inicial até o pagamento final, incluindo documentação eletrônica, rastreamento em tempo real e resolução de disputas. Com essa automação, reduz-se significativamente o tempo e esforço necessários para contratar serviços de transporte.

Exemplos de logtechs brasileiras

O Brasil se tornou um dos principais polos de logtechs na América Latina, com empresas que já são referência internacional. Entre as mais conhecidas estão CargoX, Loggi, Intelipost e Mandaê – todas com soluções distintas, mas com o mesmo propósito: reinventar a logística.

CargoX – Marketplace de Frete

Foi uma das primeiras logtechs do país a operar como um marketplace de frete. Fundada em 2013, conecta empresas a caminhoneiros autônomos, otimizando o transporte de cargas e reduzindo o tempo ocioso.

A plataforma permite que empresas publiquem suas demandas de frete e recebam propostas de transportadores verificados em tempo real. E tem funcionalidades como rastreamento GPS, gestão de documentos digitais e sistema de pagamento integrado.

Intelipost – gestão de entregas

A Intelipost especializou-se em soluções de gestão de entregas para e-commerce. Sua plataforma integra múltiplas transportadoras e automatiza processos de cotação, rastreamento e pós-venda. A empresa atende principalmente lojistas online que precisam de flexibilidade e controle sobre suas operações de entrega.

A tecnologia da Intelipost inclui cálculo inteligente de frete, estimativas precisas de prazo de entrega e sistema de rastreamento unificado que funciona independentemente da transportadora escolhida. 

Com ferramentas de análise e painéis customizáveis, a startup permite que empresas monitorem performance e reduzam custos logísticos, aumentando a eficiência das operações de varejo digital.

Mandaê: gateway de frete

Oferece soluções completas de envio e logística para o e-commerce, com foco em pequenas e médias empresas. Atuando como um gateway de frete, a empresa conecta lojas virtuais a diversas transportadoras em um único sistema, permitindo acesso a melhores prazos, custos e cobertura de entrega. 

A plataforma da Mandaê integra coleta, empacotamento, roteirização, envio e rastreamento de pedidos, tudo em um painel digital simples e integrado aos principais sistemas de e-commerce e ERPs.

Sua tecnologia utiliza algoritmos que selecionam automaticamente a melhor transportadora para cada encomenda, considerando fatores como preço, prazo e destino. Isso reduz custos logísticos e aumenta a eficiência das operações.

Em 2021, a empresa foi adquirida pela Nuvemshop, o que ampliou sua integração com o varejo online e consolidou sua posição como uma das principais logtechs do país.

Vantagens das logtechs para empresas

Essas startups oferecem vantagens competitivas significativas para empresas de todos os portes. Ao automatizar processos e integrar dados em tempo real, essas startups ajudam a reduzir custos operacionais, aumentar a eficiência e melhorar a experiência do cliente.

A maior eficiência logística se traduz em entregas mais rápidas, menor número de erros e melhor experiência do cliente. A automatização de processos libera equipes para atividades mais estratégicas, enquanto a visibilidade em tempo real permite tomada de decisões mais ágeis e informadas.

A escalabilidade oferecida por essas soluções é fundamental para empresas em crescimento, permitindo expansão das operações logísticas sem investimentos proporcionais em infraestrutura física. 

Além disso, as empresas podem reduzir custos logísticos com a implementação de soluções tecnológicas avançadas e com a otimização de rotas.

A redução de multas e penalidades por atrasos, menor necessidade de retrabalho e diminuição de perdas e avarias contribuem para um impacto financeiro positivo substancial. Muitas empresas também conseguem renegociar contratos com transportadoras com base em dados fornecidos pelas plataformas tecnológicas.

Do ponto de vista operacional, as logtechs permitem automatizar processos, reduzir o tempo de entrega e minimizar erros humanos. Além disso, a análise de dados em tempo real ajuda gestores a tomar decisões baseadas em evidências — e não em suposições.

Tendências para o futuro

O futuro dessas startups é promissor. O setor deve continuar crescendo com o avanço de tecnologias emergentes, como 5G, veículos autônomos e inteligência artificial generativa.

Entre as principais tendências estão o uso de dados preditivos para antecipar falhas, a expansão de soluções sustentáveis e a integração total entre embarcadores e transportadores.

Tecnologias emergentes como inteligência artificial mais avançada, veículos autônomos, drones para entrega e realidade aumentada começam a ser incorporadas pelas empresas mais inovadoras. A sustentabilidade se torna fator crucial, com soluções focadas em redução de emissões e logística verde.

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