A inteligência artificial generativa já começa a ser aplicada além do ChatGPT. Pesquisadores da Universidade do Texas, nos Estados Unidos, estão usando essa tecnologia para decodificar a atividade cerebral e prever as palavras que usaremos, informa a CNN.
Assim como a inteligência artificial alimenta os textos produzidos pelo ChatGPT, ela pode “entender” como pensamos e prever o que iremos dizer a seguir, segundo a pesquisa conduzida por esses neurocientistas.
O estudo começa com Alexander Huth, professor assistente de neurociência e ciência da computação da Universidade do Texas, sendo examinado. Primeiro, ele se submeteu a ressonâncias magnéticas. Enquanto Alexander escutava áudios, o aparelho registrava imagens do seu cérebro.
Depois disso, um modelo de inteligência artificial analisou seu cérebro e os áudios. A máquina foi capaz de observar a atividade cerebral de Alexander e, a partir daí, prever as palavras que ele ouviria.
Como a inteligência artificial faz isso?
Segundo a CNN, os neurocientistas partiram do modelo de linguagem GPT-1 (também desenvolvido pela OpenAI). Esse modelo já continha um banco de dados de livros e sites a partir do qual o computador pode aprender como nós, humanos, formulamos frases.
Com base nisso, os pesquisadores treinaram a inteligência artificial que, com o tempo, aprendeu o suficiente para prever o que Alexander e outros voluntários da pesquisa estavam ouvindo só de olhar para sua atividade cerebral.
Por enquanto, essa inteligência artificial está afiada apenas quando se trata de adivinhar o que Alexander pensa, pois ela foi treinada com base na experiência dele.
Mas, no futuro, pode ser usada para ajudar pessoas que perderam a capacidade de falar –como quem teve um derrame, por exemplo. “O verdadeiro potencial de aplicação disso é ajudar pessoas que não conseguem se comunicar”, afirma o pesquisador.
Ele explica que essa é a primeira demonstração de que é possível obter esse nível de precisão sem fazer cirurgia no cérebro dos pacientes. “É o primeiro passo para ajudar pessoas que não conseguem falar sem ajuda da neurocirurgia”, diz.
A tecnologia do ChatGPT pode ser usada para ler mentes?
O artigo da CNN também questiona se essa inteligência pode ser usada para ler a mente de alguém. Alexander responde que não (pelo menos por enquanto).
Isso porque, para que ela funcione, a pessoa precisa consentir com o treinamento e com as ressonâncias magnéticas. Se essa pessoa resistir a ouvir os áudios ou se pensar em outra coisa enquanto estiver no aparelho, a varredura cerebral não vai dar certo.
O pesquisador Jerry Tang prefere chamar esse processo de tecnologia de decodificação do cérebro, e não de leitura de mente.
“Leitura da mente evoca uma ideia de chegar aos pequenos pensamentos que você não quer deixar escapar, como reações. Não há qualquer sugestão de que possamos realmente fazer isso com esse tipo de abordagem”, concorda Alexander.
Por isso, Tang defende a regulação do uso de inteligência artificial para proteger a privacidade mental. “A tecnologia pode melhorar e isso pode mudar o quão bem podemos decodificar e se os decodificadores exigem a cooperação de uma pessoa”, comenta.