Alunos com um conhecimento aquém do nível básico e a desigualdade de gênero são dois dos desafios do ensino de ciências e suas tecnologias na educação básica brasileira, segundo estudo realizado pelo British Council em parceria com a Fundação Carlos Chagas, informa o Estadão.
Ao fazer uma análise desse ensino entre 2010 e 2020, o Panorama de Educação STEM no Brasil evidencia a necessidade de construir uma agenda voltada ao ensino de STEM (Ciência, Tecnologia, Engenharia e Matemática, na tradução para o português).
O STEM é uma trilha formativa do Novo Ensino Médio que se refere a essas quatro áreas de aprendizado focando em interligações entre elas, além da aplicação prática do que é ensinado.
O panorama apresenta recortes de pesquisas sobre a análise do ensino de ciências e a formação docente, e inclui ainda temas como metodologias e práticas, currículo, alfabetização, letramento científico e desigualdades relativas a direitos e inclusão de gênero.
De acordo com Diana Daste, diretora de educação do British Council, o estudo reuniu dados e evidências com o objetivo de “embasar discussões em políticas públicas educacionais”.
Foram analisados dados do Censo da Educação Básica, do Censo da Educação Superior, de marcos legais e de mais de 280 pesquisas sobre o ensino de ciências no Brasil.
Um dos números pinçados pelo estudo é o de que 51,7% dos alunos do ensino básico estão nos níveis mais elementares de letramento científico.
Diana explica que, ainda que esses estudantes saibam resolver problemas que envolvem a interpretação e a comparação de informações e conhecimentos científicos, trata-se de um nível abaixo do que os parâmetros consideram como conhecimento básico.
Além disso, o trabalho do British Council coloca em discussão a equidade de gênero e a participação das mulheres na produção científica. Nas palavras de Diane, “ainda estamos muito aquém do desejável”. “Mudar a forma como a ciência é produzida é um desafio”, diz.
Formação de professores em pauta
Outro ponto nevrálgico do debate é o da formação de professores, tanto a inicial como a continuada. Na visão da diretora de educação do British Council, mais do que a aplicação do currículo prescrito, o que precisa melhorar são as metodologias.
O alerta é que as formações dos professores não abordam tanto as questões de interdisciplinaridades, o que vai contra as recomendações da Base Nacional Comum Curricular (BNCC).
As pesquisas compiladas pelo panorama reiteram a importância da formação ininterrupta dos docentes, com a atualização de conceitos científicos e sua aplicação.
Avançar nesses aspectos requer mais que ações pontuais, na opinião de Sandra Unbehaum, coordenadora-geral da pesquisa pela Fundação Carlos Chagas. Demanda, assim, uma reflexão sobre “como articular conteúdos presentes do currículo escolar com problemas locais e globais”.
Segundo ela, o uso de tecnologias em sala de aula e a extensão do letramento científico para espaços além da escola, como museus, planetários e jardins botânicos, também precisam estar em pauta.
Iniciativas do iFood em educação básica
O iFood tem investido no desenvolvimento do itinerário formativo STEAM – o “A” corresponde à inclusão de Artes na trilha – em escolas de São Paulo e de Sergipe.
Em 2022, o STEAM foi implementado por um projeto da Secretaria da Educação de São Paulo. Ele contou com o apoio financeiro do iFood e a participação do Instituto Reúna e de outras instituições.
O investimento do iFood nesse projeto permitiu também a revisão pedagógica dos materiais de apoio para professores e alunos do ensino médio com um olhar transversal, inserindo questões relacionadas à tecnologia em toda a grade curricular.
Em 2023, foi a vez de a Secretaria de Educação de Sergipe passar a contar com o apoio do iFood para a adoção do itinerário STEAM.
O fomento do itinerário formativo STEAM faz parte do propósito do iFood de combinar tecnologia, inovação e pessoas para transformar a educação no Brasil.