Censo realizado pelo Gife revela aumento da preocupação com o combate à fome
O crescimento do investimento social privado bateu, em 2020, o recorde da década, revela o Censo Gife 2020, uma das principais pesquisas sobre o tema no Brasil. Investidores sociais privados são institutos, fundações, empresas e fundos filantrópicos que investem recursos privados em projetos de interesse público.
A pesquisa, divulgada em dezembro de 2021, mostra que o investimento social privado no país chegou a R$ 5,3 bilhões em 2020, um salto de 71% em relação a 2019, quando houve um recuo de 11% em relação a 2018. Antes disso, a maior alta (15%) havia sido registrada em 2012.
O orçamento realizado em 2020, além disso, foi 63% maior do que o previsto pelos investidores, que previam aportar um total de R$ 3,3 bilhões no ano. Esse aumento se deve à mobilização dos investidores sociais privados para o enfrentamento dos efeitos da Covid-19 —R$ 2,3 bilhões foram especificamente direcionados a ações relacionadas à pandemia.
Outro efeito da pandemia foi o direcionamento de mais investidores para a categoria de proteção, assistência e desenvolvimento social (que inclui o combate à fome), cresceu 34% em comparação com o levantamento anterior, realizado em 2018 e se equiparou ao investimento em educação, considerado o setor que historicamente mais mobiliza recursos.
Entre os respondentes da pesquisa, 76% investiram em educação e 75% investiram em proteção, assistência e desenvolvimento social —desses, 18% disseram que não atuavam antes nessa área e que deixariam de investir depois da pandemia e 11% investiram pela primeira vez nessa área e continuarão investindo após a pandemia.
A segurança alimentar (31%) e a higiene e prevenção (27%) foram as subáreas onde os investidores mais atuaram em suas iniciativas de enfrentamento da Covid-19.
Empresas participam mais
Pela primeira vez, o Censo Gife mostra um volume maior de doação do que de execução de projetos na hora de direcionar os investimentos sociais privados, o que o estudo considerou uma inversão do investimento social privado, pois os investidores costumam direcionar mais recursos a projetos próprios do que a terceiros.
Em 2020, as empresas passaram a ter uma participação significativa (37%) no investimento social privado devido à atuação de algumas organizações no enfrentamento da pandemia de Covid-19.
Quando a pandemia for passado, pode ser que haja uma queda no investimento social privado, segundo o Gife. Ainda assim, o panorama deve ser melhor do que o de 2019. Metade das organizações disseram que, em 2022, pretendem manter o mesmo nível de investimento de 2021 —a previsão era chegar a um total de R$ 4,2 bilhões, menor do que o de 2020, mas superior ao de 2019.
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