Você sabe o que é justiça climática?

Nem sempre quem mais polui é quem mais sofre os efeitos do aquecimento global

Os efeitos negativos do aquecimento global vêm sendo sentidos com cada vez com mais frequência, especialmente em desastres naturais como as fortes chuvas e os deslizamentos de terra que atingiram o sul da Bahia e Petrópolis (RJ) entre o final de 2021 e o início de 2022.

Mas algumas pessoas vêm sentindo esse impacto de forma mais intensa. As populações mais vulneráveis, que já enfrentam problemas como a pobreza, a insegurança alimentar e a precariedade da moradia, estão sofrendo de forma muito mais grave as consequências das mudanças climáticas.

Por isso estamos ouvindo falar cada vez mais do conceito de justiça climática, que aborda o problema não só do ponto de vista ambiental, mas também social, político e econômico. Fazer justiça climática, portanto, significa reconhecer que diferentes comunidades sentirão os efeitos do aquecimento global de maneira diversa e que alguns países, regiões e até mesmo empresas têm uma responsabilidade maior no enfrentamento desse problema —e devem assumi-la.

A justiça climática é a busca de soluções que não só reduzam a emissão de poluentes para frear o aquecimento global, mas também que ajudem a criar um mundo mais justo, onde todos tenham acesso à boa qualidade do ar, da comida e da água, conforme define o movimento Climate Action.

Direitos humanos e a crise climática

De acordo com o relatório Parem de Queimar Nossos Direitos, publicado pela Anistia Internacional, entre 1751 e 2014, os Estados Unidos, o Reino Unido e a Alemanha produziram emissões acumuladas de gases de efeito estufa (GEE) per capita que são pelo menos seis vezes superiores à média global. Ainda assim, a crise climática afeta de modo desproporcional as populações dos países mais pobres.

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Dados do levantamento apontam que, de 1990 a 2015, os 10% mais ricos da população mundial foram responsáveis por mais da metade das emissões acumuladas, enquanto os 50% mais pobres emitiram apenas 7%. Além disso, a camada dos 1% mais ricos da população mundial emitiu mais do que o dobro de dióxido de carbono (CO2) do que a metade mais pobre do mundo.

Ao mesmo tempo em que a população mais pobre é a menos responsável pelo aquecimento do planeta, ela representa a parcela que mais sofre com os efeitos disso. É nesse contexto, portanto, que surge a preocupação com a justiça climática e com olhar para o problema como um todo e colocar em prática políticas públicas e privadas que levem em consideração o agravamento das desigualdades sociais causadas pela crise ambiental.

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