Gabriela Oliveira, autora de “Uma Atitude Por Dia Por Um Mundo Com Menos Racismo”, mostra como podemos combater o racismo adotando atitudes simples no dia a dia.
Como construir uma sociedade igualitária entre brancos e negros? As pequenas atitudes, diárias e cotidianas, são a chave. É isso que afirma Gabriela Oliveira, empreendedora, designer, professora e consultora de marketing, TEDx Speaker e autora de “Uma Atitude Por Dia Por Um Mundo Com Menos Racismo” (Editora Belas Letras).
“São as pequenas atitudes do dia a dia que perpetuam o racismo, e muitas delas não são nem conscientes. Por isso é preciso sair das ideias para a prática”, afirma a autora. “Não quero esperar que em 2050 a sociedade mude. Para começar a mudança, precisamos ampliar a conscientização para que cada um entenda seu papel como agente dessa transformação.”
Gabriela ressalta que, ao contrário do que muitos pensam, o racismo não é um problema que deve ser discutido apenas entre os negros, e sim por todos, e que a conscientização das pessoas brancas é fundamental. “Nesse movimento antirracista, a pessoa branca tem que se transformar em uma aliada, em agente da transformação. Mas, antes disso, precisa entender que ela é parte do problema.”
Para ela, essa mudança social para um mundo com menos racismo não vai acontecer naturalmente, e sim com uma ação conjunta. “É importante que as pessoas brancas entendam que a sociedade foi estruturada de modo a privilegiá-las. Por isso todos temos a responsabilidade de agir para não perpetuar atitudes preconceituosas.”
Em seu livro, ela traz cem dicas de atitudes simples que podemos adotar no dia a dia para reforçar o movimento antirracista como, por exemplo, falar de racismo entre pessoas brancas, parar de usar expressões racistas e incentivar pessoas negras que trabalham na sua empresa. Para quem não sabe por onde começar, ela indica três passos bem simples, mas muito efetivos, para se conscientizar e combater o racismo no dia a dia.
Passo 1: observe com quantos negros você convive
A primeira dica de Gabriela é fazer o que ela chama de “exercício do pescoço”, ou seja, olhar para o lado no trabalho, no restaurante, no cinema, nas festas com amigos e contar quantas pessoas negras há no local. “Pergunte-se se essas pessoas negras estão te servindo ou se estão convivendo com você”, explica a autora. “Esse olhar é extremamente importante para entender como o racismo estrutural já está ali no seu dia a dia.”
Passo 2: leia um artigo ou um livro sobre racismo
Para compreender melhor o racismo, leia um artigo ou um livro sobre o tema (e depois engate mais leituras, claro). “Quem busca esse conhecimento e o desenvolvimento pessoal tem mais facilidade em identificar suas ações e os preconceitos que estão enraizados e que muitas vezes passam batido”, afirma Gabriela. “É preciso aprender como o racismo age na sociedade e entender que não é um problema individual, e sim estrutural.”
Passo 3: conheça o trabalho de uma pessoa preta
Pergunte-se se você consome produtos, serviços e conteúdo feitos por pessoas negras. “De quantos empreendedores pretos você está comprando? Quantos filmes de roteiristas e diretores negros você tem assistido?”, questiona Gabriela. Para reequilibrar o jogo e viabilizar o protagonismo de mais pessoas negras, ela sugere consumir conteúdo de influenciadores e pensadores negros –e não apenas sobre racismo. “Pessoas pretas não falam só sobre racismo, falam sobre tecnologia, sobre moda, sobre beleza e outros temas. Quantas das suas referências são pessoas pretas?”