“Queremos empoderar o entregador para empreender”

Johnny Borges, diretor de Impacto Social do iFood, conta como o edital iFood Chega Junto pretende viabilizar projetos de valorização desses profissionais

A valorização e o respeito ao entregador são prioridade para o iFood. A empresa brasileira de tecnologia tem ampliado suas trilhas de apoio a esses parceiros desde 2021. Primeiro, com oportunidades educacionais – que vão desde a educação básica, com o programa Meu Diploma do Ensino Médio, até cursos profissionalizantes (por meio do Potência Tech e iFood Decola) e oferecimento de bolsas para o ensino superior. 

No início de 2023, ampliou o programa Delivery de Vantagens para garantir mais saúde, segurança e pontos de apoio pelo país aos profissionais do delivery.

Em junho, a empresa foi além e passou a disponibilizar, de forma proativa, uma Central de Apoio Jurídico e Psicológico para apoiar entregadores em casos de ofensas, agressões, manifestações de preconceito, assédio e incitação à violência. A assistência é oferecida por meio de uma parceria com as Black Sisters in Law, uma associação global de advogadas negras que atua em todas as regiões brasileiras, para um atendimento personalizado e humanizado a cada caso. 

Agora, o iFood abre mais um caminho para o empoderamento desses profissionais: o Edital iFood Chega Junto.

A ideia é que os entregadores parceiros do iFood apresentem projetos que causem impacto positivo para a categoria e possam melhorar a vida desses trabalhadores.

As propostas podem ser inscritas gratuitamente entre os dias 1 e 31 de agosto no Portal do Entregador. Uma banca julgadora formada por convidados de diferentes instituições selecionará até 25 iniciativas, que receberão aportes financeiros entre R$ 10 mil e R$ 100 mil, totalizando R$ 1 milhão de investimento nos projetos – que devem ser realizados até dezembro deste ano.

O edital está aberto para pessoas físicas e jurídicas. As sugestões apresentadas devem se basear em três pilares: educação e oportunidades; respeito, orgulho e autoestima; e bem-estar, saúde e segurança.

Os formatos dos projetos podem ser variados e abrangem, por exemplo, workshops, cursos, palestras, rodas de conversa, encontros, feiras e exposições, entre outros.

Johnny Borges, diretor de Impacto Social do iFood, conversou com o iFood News sobre os objetivos do edital iFood Chega Junto e como ele pode fortalecer as comunidades dos parceiros de entregas da empresa. Confira a seguir o bate-papo. 

iFN – Como o edital está alinhado às jornadas que o iFood já vem construindo em apoio aos entregadores?

O edital nasceu de uma demanda dos próprios entregadores, que sonhavam construir suas ações sociais e projetos, mas careciam de recursos financeiros. Nos últimos dois anos, nos grupos de escuta, fomos percebendo essa demanda, vinda principalmente de grupos de entregadores unidos que desejavam empreender iniciativas sociais, como ações em creches de suas comunidades, por exemplo.

São projetos com foco, prioritariamente, na valorização e no respeito à categoria, que vão além de questões e desafios operacionais de trabalho, mas envolvem um posicionamento e um olhar mais profundo para a categoria.

Esse fundo chega muito para se conectar com todas as ações que do iFood em educação, como o programa de ensino médio para os entregadores. É mais uma iniciativa da empresa para a categoria colocar todo o seu potencial em ações e projetos que podem ser extremamente pontuais ou contínuos e perenes.

É mais uma maneira de capacitar os entregadores e fazer com que tenham uma educação formal cada vez mais estabelecida, dando oportunidades e recursos financeiros para que desenvolvam todas as habilidades que aprenderam tanto no dia a dia das entregas quanto na formação acadêmica que trabalhamos diretamente com eles em nossos programas de educação.

iFN – O edital parece estar fortemente relacionado a um dos compromissos públicos do iFood em educação: o de preparar as pessoas para o futuro do trabalho e o empreendedorismo. É isso mesmo? 

Um grande desafio que boa parte da população enfrenta, e que não é exclusivo da comunidade de entregadores, é o de ter um aporte inicial financeiro para desenvolver um projeto ou uma ação, até para testá-la. E quando pensamos em uma capacitação para o empreendedorismo, é muito forte a visão de que o entregador já é, por si só, empreendedor no seu dia a dia, o que não o impede de buscar outras formas de empreender. 

Pode até ser que o projeto que um entregador vai executar neste momento não tenha a ver diretamente com o sonho empreendedor pessoal dele, mas é uma chance de tornar real algo que está no papel ou em sua cabeça. É um exercício para desenvolver essa capacidade de empreendedorismo. O objetivo, nesse caso, é dar ao entregador o empoderamento de executar algo, no sentido de  empreender. 

Queremos entregar isso para a sociedade, por meio do grupo de entregadores:  potencializar o desenvolvimento de uma carreira mais empreendedora. E o edital é bastante efetivo para a valorização e o respeito da categoria pelo ponto de vista dos entregadores e não do iFood. É o entregador fazendo pelo entregador, o ‘nós por nós mesmos”.

O objetivo não é que os entregadores virem propositores de projetos, mas que possam colocar as suas iniciativas para a realização, para a prática. São muitas vezes ações que eles já realizam hoje e que os ajudaremos a profissionalizar, dando a essas pessoas formação, ferramentas de execução e recursos financeiros.

iFN – Que tipos de ação seriam essas?

Hoje, eles já realizam ações de segurança no trânsito, por exemplo. Existem grupos de entregadores que explicam a importância de colocar a antena corta-pipa, que distribuem esse tipo de antena, que realizam ações de panfletagem sobre a forma de tratar o entregador. Outros comandam iniciativas de levar entregadores para fazer exames médicos, por exemplo, e oferecem ajuda coletiva em casos de eventuais dificuldades e imprevistos enfrentados na jornada cotidiana. 

São projetos que já podemos pensar em potencializar, bem como podcasts, canais no YouTube e iniciativas de reforço escolar. Os entregadores sabem, como ninguém, de suas reais necessidades.

Johnny Borges: "Edital tem a pretensão de dar aos entregadores a chance de criar projetos de valorização e respeito da categoria"

iFN – Como serão os critérios de escolha dos projetos?

Vamos selecionar até 25 projetos e cada um terá entre R$ 10 mil e R$ 100 mil para a execução. Para os escolhidos, oferecemos uma formação básica em gestão de projetos, comunicação e gestão de orçamentos, em parceria com a Semente Negócios.

O comitê avaliador externo vai se atentar ao potencial de impacto, à relevância e à capacidade de realização e adequação orçamentária de cada projeto. Já fazem parte desse comitê o Observatório de Segurança Viária, a Black Sisters in Law, a Fundação 1Bi e a Avus, um parceiro nosso em saúde.

Os integrantes do comitê foram escolhidos de acordo com os eixos de propostas definidos para a valorização e o respeito aos entregadores: educação, respeito e bem-estar, saúde e segurança. Os membros do comitê são especialistas nesses temas.

iFN – Hoje o iFood possui uma central de apoio psicológico e jurídico para dar suporte a entregadores em relação a problemas já ocorridos, especialmente ligados à discriminação. É possível considerar que o edital chega para atuar de uma forma preventiva, antecipando situações em vez de remediá-las?

A ideia é essa mesma: precisar usar cada vez menos da central jurídica. O edital tem mesmo essa pretensão, de proporcionar aos entregadores a chance de criar projetos de valorização e respeito da categoria, que os ajudarão a reduzir episódios de discriminação, por exemplo.

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