O avanço da tecnologia está nos impulsionando a desenvolver novas competências para trabalhar, cada vez mais e melhor, em parceria com os algoritmos e as máquinas. Não por acaso, metade das pessoas que estão empregadas hoje vão precisar se aperfeiçoar até 2025 para se manter par a par com o mundo digital, aponta o mais recente estudo do Fórum Econômico Mundial sobre o futuro do trabalho.
Nos próximos quatro anos, o tempo gasto nas tarefas de uma empresa será dividido igualmente entre máquinas e humanos, segundo o estudo. Daí a importância de os profissionais de carne e osso se diferenciarem, pensando de modo crítico, resolvendo problemas complexos e esbanjando criatividade e capacidade de influenciar pessoas — algumas das competências que serão mais valorizadas pelos empregadores.
Engana-se quem acha que esse cenário está acontecendo só lá fora e está longe de chegar ao Brasil. “Quem está se formando hoje, especialmente na área de tecnologia, já enfrenta concorrência de candidatos de outros países pelas vagas. Por isso, é importante se preparar”, afirma Luiz Douglas, gerente Regional Grande São Paulo e Capital do CIEE (Centro de Integração Empresa Escola).
Assim como muitos especialistas no mundo do trabalho, ele frisa que uma das competências fundamentais é a capacidade de aprender durante toda a vida (o tal do lifelong learning – em português, educação continuada).
“No passado, a graduação era suficiente. Hoje, só se fala em educação continuada. As pessoas terão de seguir estudando, muitas vezes fora de sua área de especialidade, para aproveitar as melhores oportunidades profissionais”, comenta Luiz.
Inteligência emocional em alta
Se por um lado as competências físicas e cognitivas básicas devem ser menos valorizadas, a demanda por competências tecnológicas, sociais e emocionais vai aumentar, conclui uma pesquisa realizada pelo Instituto Global McKinsey com 18 mil pessoas em 15 países em 2021.
Segundo a consultoria, em um mercado de trabalho cada vez mais automatizado, digital e dinâmico, leva vantagem quem consegue reunir habilidades para se encaixar em três critérios desejados pelo mercado: agregar valor se diferenciando das máquinas, saber trabalhar em ambientes digitais e se adaptar continuamente a novas formas de trabalhar — e até a novas ocupações.
A pesquisa conclui que as principais características de quem quer se manter atraente no mercado de trabalho são a capacidade de se adaptar e de lidar com incertezas, saber sintetizar mensagens, ter orientação para realizações e promover a inclusão.
Para ir além e garantir um bom salário no futuro, a pesquisa diz que será preciso saber desenvolver planos de trabalho, ter consciência organizacional e ser autoconfiante, capaz de fazer as perguntas certas e de lidar com a tecnologia.
Empatia e respeito
A empatia e o respeito às diferenças, para Luiz, serão características ainda mais valorizadas. “Como hoje a tecnologia nos permite trabalhar remotamente com pessoas que vivem em outras cidades e outras realidades, é fundamental saber conviver em um ambiente de diversidade”, conclui. “Afinal, as empresas já estão se mexendo para ter mais diversidade, mais mulheres, pessoas negras, indígenas, 50+, LGBTQIA+. Já vemos, inclusive, estagiários com mais de 40 anos.”
Partiu 2025
50%
das pessoas que estão empregadas hoje vão precisar aprender novas habilidades até 2025
94%
das empresas esperam que os funcionários aprendam novas habilidades — em 2018, eram 65%
As 10 habilidades mais valorizadas para 2025
- Pensamento analítico e inovador
- Proatividade para aprender
- Resolução de problemas complexos
- Pensamento crítico
- Criatividade
- Liderança e influência social
- Uso de tecnologia
- Programação e design de tecnologias
- Resiliência
- Capacidade de argumentação
Fonte: Future of Jobs 2020 (Fórum Econômico Mundial)
