Quem abre um restaurante gosta de cozinhar, mas não necessariamente de lidar com planilhas. O problema é que descuidar da gestão financeira pode sair muito caro para o negócio e comprometer seus planos de crescimento, alerta a economista Marcela Kawauti, com a experiência de quem atua há 15 anos com educação financeira –em especial de empreendedores.
“Muita gente acha o assunto chato, mas é importante fazer gestão financeira para que isso se torne uma rotina estratégica para o negócio decolar em vez de sugar a energia que o empreendedor deveria gastar se dedicando à sua atividade principal”, afirma a especialista.
Ela lista cinco práticas muito comuns que sabotam a gestão financeira dos restaurantes –e explica quais são as soluções para administrar melhor o orçamento e planejar o crescimento.
Despesas invisíveis
Compras sem planejamento ou que não são anotadas, mesmo que sejam de baixo valor, escapam ao radar do empreendedor. Mas, somadas, viram uma quantia expressiva no final do mês. “Esse é um dinheiro que poderia ser melhor direcionado”, diz Marcela.
A solução: acompanhe o fluxo de caixa diariamente e anote tudo o que entra e o que sai para ter melhor controle dos gastos invisíveis.
Gastos ineficientes
São aqueles mal planejados e que podem sair caro. Um exemplo: fazer compras no mercado mais próximo, mais custoso do que um fornecedor. “É preciso ter eficiência em gastos e custos, entender quem são os melhores fornecedores e as melhores formas e momentos de gastar o dinheiro”, alerta a economista.
A solução: planejar as compras em detalhe e comprar onde tem o melhor preço ou em grande quantidade para negociar um desconto.
Falta de visão de longo prazo
Não adianta só planejar o orçamento de um mês: o ideal é ter uma visão de longo prazo. “O empreendedor precisa prever, por exemplo, a sazonalidade que afeta o negócio em determinados meses, como as férias”, afirma Marcela.
A solução: fazer um planejamento de 12 meses levando em conta a sazonalidade.
Dívidas desnecessárias
Sem planejamento financeiro, o empreendedor cai na armadilha de pedir empréstimos para apagar incêndios. “São dívidas caras e inadequadas, como usar o cartão de crédito da pessoa física para pagar contas no crédito. No final, as altas taxas de juros sobrecarregam o orçamento da pessoa jurídica”, alerta a economista.
A solução: recorrer a linhas de financiamento mais baratas, como as de capital de giro. E planejar as dívidas caras, para ter tempo de pesquisar as melhores opções de crédito.
Mistura de contas
Muitos empreendedores não separam o dinheiro pessoal do que pertence ao negócio. “Fazer essa divisão é importante porque quando é preciso fazer um ajuste no orçamento, não se sabe onde, porque está tudo misturado”, conta Marcela.
A solução: ter contas correntes e planilhas de controle separadas para a pessoa física e a pessoa jurídica.
Ao evitar essas “sabotagens”, os empreendedores podem fazer uma boa gestão financeira e começar a projetar melhor seus custos, receitas e despesas. “Quando o mês acaba, é importante olhar para trás e comparar quanto o restaurante recebeu e quanto tinha planejado, para melhorar as estimativas para o mês seguinte”, explica Marcela.
Dessa forma é possível colocar metas mais ambiciosas no planejamento. “Se quero vender o dobro, preciso colocar mais dinheiro em marketing. Toda meta tem um custo”, completa a economista. Além disso, fica mais fácil entender como fazer o dinheiro sobrar no final do mês –e o que fazer com ele.
A dica de Marcela é dividir em três categorias o destino do lucro: capital de giro, investimento no negócio e reserva financeira. “É importante pensar de que forma se pode gastar melhor os recursos. Muitos empreendedores sabem para onde vão os custos mas não pensam no dinheiro que recebem.”
Para mais dicas da Marcela e de outros especialistas sobre gestão e digitalização de restaurantes, assista às Super Lives iFood Decola, no canal do iFood para Parceiros no YouTube.
