As aulas presenciais já voltaram há algum tempo nas escolas do Brasil, mas o impacto do período em que os estudantes passaram pelo ensino remoto, via internet, ainda é perceptível nas salas de aula, informa a Unicef.
Cerca de dois milhões de crianças e adolescentes de 11 a 19 anos estão fora da escola no Brasil, o equivalente a 11% da amostra entrevistada pelo instituto Ipec (Inteligência em Pesquisa e Consultoria Estratégica), que fez a pesquisa a pedido da Unicef com 1.100 estudantes para medir o impacto da pandemia na educação ao longo prazo.
Para 48% dos entrevistados, a necessidade de trabalhar foi o principal motivo que os levou a abandonar os estudos. As outras justificativas mais comuns foram: “porque não consegui acompanhar as explicações dos professores” (30%), “porque a escola não tinha retomado as aulas presenciais” e “por ter de cuidar de outros familiares” (28%).
Considerando o caráter econômico do principal motivo que levou à evasão escolar nos últimos anos, a pesquisa informa que, dos entrevistados da classe AB, cerca de 4% deixaram de frequentar a escola —e esse número é mais de quatro vezes maior entre os mais vulneráveis: 17% dos meninos e meninas das classes DE abandonaram os estudos nesse período.
Atualmente, entre estudantes que estão na escola, ainda há o risco de aumento na evasão: nos últimos três meses, 21% dos estudantes de 11 a 19 anos de escolas públicas pensaram em desistir da escola. Metade deles tem um motivo em comum: não conseguem acompanhar as explicações ou atividades passadas pelos professores.
Uma das razões para essa dificuldade na aprendizagem pode estar diretamente relacionada ao ensino remoto. A respeito da percepção sobre o aprendizado com as atividades escolares, 15% dos estudantes entrevistados responderam que não aprenderam nada do que deveriam ter aprendido com as atividades escolares remotas, durante a pandemia. Sobre as atividades presenciais dos últimos três meses, o índice cai para 8%.