Quais são os gases de efeito estufa?

Gás carbônico é só um dos gases que contribuem para o aquecimento global. Conheça a lista que tem outras sete substâncias

Antes de elencar quais são os gases de efeito estufa (GEE), é preciso entender que o efeito estufa é um processo natural, causado pela presença de uma série de gases na atmosfera e responsável pela retenção de parte do calor que chega à Terra pela radiação solar. Graças a essa estufa — e ao que é absorvido pelos oceanos e pela superfície terrestre —, habitamos um planeta em que a temperatura viabiliza a sobrevivência de suas espécies.

Por causa da nossa atuação por aqui, o fenômeno natural que garante a sobrevivência de muitas espécies (entre elas a nossa, a humana) agora põe a existência em risco.

Conforme a concentração de GEEs na atmosfera aumenta, a energia irradiada da superfície fica presa e não consegue deixar o planeta, sendo reabsorvida e forçando a Terra a buscar um novo equilíbrio térmico. É por isso que o excesso desses gases está por trás do aumento da temperatura média da Terra, também conhecido como aquecimento global, e das mudanças climáticas, o aumento de intensidade e frequência de eventos climáticos extremos, como secas, queimadas, furacões e inundações. 

Governos, empresas e a sociedade têm, de alguma maneira, tentado realizar ações para mudar esse panorama, seja firmando acordos para controlar a emissão desses gases, seja buscando tecnologias para reduzir o lançamento ou capturar esses gases da atmosfera ou simplesmente adotando hábitos menos nocivos ao meio ambiente

O Protocolo de Kyoto, um desses acordos internacionais que visam à redução da emissão de poluentes, listou em 1997 os seguintes gases que deveriam ser controlados para evitar o aquecimento global e que, desde então, são conhecidos como gases de efeito estufa: gás carbônico (CO2), metano (CH4), óxido nitroso (N2O) hexafluoreto de enxofre (SF6), hidrofluorcarbono (HFC), perfluorcarbono (PFC) e vapor d’água (H2O). Em 2015, em uma rodada de atualização do protocolo, mais um gás foi adicionado: o trifluoreto de nitrogênio (NF3).

Gás carbônico (CO2)

É o que mais contribui para o aquecimento global e por isso, muitas vezes, é usado como sinônimo para a expressão “gases de efeito estufa”. É também o gás que recebe a maior atenção das iniciativas de redução de emissão ou de sequestro da atmosfera

A contribuição humana para o aumento desse gás na atmosfera se dá, principalmente, pela queima de combustíveis fósseis (seja no transporte, na geração de energia ou para o aquecimento) e do desmatamento. Segundo o PNUMA (Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente), ele pode perdurar na atmosfera por mais de mil anos.

Metano (CH4)

A principal fonte de emissão humana desse gás vem da agricultura, em especial da pecuária (a partir do estrume e do trato digestivo dos animais). Segundo o órgão da ONU, 32% do gás liberado pela ação humana vem dali. O cultivo de arroz irrigado é outra fonte de lançamento de CH4 para a atmosfera, aproximadamente 8%. Extração de petróleo e gás, mineração do carvão e os aterros sanitários representam, juntos, 55% das emissões.

O metano é responsável por cerca de 30% do aquecimento global desde os tempos pré-industriais e, de acordo com o PNUMA, está se proliferando de maneira rápida. Este gás pode ficar por uma década na atmosfera.

Óxido nitroso (N2O) 

O óxido nitroso já estava na atmosfera, só que em pequenas quantidades. O que o ser humano fez foi aumentar a sua concentração a partir da atividade industrial, a queima de combustível fóssil e a prática agrícola – essa responsável por mais de 2/3  das emissões. O N2O pode ficar na natureza por mais de 100 anos.

Hexafluoreto de Enxofre (SF6), Hidrofluorcarbono (HFC) e  Perfluorcarbono (PFC)

São também chamados de gases fluorados e não são produzidos naturalmente, como os outros três já citados. O HFC foi a resposta dada pela indústria para substituir o clorofluorcarbono (CFC), banido da produção industrial por destruir a camada de ozônio. Os outros gases, explica o PNUMA, têm usos industriais e comerciais.

Vapor d’água

É o GEE mais abundante e que mais contribui para o efeito estufa, porém a nossa contribuição para isso é quase irrelevante. Praticamente todo o vapor d’água presente na atmosfera vem de processos naturais.

Trifluoreto de nitrogênio (NF3) 

Apesar de não estar na lista inicial do Protocolo de Kyoto, o trifluoreto de nitrogênio foi adicionado à lista de gases de efeito estufa em 2015. Um estudo publicado em 2008 na Nature classificou o NF3 como “um gás de efeito estufa raro, mas extremamente potente”. Segundo a publicação, ele é de 12 a 20 mil vezes mais eficiente na retenção de calor do que o CO2. O trifluoreto de nitrogênio é comumente utilizado na fabricação de TVs e monitores de tela plana. Sua vida útil na atmosfera é estimada em 740 anos. 

Gases de efeito estufa indiretos

Além dos gases citados acima, há uma lista de gases de efeito estufa indiretos, como mostra o Inventário Nacional de Emissões Atmosféricas, órgão do governo do Reino Unido responsável por calcular as emissões anuais de poluentes naquele país. 

São gases que podem aumentar indiretamente a concentração de alguma substância na atmosfera ou contribuir por tabela para seu aquecimento ou resfriamento.

São eles: 

  • Óxidos de nitrogênio (NOx)
  • Monóxido de carbono (CO)
  • Compostos orgânicos voláteis não metano (NMVOC)
  • Dióxido de enxofre (SO2)

Brasil e suas emissões

No fim de 2021, o Observatório do Clima mostrou que o Brasil aumentou suas emissões de gases de efeito estufa durante a pandemia, ao contrário do movimento observado no resto mundo. Elas cresceram 9,5% por aqui enquanto reduziram 7% em outros países.

O desmatamento da Amazônia foi a principal causa para o aumento dessas emissões em um ano em que a economia passou por desaceleração. Dados do SEEG (Sistema de Estimativas de Emissões de Gases de Efeito Estufa), mostram que oito, dos dez municípios que mais lançam GEEs na atmosfera são da região Norte do País. Os dois maiores centros urbanos do país, São Paulo e Rio de Janeiro, completam a lista. 

Com 3,2% das emissões globais, o Brasil é o quinto maior emissor de gases de efeito estufo do mundo, atrás de China, Estados Unidos, Rússia e Índia. Em 2020, a média de emissão de CO2 por brasileiro foi de 10,2 toneladas brutas, contra 6,7 da média mundial. 

Segundo o relatório “Análise das emissões brasileiras de e suas implicações para as metas climáticas do Brasil 1970 – 2020”, além do desmatamento (chamado também de Mudança de Uso da Terra e Floresta), os seguintes setores da economia contribuíram para a emissão dos mais de 2,16 bilhões de toneladas de CO2 equivalente na atmosfera: agropecuária, energia (inclui transporte), processos industriais e resíduos.

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