Fabricio Bloisi: paixão pela tecnologia e pelo sonho grande

Conheça a trajetória do CEO do iFood e sua visão sobre o delivery e os negócios do futuro

Hoje é muito comum ver uma pessoa sacando o celular para fazer um pedido no iFood (ou para usar os mais variados aplicativos). Mas, quando viu um iPhone pela primeira vez, Fabricio Bloisi, CEO do iFood, duvidou que aquela novidade fosse se popularizar dessa maneira.

Quando o smartphone da Apple foi lançado, em 2007, ele acreditou que tamanha inovação caberia apenas em alguns poucos bolsos. “Eu pensei que era algo incrível, mas que ninguém iria comprá-lo, só os muito ricos. Hoje temos bilhões de smartphones, mas naquela ocasião eu duvidei”, diverte-se o CEO do iFood ao compartilhar essa passagem de sua história com o público da Brazil Conference at Harvard & MIT, evento realizado online entre os dias 11 e 17 de abril (veja a íntegra da participação de Fabricio aqui).

O smartphone chegou para mudar de vez a maneira como interagimos com os aparelhos eletrônicos, e por isso é um marco da tecnologia —um assunto do qual Fabricio é, desde criança, um grande e apaixonado entusiasta.

Ainda na infância, em Salvador (BA), Fabricio se interessou pela computação. Ele conta que duas invenções marcantes, que definiriam sua trajetória de vida, foram dois modelos muito antigos de computador: o MSX e o PC XT.

Foi desse fascínio que surgiu o interesse em estudar programação, ainda criança. Dali, ele começou a criar e a tentar vender seus primeiros software para lojistas da capital baiana. Recebeu muitos “nãos”, que o ajudaram a aprender, a testar e ver o que dava certo e o que dava errado —e tentar de novo.

Além da tecnologia, o que mais inspira Fabricio são os sonhos grandes, aqueles que parecem impossíveis (pelo menos para os outros). Foram eles que levaram o jovem a sair de Salvador para estudar em Campinas (SP), onde cursou ciência da computação na Unicamp (Universidade Estadual de Campinas).

“Li um livro que dizia que você tinha de anotar suas metas de 20 anos e mostrar para os amigos. Se eles disserem que é impossível, você tem aí um sonho grande”, relembrou o CEO do iFood durante a Brazil Conference at Harvard & MIT. “Estou sempre pensando em sonhos novos e grandes também para a minha empresa, e isso se tornou parte da nossa cultura corporativa.”

Esse foi só o começo da história. Conheça, a seguir, a trajetória de Fabricio e o que ele considera fundamental, nessa jornada, para o sucesso e o crescimento do iFood.

Computação, amiga de infância

Desde pequeno, Fabricio sonhava em trabalhar com tecnologia. Quando criança, ele era fascinado por “Star Trek”, “Star Wars” e ficção científica. Aí apareceram na sua vida os primeiros computadores pessoais, o MSX e o PC XT. “Esses dois computadores me fizeram —e ainda fazem— sonhar.”
Ele conta que começou a estudar computação com 8 anos de idade, e aos 13 passou a tentar vender os software que criava para lojistas em Salvador, cidade em que nasceu e morou até os 19 anos. “Mas ninguém comprava, só minha mãe e alguns familiares”, lembra.

O criativo disciplinado

A determinação de ir atrás do sonho grande começou na época em que Fabricio estava prestando vestibular. “Eu li um livro que dizia que você tinha de anotar suas metas de 20 anos e mostrar para os amigos. Se eles disserem que é impossível, esse é um sonho grande. Quando eu tinha 16, 17 anos eu comecei a escrever meus sonhos”, diz o executivo, que mantém até hoje a rotina de escrever os sonhos de curto e longo prazo. “Hoje, o meu sonho seria ir para a Lua.”

A trajetória de Fabricio é super conectada com a tecnologia, e isso foi fundamental na hora de decidir qual curso fazer na faculdade: ciências da computação, na Unicamp. “Entrei na faculdade com cabelo grande, tocava violão, eu pensava em coisas criativas e diferentes, então eu era bem menos disciplinado e executivo, como pensam que eu sou hoje”, relembra.

Foi aí que ele começou a trabalhar a sua ambidestria. “Então eu me forcei a ter o lado criativo, mas ter o lado que fala ‘olha, eu tenho esse plano, que vai ser executado desse jeito, essas são as datas, vou ter a disciplina de juntar as pessoas, contar, comunicar, cumprir aquela agenda. Foi fundamental ter esse lado para fazer a história do iFood e da Movile andar.”

O sonho grande do iFood

Foi em uma salinha da Unicamp, com mais um sócio, que nasceu a Movile, que mais tarde seria a investidora que impulsionaria o negócio do iFood. O sonho grande de Fabricio ganhou escala e deixou a alçada pessoal. “Penso em sonhos novos e grandes e isso se tornou parte da nossa cultura corporativa. No iFood, nos perguntamos: o que vamos fazer em 10 ou 20 anos? Escrevemos e então vamos fazer com que todos trabalhem juntos para chegar lá.”

Entre muitos sonhos grandes, o maior é o de alimentar o futuro do mundo. “A gente quer ser incrível na entrega de uma comida boa, saudável, para momentos especiais e para todos os bolsos. Ao mesmo tempo, queremos alimentar o futuro”, diz o CEO do iFood. 

“Isso significa contribuir para o Brasil ser um lugar melhor. Contribuir com educação, meio ambiente, inclusão, reduzir desigualdades históricas”, explica Fabricio. Nesse sonho grande estão as metas de ser uma empresa carbono zero, referência em energia limpa e amiga do meio ambiente. “Sempre tive um sonho grande como esse. Mas agora temos a possibilidade de torná-lo verdade.”

Fabricio conta também que todo mês ele corre riscos porque com frequência resolve fazer alguma mudança nos negócios que comanda. “Para cada cinco coisas que dão erradas, uma vai dar muito certo”, acredita.

A revolução do delivery

O foco do investimento em tecnologia e inovação é entregar cada vez mais eficiência. “Não temos de usar a inteligência artificial para que os custos da entrega sejam mais baixos. Se nós entregamos em 27 minutos, temos que usar a tecnologia para permitir que as pessoas recebam as coisas em 10, 15, 20 minutos com custo menor”, diz.

Para Fabricio, a tecnologia aplicada ao delivery é só o começo de uma jornada que, em longo prazo, poderá mudar a maneira como nós nos relacionamos com alimentação (mais ou menos como aconteceu com a produção de roupas). 

“Há 100 anos, a gente costurava a nossa própria roupa em casa. Eu acho que no futuro a gente não vai preparar nossa comida em casa”, projeta o executivo. “Vamos falar com o nosso smartwatch e ele vai entregar a melhor comida, mesmo sem a gente fazer o pedido, mais barato, com melhor qualidade e mais saudável.”

No futuro, ele espera ver líderes empreendedores, apaixonados, inovadores e também com grandes sonhos, até mesmo os que vão além do objetivo monetário. “Espero que tenham também uma proposta de como tornar a vida das pessoas melhor, que pensem no meio ambiente e na inclusão.”

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