Aquecimento global: por que os mais pobres são mais afetados

Secas e enchentes causadas pelo aquecimento global afetam mais as populações mais pobres: saiba por que isso acontece e como o problema pode ser resolvido.

Desastres ambientais, como enchentes e secas, atingem mais as populações mais vulneráveis


Um dos efeitos do aquecimento global é que eventos climáticos extremos, como tempestades severas —que causam deslizamentos e enchentes como no sul da Bahia e em Petrópolis—, secas e ondas de calor, vão se tornar mais frequentes pelo mundo. Só que essas ocorrências não afetarão a todas as pessoas da mesma maneira.

Na verdade, seus impactos estão sendo maiores para as populações com menor renda. Um exemplo é a ocorrência de enchentes, que em geral atingem com mais força as áreas mais pobres de uma cidades, em geral porque nessas áreas há menos infraestrutura, moradias irregulares em locais não seguros (como morros) e as pessoas têm menos condições financeiras para se proteger e se recuperar de um desastre ambiental, aponta um artigo do Fórum Econômico Mundial.

A consequência dessa desigualdade é que os efeitos negativos do aquecimento global afetam mais as mulheres, que representam 70% do 1,3 bilhão de pessoas que vivem em condições de pobreza no mundo, segundo a ONU (Organização das Nações Unidas) —e são chefes de família de 40% dos domicílios de menor renda nas cidades.

Além disso, as mulheres são as que mais dependem dos recursos naturais que estão sob ameaça e têm menos acesso a recursos à terra, ao crédito e a estruturas de tomada de decisão para se proteger do problema.

Pelos mesmos motivos, as pessoas negras também são mais afetadas pelos desastres naturais, e por isso hoje se fala também em racismo ambiental, ou climático. “Os mais prejudicados pelas consequências da crise climática são pessoas negras, especialmente as mulheres que vivem na periferia das cidades”, comenta Amanda Costa, diretora-executiva do Perifa Sustentável e jovem embaixadora da ONU (Organização das Nações Unidas). “Ao mesmo tempo, as pessoas mais vulneráveis são as que menos contribuem para o aquecimento global.”

Segundo o último Índice de Risco Climático Global, estudo feito anualmente pela organização Germanwatch, sete dos dez países mais afetados pelas mudanças climáticas entre 1999 e 2018 eram nações em desenvolvimento. Nesse período, os mais afetados por desastres foram Porto Rico, Mianmar e Haiti.

Para reduzir essa desigualdade, o Fórum Econômico aponta dois caminhos. Para começar, é preciso incluir o cálculo do risco climático nas decisões de planejamento urbanístico das cidades, levando em conta como os desastres ambientais impactam diferentes comunidades.

Depois, os governos devem acelerar os esforços para proteger as populações mais vulneráveis e se unir à iniciativa privada para dar condições financeiras de essas pessoas se prepararem para enfrentar esses eventos climáticos.

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