Surgida em meio à crise financeira global de 2008, a economia compartilhada trouxe novas perspectivas de renda, consumo e sustentabilidade para a sociedade na última década.
Esse termo se refere a um novo sistema econômico, no qual as pessoas podem usar a tecnologia —e, claro, a internet— para partilhar bens e serviços. Isso significa compartilhar a criação, a produção, a distribuição e até o consumo de bens e serviços entre pessoas, plataformas e organizações.
Por isso, a economia compartilhada pode ser definida como o acesso às propriedades de outras pessoas por meio do uso de serviços online, realizando transações monetárias ou não monetárias.
Como surgiu a economia compartilhada?
A economia compartilhada surgiu no século 21, com o avanço da tecnologia, a mudança nas relações de trabalho e o endividamento da sociedade.
A instabilidade do mercado e do emprego, a preocupação ambiental por causa do alto consumo e o endividamento da população com a crise financeira de 2008 exigiram soluções flexíveis, colaborativas, acessíveis e de baixo custo.
A internet e o smartphone foram os dois principais avanços tecnológicos que impulsionaram o surgimento e a consolidação da economia compartilhada.
Nesse sentido, esse vínculo de consumo eventual, dividido e de baixo investimento se transformou em uma alternativa viável, prática e rentável para pessoas, empresas e plataformas.
Qual é a importância da economia compartilhada?
A relevância desse modelo se deve ao fato de ser uma alternativa ao hiperconsumismo, que se tornou insustentável, tanto economicamente como ambientalmente.
Além disso, a economia compartilhada traz benefícios sociais, tanto colaborando com pequenas comunidades como gerando ganhos em escala mundial.
Essa dinâmica tem promovido mudanças positivas em diversos setores da economia, no modo de consumir, no compartilhamento e na geração de renda, em negócios.
Essas mudanças vão ao encontro dos desejos de muita gente: menos competição, mais tempo livre, estilo de vida mais saudável, consumo consciente, preservação ambiental e respeito ao coletivo em detrimento do individual.
Como funciona a economia compartilhada?
A economia compartilhada funciona por meio do compartilhamento de bens e serviços realizados na internet, em sites, aplicativos e/ou plataformas digitais.
Nesses ambientes, as pessoas podem fazer transações diretas entre si, como serviços rápidos ou aluguel e empréstimo de itens, sem a necessidade de intermediação de terceiros.
Alguns exemplos de serviços nesse modelo são compartilhamento de veículos, aluguel temporário de imóveis, serviços de entrega ou de cuidados, como o de pet sitter.
Benefícios da economia compartilhada
A economia compartilhada traz inúmeros benefícios sociais, econômicos e ambientais tanto para quem oferece bens e serviços como para quem usufrui deles.
Preços menores do que a média de serviços e bens equivalentes e renda extra para fornecedores são benefícios econômicos e sociais gerados pela economia compartilhada.
Já em relação aos benefícios ambientais, muitos negócios da economia compartilhada são sustentáveis, com impactos positivos, por meio da redução do uso de recursos e poluentes.
Exemplo disso são os apps de compartilhamento de veículos, como o de bicicleta e carros, e de hospedagem.
Em Xangai, na China, o compartilhamento de bicicletas reduziu as emissões de gases do efeito estufa de 25 mil toneladas para 64 toneladas em 2016.
Como a economia compartilhada pode impactar a sociedade?
Seu impacto pode ser positivo quando há avanços em questões de sustentabilidade, padrões de consumo, geração de renda e relações sociais.
Ao compartilhar um bem de consumo, uma empresa, pessoa ou instituição está ajudando a reduzir a produção daquele bem, o que vai causar impacto positivo no meio ambiente.
Além disso, ao compartilhar um bem aumenta-se o número de consumidores desse bem —pessoas que talvez não tivessem acesso a ele não fosse pelo compartilhamento.
A produção de um bem, seja durável ou não-durável, requer o uso de matérias-primas, recursos naturais, como água, e gera resíduos que nem sempre são reciclados.
Nesse sentido, o compartilhamento muda a forma como se consome, dando mais ênfase ao consumo ético e consciente e à experiência do que ao consumismo.
Uso da tecnologia no compartilhamento
A tecnologia é o meio pelo qual acontecem as experiências da economia compartilhada, e seu uso tem como objetivo aproximar as pessoas e empresas para diferentes propósitos.
Outro ponto relevante da tecnologia na economia compartilhada é a possibilidade de avaliar um serviço e tornar essa avaliação disponível para todo o público interessado nele.
A avaliação ajuda a valorizar bons consumidores e fornecedores, aumenta a segurança da relação comercial e possibilita a melhora da qualidade dos produtos e serviços.
No iFood, a avaliação do cliente é muito importante, pois é ela que vai ajudar a empresa a entender o que precisa mudar e o que está agradando.
Exemplos de economia compartilhada
Diversas empresas de economia compartilhada surgiram na última década no exterior e no Brasil, e muitas delas ganharam alcance internacional, movimentando bilhões todos os anos.
Uma delas é o iFood, uma empresa de tecnologia focada no delivery de refeições e compras e que promove a relação entre estabelecimentos e consumidores de forma prática e acessível, ao lado dos entregadores e entregadoras.
A Uber, fundada em 2010 nos Estados Unidos, é uma empresa de transporte individual que promove o compartilhamento de veículos, a mobilidade e os serviços de entrega.
Na área de hospedagem, são exemplos as plataformas digitais Airbnb e Couchsurfing. O Airbnb é um serviço de aluguel de imóveis para temporada.
O Couchsurfing funciona como uma rede social para as pessoas cederem espaço em suas casas, de forma gratuita, a viajantes, turistas e outros.