A música brasileira é um dos reflexos mais emblemáticos da cultura do nosso país. Afinal, a construção da identidade do nosso povo está intimamente ligada às melodias que as pessoas não só acompanham em shows ou streamings, mas também cantarolam ou assoviam no dia a dia.
No século 20, as transformações sociais, econômicas e políticas vividas pelo Brasil também se refletiram nos movimentos da música brasileira.
Que tal lembrar alguns dos que foram muito marcantes no último século? O iFood News, então, convida seus leitores para uma viagem pelas trilhas sonoras da história brasileira das últimas décadas.
A seguir, damos uma palinha dos movimentos que moldaram os rumos da música brasileira a partir dos anos 1950.
Bossa Nova – Anos 1950/60
Um banquinho, um violão, um pato que atravessa alegremente a canção. O samba desceu os morros do Rio para encontrar o jazz e dar um passeio à beira-mar, observando as garotas de Ipanema pelas partituras de Tom Jobim, os versos de Vinicius de Moraes e o dedilhado característico de João Gilberto.
Um colchão musical ideal para o processo de urbanização e industrialização por que passava o Brasil.
Tropicália – Anos 1960/1970
A poética da exaltação da natureza, da beleza da mulher brasileira e do romance foi abalada pela ditadura militar. Era preciso sacudir a situação vigente misturando as origens da brasilidade com uma ajudinha das guitarras do rock e de tons psicodélicos para acentuar a rebeldia.
No caldeirão da modernidade revolucionária contra a força bruta dos tanques de guerra, surgiram as composições de Caetano, Gil e Os Mutantes, cadenciadas por vozes como as de Gal Costa, Maria Bethânia e Nara Leão.
Jovem Guarda – Anos 1960
O Brasil como um país antenado com as ondas culturais surfadas em territórios europeus e estadunidenses. Dessa maneira, levadas dos Beatles com pitadas da soul music americana reverberaram nos passeios pela rua Augusta, em São Paulo, ao som de Roberto e Erasmo Carlos, Wanderléa e a turma da Jovem Guarda.
As paqueras da juventude ocupavam os bancos dos carros conversíveis e as sessões de cinema das grandes cidades.
Clube da Esquina – Anos 1960
Dizem que Minas Gerais é um belo retrato de todo o Brasil, uma vez que mescla influências de várias regiões do país em sua cultura. Pois o movimento Clube da Esquina, surgido em Belo Horizonte, é a prova musical dessa máxima. E ele extrapolou até mesmo as fronteiras brasileiras ao buscar ingredientes do jazz e do rock para sua receita única, preparada por músicos do quilate de Milton Nascimento, Wagner Tiso, Toninho Horta, Lô Borges e Beto Guedes.
O banquete sonoro desses ícones incluía também Bossa Nova, música erudita, música hispânica e música folclórica dos negros e mineira.
A explosão do rock brasileiro – Anos 1980
A ditadura militar se aproximava do fim quando uma nova geração de jovens compositores tomou as praças de centros urbanos como Rio, São Paulo, Porto Alegre e Brasília.
O rock se manifestava no Brasil como nunca antes, capitaneado por bandas como Legião Urbana, Paralamas do Sucesso, Titãs, Barão Vermelho, Ira! e Engenheiros do Hawaii. Conhecidas como filhotes de Rita Lee, mesclavam letras politizadas com questionamentos típicos da juventude. Surgiam os tons da emergente democracia brasileira.
Manguebeat – Anos 1990
Uma fagulha musical regional que se alastrou pelo Brasil e o mundo. As desigualdades socioeconômicas das regiões do mangue, no Recife, ganharam voz ao ritmo regional do maracatu associado a pegadas de rock, hip hop, funk e música eletrônica.
O principal nome da cena foi o de Chico Science, que morreu precocemente aos 30 anos deixando um legado de inconformismo e luta contra a pobreza nas comunidades.
MPBTrans – Anos 2010
A diversidade ganhou os holofotes. A luta contra todas as formas de preconceito é a pauta que une artistas como Liniker, MC Linn da Quebrada, Pabllo Vittar, Gloria Groove e Johnny Hooker. A riqueza da MPBTrans extrapola os gêneros musicais. Falando deles, a paleta de influências do movimento também é a mais diversa possível, abrangendo tonalidades de samba, rock, jazz, pop, ritmos nordestinos, hip hop e funk.
Em paralelo aos movimentos, a música brasileira sempre foi famosa por seus festivais. Muitos revelaram grandes artistas e canções que fazem sucesso até hoje.
Uma das mais tradicionais premiações da música nacional é o Prêmio da Música Brasileira, que pela primeira vez será patrocinado pelo iFood. Há três décadas ele revela talentos e promove encontros e homenagens aos nossos maiores artistas.
Neste ano, a cerimônia será realizada no Theatro Municipal do Rio de Janeiro no dia 31 de maio. E a homenageada da noite será a cantora e multi-instrumentista Alcione, uma das artistas que mais venceram o prêmio.