Hoje, aderir a um aplicativo para fazer entregas ou transportar passageiros é mais uma das opções de trabalho para brasileiros e brasileiras. Mas o que será que motoristas e entregadores pensam desse novo modelo de trabalho e o que desejam em termos de proteção social?
Com essas questões em mente, o iFood e a Uber encomendaram uma pesquisa ao Datafolha para saber qual é a opinião de quem trabalha com aplicativos de mobilidade.
A pesquisa “Futuro do Trabalho por Aplicativo” ouviu 1.000 entregadores ativos na plataforma do iFood e 1.800 motoristas conectados à da Uber entre janeiro e março de 2023.
“Neste momento em que governo e sociedade discutem a regulação dessa modalidade de trabalho, é imprescindível que o debate seja feito com base em dados para garantir impacto positivo para os entregadores e segurança jurídica para o setor continuar inovando”, explica Débora Gershon, head de políticas públicas do iFood.
Nessa consulta, eles revelam suas percepções desse novo tipo de atividade e o que esperam em termos de direitos e benefícios —como trabalhar em regime CLT (Consolidação das Leis do Trabalho) ou contribuir com a Previdência.
No caso dos entregadores e entregadoras, a pesquisa mostra que 80% são chefes de família, e que sua idade é de 32 anos, em média. Outro dado revelado pela pesquisa é que outras três pessoas, em média, dependem da sua renda. “Isso mostra a importância desse trabalho para os entregadores e para a nossa economia”, comenta Debora.
Para a maioria, fazer entregas por meio de aplicativos não é seu único trabalho: 52% das pessoas entrevistadas disseram ter outra fonte de renda. “Esse dado revela que o delivery é um trabalho complementar para esses entregadores”, diz Debora.
Quem tem outra atividade encara o trabalho com o app como um complemento de renda ou como uma fonte significativa de ganhos, mas não a maior. Apenas 14% dos entrevistados disseram que os apps são sua maior fonte de renda.
O que os entregadores acham do regime de trabalho e da Previdência
A maioria dos entregadores consultados tem uma percepção favorável ao modelo atual de trabalho. Segundo a pesquisa, 77% preferem manter esse modelo, no qual têm autonomia para escolher seus próprios horários e recusar viagens a qualquer momento, em vez do vínculo tradicional com as normativas previstas hoje na CLT (Consolidação das Leis Trabalhistas).
Mas a maioria (87%) concorda com a afirmação de que é preciso garantir mais direitos e benefícios, desde que não interfiram na flexibilidade.
O Datafolha também questionou as pessoas entrevistadas sobre os benefícios que recebem. Mesmo entre quem tem outra fonte de renda além dos aplicativos de entrega, 47% não estão cobertos pela Previdência Social.
Já entre o total de entregadores que responderam à pesquisa, 32% não contribuem com o INSS (Instituto Nacional do Seguro Social) e não têm plano de previdência privada. Ao mesmo tempo, a maioria (63%) disse que contribuiria se a plataforma recolhesse o valor devido ao INSS automaticamente.