Estudo da McKinsey mostra como o varejo de alimentos pode se adaptar ao novo cenário econômico e fazer planos para crescer
Em 2022, o cenário econômico apresenta um grande desafio ao varejo brasileiro. A combinação de inflação alta (10,1%) e redução de renda (5,8%) afetou o poder de compra dos consumidores em 2021, fazendo a venda de alimentos recuar 2,4% em relação a 2020, aponta um estudo feito pela consultoria McKinsey.
Apesar de o tíquete médio de compra em mercados ter aumentado 8% —de R$ 62 para R$ 67 entre 2020 e 2021, movido pela alta de preços—, a frequência de compras caiu. Para driblar o aumento do custo ou melhorar sua dieta, os brasileiros estão mudando de comportamento, e a McKinsey aponta as tendências para o varejo de alimentos acompanhar essas transformações e crescer nos próximos anos.
Maior sensibilidade aos preços
Em tempos de crise, a lealdade às marcas dá lugar à fidelidade ao menor preço. Em 2021, 40% dos consumidores trocaram os produtos de sempre por marcas mais baratas —em 2020, esse índice foi de 29%. As categorias mais impactadas por esse comportamento foram arroz e produtos de limpeza e de lavanderia.
Outra pesquisa, divulgada em abril de 2022 pelo Sincovaga (Sindicato do Comércio Varejista de Gêneros Alimentícios de São Paulo), mostra que 67% trocaram de marca mais de uma vez para economizar. Isso aconteceu mais nas categorias de higiene e limpeza, itens básicos (arroz, feijão, farinha), laticínios e carnes.
“Aqueles que aproveitarem a sensibilidade a preço do momento para redefinir suas estratégias de marca própria podem transformar uma mudança de comportamento de curto prazo em fidelidade e rentabilidade de clientes de longo prazo”, aponta o relatório da McKinsey.
Expansão do ‘atacarejo
O atacarejo é a única modalidade que vem crescendo: aumentou em 10% as receitas desde 2020, na contramão da queda sentida por supermercados (-6%) e hipermercados (-20%). Em 2022, o atacarejo deve crescer 15%, segundo a consultoria. Mas, com o aumento da concorrência, vem o desafio de se diferenciar para se tornar mais atraente do que os outros mercados.
Novos formatos para mais conveniência
A união da experiência física de compra com a digital seguirá incentivando os mercados a experimentar novos formatos para trazer mais conveniência em cada ocasião de compra. Segundo o relatório, alguns exemplos desses formatos são o uso de aplicativos para realizar entregas em minutos, com frete baixo ou grátis, horários amplos de operação, possibilidade de compra programada de produtos que as pessoas repõem constantemente e as compras sociais, inspiradas em modelos chineses.
Interesse por alimentos saudáveis
Mesmo querendo economizar no mercado, mais da metade dos consumidores (56%) estão dispostos a pagar mais por produtos saudáveis e orgânicos, um segmento que deve continuar crescendo devido à evolução dos hábitos de consumo dos brasileiros, aponta o estudo.
Produtos orgânicos, nutritivos e funcionais, portanto, continuarão a ganhar relevância e podem ser um nicho para promover aumento de vendas no varejo. “No Brasil, o mercado de alimentos saudáveis e que promovem bem-estar deve crescer a um ritmo de 9% ao ano e chegar a um quinto do total de alimentos embalados em 2030”, afirma o relatório.
Uso de dados nas estratégiasPara crescer e melhorar tanto a experiência dos consumidores como a execução das suas operações, o varejo terá de lançar mão, cada vez mais, de dados e analytics —e abraçar a cultura data driven. Dessa forma, será possível precificar os produtos de forma mais precisa, adequar o sortimento de produtos para cada ponto de venda e personalizar a experiência de compra para fidelizar os clientes.