Já pensou receber o seu pedido de um drone? Essa inovação ainda não é realidade, mas no iFood ele já ajuda os entregadores a fazer o delivery multimodal em locais de difícil acesso.
Isso porque, em 2022, a empresa se tornou a primeira, em toda a América, a ter permissão para usar drones no delivery – em parceria com a também brasileira Speedbird Aero.
Esse foi o ponto de partida para o drone do iFood. Com essa autorização concedida pela Anac (Agência Nacional de Aviação Civil), esses pequenos robôs voadores ganharam sinal verde para entregar cargas – primeiro de até 2,5 kg, e atualmente de 5 kg.
A largada para essa inovação, na verdade, foi dada em 2019, quando a área de inovação do iFood estava prospectando tendências no setor de delivery e decidiu investir em drones.
Para saber como essa história continua, confira esse guia completo sobre o drone do iFood e sua evolução até os dias de hoje.
O que é o drone do iFood?
O drone do iFood é uma inovação pioneira no setor de delivery no Brasil e na América Latina – e feito com tecnologia 100% nacional. Ele é um pequeno veículo autônomo não tripulado, usado para fazer entrega de cargas de até 5 kg em locais de difícil acesso, em conjunto com entregadores.
O robô foi criado pela parceira SpeedBird Aero, empresa brasileira que constrói aeronaves não tripuladas (o nome técnico dos drones). O objetivo, desde o princípio, é usar drones autônomos para melhorar a logística de entrega.
Com o drone, trechos longos são vencidos mais rapidamente, otimizando o tempo da entrega – e da operação como um todo –, especialmente quando se trata de uma rota difícil de atravessar. Ele também é um modal limpo, por isso colabora para reduzir a emissão de CO2 na atmosfera e tornar o delivery mais sustentável.
Especificações técnicas
A Speedbird Aero é, até hoje, a única empresa com dois modelos de drones aprovados pela ANAC para operações BVLOS (“além da linha de visão do operador”, em português) voltadas à entrega de cargas no Brasil.
Essas certificações representam marcos inéditos e trazem diferenciais importantes, como a permissão para voar à noite. Cada processo de autorização levou, em média, de 12 a 24 meses e seguiu rigorosamente todas as normas de segurança, com aprovação da Anac e do Decea (Departamento de Controle do Espaço Aéreo).
Capacidade e performance do drone iFood
- Capacidade de carga: até 5 kg
- Velocidade: 50 km/h
- Altitude máxima: até 60 metros (equivalente a prédio de 20 andares)
- Resistência: suporta ventos de até 55 km/h e chuva leve (5 mm/hora)
Segurança
- GPS integrado para navegação precisa
- Sistema de paraquedas para emergências
- Controle remoto via centro de controle em Franca (SP)
- Frota dupla: dois robôs disponíveis simultaneamente
Como funciona a entrega por drone do iFood?
Ao contrário do que alguns imaginam, o drone não vai até a porta (nem a janela) dos clientes. A ideia é que ele complemente a operação dos modais tradicionais usados no iFood. Com ele, a operação de delivery fica um pouco diferente – confira a seguir.
1 – Dá pra levar?
Ao receber um pedido, o restaurante parceiro avalia se aquela refeição pode ser transportada no drone, ou seja, se pesa até cinco quilos e tem dimensões compatíveis com a caixa de transporte do dispositivo.
2 – Parada 1: droneport
Quando a comida está pronta, um mensageiro do iFood leva o pedido até o droneport, que é uma área especial autorizada para pouso e decolagem de drones e localizada estrategicamente próximo à demanda de pedidos.
3 – Decolando com o pedido
No droneport, o time da SpeedBird Aero coloca o pedido na caixa de transporte e o drone decola. Como a rota entre os droneports é pré-planejada, o voo é automatizado, e o trajeto é monitorado por profissionais no centro operacional, que podem intervir se houver algum problema.
4 – Parada 2: a perna final
Ao pousar, o drone automaticamente solta a caixa de transporte no solo e faz o voo de volta. Enquanto isso, a equipe da SpeedBird retira o pedido no droneport e entrega para um entregador parceiro, que completa o trajeto até a casa do cliente.
Então o drone não vai substituir os entregadores?
Não. O iFood tem uma estratégia de delivery multimodal, que combina os drones aos entregadores. O drone é uma solução complementar, que realiza apenas uma parte da entrega – em geral a parte que é desafiadora para ser percorrida por via terrestre. E os entregadores seguem sendo o coração da operação logística da empresa.
Onde o drone opera no Brasil
Atualmente, os drones fazem entregas apenas em uma rota, entre Aracaju (capital do Sergipe) e a vizinha Barra dos Coqueiros. E têm capacidade de atender a 280 pedidos por dia, atuando dez horas por dia e sete dias por semana.
O trajeto começa no Shopping Center RioMar, em Aracaju. De lá, o veículo, sobrevoa uma área com circulação de pedestres e cruza o rio Sergipe para chegar a Barra dos Coqueiros. Por terra, a entrega levaria muito tempo – e os entregadores, na prática, só poderiam fazer uma rota em horários de pico, como almoço e jantar.
Dessa forma, o drone conecta restaurantes de um município a condomínios residenciais da cidade vizinha, percorrendo menos de quatro quilômetros pelo ar e fazendo a entrega ao consumidor em até 30 minutos.
Para efeito de comparação, se essa entrega fosse feita somente pela via terrestre, levaria cerca de uma hora – são 36 km, contando a ida e a volta.
O histórico do delivery com drone no iFood
Em pouco menos de três anos, o sonho grande de usar drones para agilizar o delivery deixou de ser uma ideia e virou realidade no iFood.
Tudo começou em 2019, quando a área de inovação do iFood estava prospectando tendências no setor de delivery e se deparou com um boom de testes de uso de drones pelo mundo.
Em junho daquele ano, o iFood fechou uma parceria de Pesquisa e Desenvolvimento com a Speedbird Aero para testar o uso de drones para fazer entregas. Àquela altura, a aeronave desenvolvida pela empresa ainda não havia sido certificada.
Primeiros voos em Campinas
Em agosto de 2020, as empresas receberam o documento que autorizava o projeto a realizar voos e começar os testes com drones na primeira rota autorizada, no Shopping Iguatemi Campinas (SP).
Por causa da pandemia de Covid-19, foi preciso aguardar a flexibilização das restrições para iniciar o projeto, mesmo tendo já todas as aprovações. Quando o shopping voltou a funcionar, o iFood e a Speedbird Aero realizaram o primeiro teste do drone, em dezembro de 2020.
Nesse experimento, a aeronave percorreu uma rota de cerca de 400 metros do terraço ao iFood Hub do Iguatemi Campinas. O trajeto, que a pé levaria 12 minutos, foi cumprido em 3 minutos.
A aeronave usada no teste era o protótipo do que viria a ser o drone aprovado. Os voos já eram automatizados, e acompanhados por um especialista em operação de drones.
O período de testes com o drone em Campinas foi até março de 2021. Em pouco mais de dois meses, o iFood entregou 306 pedidos usando esse novo modal, atendendo 17 restaurantes.
Decolando em Aracaju
Depois de mapear mais de 200 cidades, cruzar dados sobre o tempo de transporte terrestre e aéreo e analisar as restrições de uso da aeronave, o iFood definiu um novo local para testar a entrega por drones: Aracaju.
O desafio seria atravessar um coqueiral e um rio para levar refeições até Barra dos Coqueiros e reduzir o tempo de trajeto terrestre (alto por causa do trânsito carregado na única ponte de acesso à cidade). Era uma oportunidade de levar o iFood a uma praça que não podia ser atendida sem a ajuda do drone.
Os testes na capital sergipana começaram em outubro de 2021. De saída, o uso da aeronave reduziu o tempo total de entrega para 15 minutos, sendo a parte aérea de 2,8 km em 5 minutos e o restante por terra através de um entregador parceiro.
Autorização para atuar no delivery
Em janeiro de 2022, o iFood se tornou a primeira empresa das Américas a ter permissão para usar drones no delivery, em parceria com a Speedbird Aero.
A autorização concedida pela Anac (Agência Nacional de Aviação Civil), válida em todo o território nacional, permitia entregar cargas de até 2,5 kg voando a até 120 m – e percorrer rotas de até 3 km.
Expansão da entrega
Em 2025, o iFood anunciou a retomada e a expansão da operação de entregas por drone em Sergipe, em parceria com a Speedbird Aero, consolidando o avanço do modelo de entregas multimodal da empresa.
A rota foi ampliada após a Anac conceder a primeira autorização permanente do país para voos seguros sobre áreas com circulação de pessoas.
Outra novidade foi que a operação passou a ser feita com uma nova aeronave, capaz de transportar até cinco quilos – anteriormente, o limite era de três quilos. Com maior capacidade, aumenta a eficiência nas entregas, e o drone pode atender a mais pedidos por voo.
Vantagens do drone
A principal vantagem de utilizar drones no delivery é o aumento da velocidade e da eficiência operacional.
Utilizando a aeronave, o tempo médio de entrega é significativamente reduzido, principalmente em rotas com alto fluxo de trânsito ou barreiras geográficas – como demonstra o exemplo da operação do iFood em Sergipe.
Isso acontece porque os drones podem fazer uma rota sem congestionamentos nem obstáculos terrestres, o que garante maior previsibilidade nas entregas.
Além disso, as pequenas aeronaves reduzem a dependência de veículos motorizados, diminuindo também a emissão de poluentes na atmosfera. E colaboram para a redução do tráfego e dos engarrafamentos em centros urbanos, melhorando a qualidade de vida para todos.
Seu uso também beneficia os entregadores. Como drones assumem trechos difíceis das rotas, que tomariam muito tempo dos entregadores, eles podem ser alocados em rotas mais eficientes – o que melhora seus ganhos.
Para os restaurantes, o drone abre a possibilidade de ampliar seu raio de entrega em relação aos veículos terrestres. Dessa forma, os estabelecimentos podem chegar a novos consumidores – antes inacessíveis – e aumentar suas vendas.
Futuro do delivery com drone
Para o iFood, o drone faz parte de uma estratégia de logística multimodal, que combina bicicletas, motos, carros e tecnologia aérea. As aeronaves têm, portanto, um papel muito relevante para fazer entregas em locais onde barreiras naturais, grandes distâncias e gargalos urbanos dificultam o delivery.
Essa é uma tecnologia que ainda está em evolução regulatória, mas o iFood acredita que terá cada vez mais espaço no Brasil.
Embora a tecnologia já esteja desenvolvida, o Brasil ainda enfrenta desafios para escalar o delivery por meio de drones porque nossa regulação no campo da aviação civil está em fase de adaptação para esse tipo de operação.
Como qualquer modal aéreo, os drones devem seguir regras de espaço aéreo, segurança de voo e certificação – marcos que ainda estão sendo construídos no país.
Curiosidades sobre o drone do iFood
A primeira pilota
Você sabia que a primeira operadora do drone do iFood foi uma mulher? A Claudia Aguilera, operadora de aeronaves não tripuladas da Speedbird Aero, comandou os primeiros robôs que levantaram voo na rota de Campinas (SP), onde começaram os testes para entregar comida.
Quem pilota o drone?
O modal é pilotado por profissionais especializados e seguindo todas as regras da ANAC.
Não tem batida no ar
Cada drone voa em uma rota pré-definida, previamente autorizada pelas autoridades de aviação, por isso eles não correm o risco de colidir – nem entre eles nem com aviões e helicópteros, porque voam em uma banda específica, de 30 até 120 metros de altura.
Respeito à privacidade
O drone voa, tem câmera, mas não está filmando as pessoas. Suas câmeras são de baixa resolução, apenas para transmissão de imagens em tempo real, e servem somente para navegação e apoio em procedimento de pouso.


