No ABC da inovação, é provável que você já tenha ouvido falar de “startup unicórnio”, a definição para empresas que cresceram muito rápido e são avaliadas em mais de US$ 1 bilhão. Mas, desde a pandemia, um outro animal tem sido usado para ilustrar um modelo diferente de negócio na Nova Economia: o camelo.
O termo “startup camelo” foi criado pelo investidor de capital de risco norte-americano Alex Lazarow em abril de 2020 em um artigo para o site Entrepreneur, explica a Época Negócios. “Quando ser um unicórnio é o objetivo, o crescimento rápido é o meio. Nos ecossistemas que operam fora do Vale do Silício (EUA) e de grandes centros como Nova York, Londres e Xangai, o modelo de crescimento a todo custo é viável. Nesse caso, o camelo seria a mascote mais apropriada”, escreveu.
Isso porque os camelos reúnem características que combinam com o cenário vivido a partir de 2020. São resistentes, adaptam-se a adversidades — pois podem ficar sem comer por longos períodos —, e, se preciso, mantêm o ritmo de corrida por muito mais tempo que um cavalo, o primo real dos unicórnios. “As startups camelo priorizam a sustentabilidade e, portanto, a sobrevivência desde o início, equilibrando forte crescimento e fluxo de caixa”, conceituou.
No conceito de Alex, as startups camelo buscam mais a sustentabilidade financeira do que um crescimento agressivo. O que, é importante dizer, não significa que essas empresas não busquem o crescimento e o sucesso.
As três estratégias das startups camelo
Em um outro artigo, desta vez para a Harvard Business Review, o investidor explicou as três estratégias adotadas pelas empresas de inovação que são mais “pé no chão” e dançam conforme a música.
Crescimento equilibrado
São empresas ambiciosas, mas que buscam o caminho do crescimento equilibrado. Não existem subsídios (o preço é uma característica do produto ou serviço), os custos são gerenciados ao longo do ciclo de vida do empreendimento e mudanças de trajetória acontecem, mas sempre com controle.
Perspectiva de longo prazo
Construir uma empresa não é um desafio de curto prazo. “Para muitos, os avanços não aparecem imediatamente, mas ocorrem mais tarde na linha do tempo da empresa”, escreveu para a HBR. A palavra usada para definir essa estratégia é sobrevivência. “A corrida é sobre quem vai sobreviver por mais tempo, não sobre quem vai primeiro ao mercado.”
Resiliência
Segundo Alex, as startups camelo podem enfrentar restrições que, no fim, acabam se tornando pontos fortes em tempos difíceis. “Os negócios mais bem-sucedidos só gastam recursos nas atividades em que as lições de sucessos ou fracassos sustentam o negócio como um todo ou quando uma parte do negócio protege naturalmente outra”, escreveu.