Diversidade: o que é uma pessoa neurodivergente?

Saiba o que significa esse conceito, que está no guarda-chuva da neurodiversidade

O conceito de diversidade se estende também para a maneira como nosso cérebro funciona, e nesse contexto é comum ouvirmos a palavra “neurodivergente” —mas o que ela significa?

Uma pessoa neurodivergente é simplesmente aquela que tem uma condição neurológica diferente do que se considera neurotípico (quem tem funções cerebrais e formas de processar informações que são vistas como padrão).

Por isso, os neurodivergentes pensam, processam informações e se comunicam de maneira diferente do que seria esperado. Essa não é, portanto, uma condição negativa, e sim uma maneira diferente de raciocinar e de viver experiências. 

Esse termo foi criado pela ativista Kassiane Asasumasu para incluir na conversa todas as pessoas que têm um cérebro que diverge do que foi estabelecido como a norma. Isso inclui desde pessoas com dificuldades de aprendizagem até as que têm condições como autismo e esclerose múltipla, segundo um artigo que o neurodivergente Robert Chapman escreveu para a Psychology Today.

O que é neurodivergente?

Neurodivergente são indivíduos em que as funções cerebrais são diferentes das pessoas consideradas “normais” pela sociedade. 

Dessa forma, um neurodivergente pode ser uma pessoa com Transtorno do Espectro Autista (TEA), TDAH (Transtorno de Déficit de Atenção e Hiperatividade), dislexia, entre outras condições. 

Assim, essa pessoa vai processar informações, se comunicar e interagir com outras pessoas de uma forma única, tendo cada um uma característica específica.  

No entanto, é importante destacar que isso não os impede de ter grandes habilidades e de serem pessoas notáveis em determinadas áreas. Além disso, também não significa que a pessoa possui uma condição negativa de saúde. 

Entenda a diferença entre neurodivergente e neurotípico

Como mencionado anteriormente, o neurodivergente é uma pessoa com algumas características cerebrais diferentes dos considerados como “normais” pela sociedade. 

Enquanto isso, o neurotípico é a pessoa com o desenvolvimento tido como “padrão”, das funções cerebrais e dos pensamentos.

No entanto, não existe uma condição de superioridade ou inferioridade entre os termos, eles representam apenas uma diversidade de condições dentro da sociedade. 

Mas há algumas confusões quando falamos em neurodivergente. Confira:

O neurodivergente não é uma expressão tão conhecida entre a população. Por conta disso, surgem algumas dúvidas sobre a relação do termo com algumas condições. 

Portanto, confira algumas confusões que são feitas sobre os neurodivergentes:

TDAH é neurodivergente?

Sim e não. TDAH (Transtorno de Déficit de Atenção e Hiperatividade) é considerada uma neurodivergência. No entanto, nem todas as pessoas com TDAH se identificam como neurodivergentes.

Uma pessoa com TDAH pode ser considerada como um neurodivergente, mas é importante destacar que há uma grande diversidade entre pessoas com esse transtorno. Portanto, é crucial não generalizar. 

Bipolaridade é neurodivergente?

Não. A bipolaridade é um transtorno psiquiátrico que envolve mudanças repentinas de humor, variando entre depressões, alegrias e manias. 

Dessa forma, a bipolaridade é caracterizada como um transtorno do humor, não como uma neurodivergência, que é definida como uma condição cerebral.

Ansiedade é neurodivergente?

Aqui o caso é parecido com a bipolaridade. A ansiedade é uma emoção que pode atingir qualquer pessoa, de diferentes perfis neurológicos.

Por conta disso, a ansiedade pode afetar qualquer pessoa, sem importar sua neurodivergência, por isso não está dentro deste conceito.

Como saber se sou neurodivergente?

Vai ser necessário fazer algumas avaliações psicológicas e neuropsicológicas. 

O objetivo destes testes é compreender profundamente o funcionamento cognitivo, emocional e comportamental de cada pessoa. Assim, o resultado dará o norte para o desenvolvimento de uma estratégia adequada de intervenção. 

Esse processo vai envolver  questionários, entrevistas, testes padronizados e um tempo de observações clínicas. 

Entenda melhor como esse teste funciona:

Neurodivergente: teste

Durante o teste de neurodivergência, é comum que sejam explorados diferentes aspectos do funcionamento cerebral, como habilidades cognitivas, processamento sensorial, linguagem, atenção, memória e funções executivas. 

Além disso, a avaliação pode levar em consideração o histórico de desenvolvimento da pessoa, entrevistas com familiares ou cuidadores e a observação de comportamentos característicos. 

É importante ressaltar que o teste de neurodivergência não tem como objetivo rotular e estigmatizar as pessoas, mas sim fornecer informações valiosas que auxiliem na compreensão e no apoio às suas necessidades individuais.

Exemplos do que é ser neurodivergente

A palavra “neurodivergente” foi criada pelo movimento de conscientização sobre o autismo para ser usada como uma alternativa ao termo “pessoa autista”. Com o passar dos anos, ela passou a ser usada para outras condições que estão sob o guarda-chuva da neurodiversidade.

Segundo Kassiane Asasumasu, alguns exemplos de pessoas neurodivergentes são:

Um estudo feito pela consultoria Deloitte aponta que, embora as estimativas variem, cerca de 10% a 20% da população mundial é considerada neurodivergente. “Muitos líderes empresariais discutiram abertamente serem neurodivergentes, mas há espaço para mais esforços nessa área”, relata o estudo.

E o que isso tem a ver com diversidade?

Quando falamos sobre diversidade, não estamos levando em conta apenas questões como raça, gênero, idade, etnia, orientação sexual e deficiência física. Os neurodivergentes fazem parte da neurodiversidade, que abrange uma ampla gama de orientações mentais, incluindo as que citamos no item acima.

A conscientização sobre esse tipo de diversidade é importante para que pais, professores, colegas de trabalho saibam como podem colaborar para criar ambientes inclusivos em casa, na escola e nas empresas, por exemplo.

Segundo o estudo da Deloitte, pesquisas sugerem que as equipes que contam com profissionais neurodivergentes em algumas funções podem ser 30% mais produtivas. E que incluir e integrar profissionais neurodivergentes pode aumentar o moral da equipe.

Esse conteúdo foi útil para você?
SimNão

Publicações relacionadas