O que esse novo modelo propõe para aproveitarmos ao máximo os produtos e materiais que usamos
Quem disse que o lixo é o único destino de um produto que chega ao final de sua vida útil? Na economia circular, aquilo que descartamos pode virar a matéria-prima do que vamos comprar amanhã.
Esse nome é uma contraposição à chamada economia linear, na qual o fim da linha de todo produto, depois de consumirmos, é o aterro. O que a economia circular faz de diferente é identificar tudo o que pode ser reciclado e transformar os resíduos em novos elementos.
Para que isso aconteça, o princípio da economia circular tem que estar presente desde o projeto de um produto. Dessa forma, garante-se que ele já é criado com materiais que podem ser reciclados ao serem descartados por nós.
A reciclagem, porém, não é a única ação típica da economia circular. Nesse novo modelo de produção e consumo, as pessoas também compartilham, alugam, reutilizam, reparam, e reformam materiais e produtos para que eles durem o maior tempo possível. Dessa forma, o ciclo de vida dos produtos aumenta —e o descarte de resíduos diminui, protegendo nossos ecossistemas desse tipo de poluição.
Os 3 princípios da economia circular
Em resumo, os principais pontos desse novo modelo de produção e consumo, segundo a Fundação Ellen MacArthur (organização dedicada a acelerar a transição para a economia circular), são:
Eliminar o desperdício e a poluição: criar produtos feitos de materiais que possam ser reutilizados depois de descartados ou que sejam fáceis de reparar ou até remanufaturar. No caso dos alimentos, pensar em como eles podem retornar à natureza e regenerar a terra ou alimentar a produção de novos alimentos e materiais.
Quer um exemplo? A Apeel criou uma maneira inovadora de eliminar embalagens plásticas descartáveis em frutas e vegetais frescos e combater o desperdício de alimentos. A empresa desenvolveu uma camada de revestimento comestível feita à base de plantas que é aplicada a produtos frescos para aumentar as defesas naturais de frutas e vegetais. Isso retarda a deterioração por perda de água e oxidação e poupa o meio ambiente de lixo plástico.
Maximizar a circulação dos produtos: isso significa usar ao máximo os produtos (reutilizando e reparando) e as matérias-primas (com a reciclagem ou com a compostagem de materiais biodegradáveis). Tudo para manter o valor desses itens, que passam a ser considerados finitos na economia e deixam de poluir o meio ambiente.
Para ajudar as empresas a adotar embalagens reutilizáveis e assim mantê-las em circulação, a Loop (que atua na França, no Reino Unido e nos Estados Unidos) tem uma plataforma de reaproveitamento que oferece produtos de grandes marcas, como o detergente Tide e o ketchup Heinz, em embalagens reutilizáveis. Quando o conteúdo acaba, a empresa recolhe as embalagens, limpa, reabastece-as e coloca o produto de volta no mercado.
Regenerar a natureza: significa uma mudança de foco da extração de recursos da natureza para a regeneração por meio de práticas agrícolas que permitam, por exemplo, a recuperação do solo e aumentem a biodiversidade local —devolvendo materiais biológicos à terra sempre que possível— e a redução da emissão de gases poluentes.
No Brasil, a Connect the Dots promove a agricultura regenerativa local em São Paulo (SP) e protege os sistemas naturais ameaçados pela expansão urbana e pelas práticas agrícolas convencionais. Em troca, o município compra produtos de agricultores locais para fornecer alimentos saudáveis para pessoas em situação de vulnerabilidade, pagando 30% a mais do valor de mercado para incentivar a transição para práticas regenerativas e promover a inclusão social.