Fazendas verticais semeiam novo modo de produção agrícola

Estruturas que distribuem cultivo de alimentos em andares surgem como opção diante da falta de terras para plantações

Olhe para cima. Talvez a saída para o futuro alimentar da humanidade esteja mais longe do solo do que você imagina. E não estamos falando de cultivar víveres no espaço, e sim das fazendas verticais, informa a BBC Future.

Se já moramos e trabalhamos “empilhados”, em prédios residenciais e de escritórios, por que não produzir nossos comestíveis da mesma maneira?

Em suma, esse é o conceito moderno de agricultura vertical: realizar o cultivo agrícola em bandejas e caneletas dispostas em pavimentos de uma construção verticalizada.

Uma das principais vantagens desse tipo de estrutura está na menor necessidade de largas extensões de terra para as plantações agrícolas.

Isso se deve às características do próprio processo produtivo das fazendas verticais. O uso de solo é minimizado com a adoção de sistemas hidropônicos ou aeropônicos. 

Por meio deles, água ou vapor de água carregando nutrientes circulam diretamente ao redor das raízes das plantas.

Dessa maneira, a própria absorção desses insumos por parte dos vegetais torna-se mais rápida, favorecendo o seu desenvolvimento.

Outro ponto positivo das fazendas verticais é o de controle de pragas. Ele é facilitado por conta de os ambientes de cultivo serem fechados. 

Logo, dimimnui a necessidade de utilização de pesticidas para combater agentes prejudiciais às plantações.

Os defensores do modelo destacam ainda a possibilidade de cultivar alimentos em locais que do modo tradicional seriam impróprios para essa atividade.

Assim, a produção alimentícia pode ser realizada em edifícios localizados nos centros urbanos, aproximando inclusive o “campo” da “mesa” dos consumidores. Com isso, diminuem os custos de transporte dessas mercadorias, bem como a poluição gerada pelos veículos transportadores.

Condições ideais em jogo

Porém, obter as “condições ideais de temperatura e pressão” para a instalação de uma fazenda vertical tem o seu preço. E esse é o grande impeditivo para a multiplicação do formato em grande escala.

Uma fazenda desse tipo requer uma infraestrutura de fornecimento de água e energia para as espécies. A iluminação, por exemplo, requer o uso de LEDs, mesmo porque muitas dessas fazendas não têm janelas ou são construídas no subsolo.

Em muitas regiões, a energia elétrica que alimenta as fazendas verticiais provém de combustíveis fósseis, o que não alivia a pegada de carbono para o ambiente. Para piorar essa questão, a quantidade de energia por quilograma de produção nesse modelo de fazenda é maior do que no tradicional.

É preciso levar em conta ainda que essa alta demanda por fontes energéticas torna a fazenda vertical mais suscetível a oscilações nos preços de fornecimento de energia.

Controvérsias e obstáculos à parte, o conceito de agricultura “para o alto” deve ser encarado como uma possibilidade real de cultivo de alimentos para as gerações futuras.

Há ainda um tempero adicional nessa equação. Devido à chance de maior controle de variáveis que afetam a produção das culturas, como água, luz e temperatura, as fazendas verticais também podem se tornar laboratórios de experimentação para obtermos espécies mais saudáveis e saborosas para o nosso consumo.

Olhe para cima. Também é nessa direção que os fazendeiros do futuro projetam seus novos campos.

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