O calor na cozinha pode ser um problema. Mas também uma solução. Tudo depende da tecnologia empregada. Considerando um aparelho desenvolvido por uma startup sueca chamada Enjay, os vapores da cozinha podem até mesmo ajudar a combater o aquecimento – global, no caso.
Isso porque a empresa encontrou uma maneira de transformar o calor na cozinha em energia aproveitável por outros sistemas e equipamentos, como informa a BBC News.
Trata-se do Lepido, uma caixa metálica de troca de calor que aproveita o ar quente produzido durante os processos de cozimento. Sem o aparelho, o que se faz, tradicionalmente, é expelir esse ar para fora do edifício em que fica o restaurante, desperdiçando o potencial energético do vapor.
A inovação trazida pelo Lepido está em como ele lida com a sujeira presente no vapor da cozinha.
Arne Spperfork, professor especializado em termodinâmica na Universidade de Tecnologia de Hamburgo, na Alemanha, explica que o aparato da Enjay foi projetado para que as partículas de gordura e fuligem do vapor da cozinha passem por suas bobinas de metal sem grudar nelas.
Dessa maneira, o ar quente pode então ser bombeado por tubos que transportam água fria. Uma vez aquecido, o líquido pode ser usado para esquentar outras partes da edificação.
A nova tecnologia tem significado um respiro nas contas monetárias e ambientais dos restaurantes.
Pelos cálculos de Nils Lekeberg, cofundador da Enjay, um restaurante de tamanho médio pode reduzir seus gastos com energia em até 90% ao ano e diminuir a pegada de carbono anual em 30 toneladas com a adoção do Lepido.
Operante em várias franquias de países nórdicos, o equipamento vem sendo usado no Reino Unido e já conta com vários pedidos nos Estados Unidos e no Canadá.
Ducha de água fria no calor na cozinha
Porém, ainda existe uma ducha de água fria nos planos de expansão das vendas do Lepido: seu preço. O custo médio de compra e instalação desse trocador de calor é de cerca de US$ 30 mil, ou R$ 150 mil.
Para rebater a impressão de ser caro demais, Nils Lekeberg chama a atenção para o prazo de retorno do investimento, que calcula em 1 ou 2 anos.
Um dono de franquia de restaurante na cidade de Malmö, no sul da Suécia, corrobora esse dado. Segundo ele, a aquisição do Lepido tem significado uma economia anual de US$ 16 mil, ou cerca de R$ 80 mil, nas contas de energia do estabelecimento.
A Enjay enxerga também o potencial de seu produto em relação aos aumentos dos preços de energia. Nesse sentido, investir em tecnologias para recuperação de calor torna-se ainda mais compensador.Por outro lado, as turbinas da concorrência do Lepido começam a se aquecer. Uma pequena empresa britânica chamada Dext também desenvolveu um aparelho com a mesma proposta funcional do criado pela Enjay. Pelo visto, o calor na cozinha está mesmo pegando fogo em termos de mercado.
