Dizem que tudo acaba em pizza. E um projeto de hamburgueria, onde começa? No caso da Severo Burger, a ideia surgiu quando os amigos Hélio Pacheco e Geraldo Nunes jogavam futebol.
Nesse bate-bola em Porto Alegre, eles passaram a alimentar a ideia de montar uma hamburgueria. Os dias de futebol – que, em geral, eram terças-feiras – do seu grupo de amigos sempre acabavam com um churrasco ou um belo lanche. Quem preparava o banquete era o gremista Hélio, que já gostava de cozinhar.
Formado em Direito, ele corria atrás do sonho de ser juiz ou procurador do trabalho. Porém, o mar dos concursos não estava muito pra peixe. “Ao longo de três anos eu ia avançando nas etapas de seleção, mas não conseguia uma vaga”, lembra. “Já estava cansado.”
Após uma tentativa frustrada em um concurso que foi prestar em São Paulo, Hélio viu na TV uma entrevista com o dono de uma hamburgueria paulistana que havia começado em uma garagem de apenas 18 metros quadrados.
Ele resolveu entrar em contato com aquele empreendedor por meio do Facebook. Depois disso, eles tomaram um café juntos em São Leopoldo quando o empresário visitou a cidade a trabalho.
Com as dicas recebidas, o advogado gaúcho decidiu partir para o ramo da gastronomia e testar seus dotes culinários em eventos.
Tabelinha para a nova empresa
Desse grupo do futebol também fazia parte o radialista Alexandre Fetter. Foi ele quem sugeriu que Hélio levasse suas receitas para um grande festival de música de Porto Alegre. O desafio foi aceito.
“Em dois dias, vendemos 5.200 hambúrgueres”, contabiliza o empreendedor, que na ocasião foi ajudado na cozinha por outros dez profissionais.
A largada promissora animou Hélio, que convocou outro amigo do futebol para investir nesse ramo. Era Geraldo Nunes, doutor em gestão que estava vendendo sua empresa e buscava novas oportunidades.
Juntos, Hélio e Geraldo fundaram a Severo Burger em 2015 com mais um sócio, Guilherme Dias. Mas hoje a sociedade está bem diferente, pois Guilherme se desligou da empresa e, na pandemia, Geraldo não resistiu à Covid-19. Desde então, seus dois filhos assumiram seu lugar na direção da empresa.
Atualmente, o outro sócio é Alexandre Fetter, que entrou para a sociedade depois da abertura do modelo de franquias da marca, batizado de Severo Garage.
A esta altura, você já deve estar se perguntando: e por que Severo?
“Muita gente pensa que é sobrenome de alguém”, diz Hélio. “Mas não. Quando fomos pesquisar nomes para batizar a hamburgueria, todos os que cogitávamos já estavam registrados”, lembra.
“Quem deu a ideia do Severo foi a minha mulher, Mariana, por se tratar de um adjetivo que transmite a ideia de força, de veracidade, que vem do italiano ‘vero’”, afirma. “Tem tudo a ver com os valores da marca.”
Escalada com o delivery
A criatividade também está no nome dos lanches servidos. “Decidimos associar duas paixões dos brasileiros, os carros e os lanches, na hora de batizar nossos hambúrgueres”, explica Hélio.
Assim, abram alas para o clássico Opalão, que, além do pão, da carne e do molho, leva bacon, queijo cheddar e cebola caramelizada.
Ou o Dojão, muito bem equipado com geleia de bacon, cebola crispy e queijo gorgonzola. “Temos inclusive hospedado encontros de colecionadores de carros antigos”, conta o sócio e fundador.
No primeiro ano, a Severo operou apenas com a venda em salão. Os sócios resolveram testar o delivery como uma forma de completar o orçamento em momentos de cozinha ociosa.
O resultado foi muito melhor do que o esperado. “Literalmente dobramos o faturamento com as entregas”, afirma Hélio.
Atualmente, 60% da receita da Severo vem do salão, e 40%, do delivery. São 20 unidades físicas no total, 18 delas franqueadas, nos estados do Rio Grande do Sul e de Santa Catarina. “Antes da pandemia, as proporções eram de 80% dos salões e 20% das entregas”, diz.
O avanço da marca, frisa, em muito se deve à parceria com o iFood e às dicas da plataforma para potencializar as vendas. “Já temos unidades em que o faturamento se divide em 70% pelo delivery e 30% para o salão”, diz Hélio.
Até mesmo as escolhas dos locais para as unidades físicas têm sido diretamente influenciadas pela tecnologia do iFood. “A empresa mapeia pontos de calor para o negócio e priorizamos essas localizações para abrir novas lojas”, afirma.
Hambúrguer com embalagem sustentável
Há três anos, a Severo passou a usar embalagens de hambúrguer e de porções feitas de papel para substituir as de plástico. As caixinhas, as sacolas e os canudos, além do papel que embrulha o lanche, são biodegradáveis.
“O único componente do delivery que ainda é de plástico é o copinho para os molhos, mas ainda neste ano devemos substituí-lo por um de papel”, destaca Hélio. “Nesse aspecto, não consideramos só os custos, pensamos no coletivo. Tenho dois filhos pequenos e quero deixar um mundo melhor para eles.”