Como funciona a inteligência artificial da robô ADA?

Descubra como essa simpática robozinha consegue se localizar e driblar obstáculos para melhorar a eficiência nas entregas do iFood

A robô ADA já ficou conhecida nos corredores do Shopping Iguatemi de Ribeirão Preto. Desde 2021, ela retira pedidos nos restaurantes que ficam mais longe da praça de alimentação e leva para o hub onde os entregadores pegam a comida para levar até a casa dos clientes.

Em 2022, a ADA está expandindo seus horizontes, e já começou a passear em um condomínio de casas, também em Ribeirão, onde o iFood está testando esse tipo de entrega. Mas como essa maquininha tão simpática consegue reduzir o tempo do delivery e otimizar o trabalho dos entregadores (tudo isso sem poluir o ambiente)?

Essa é uma história de inovação 100% brasileira, com muita inteligência artificial. A ADA nasceu de uma parceria entre o iFood e a Synkar, empresa nacional especializada em inteligência artificial. Ela é uma robô inteligente e extremamente cautelosa: nenhum incidente foi registrado até aqui.

No iFood, ela atua na primeira e na última milha da entrega, ou seja, quando o pedido sai do restaurante e chega até as mãos dos entregadores (primeira milha) e quando os entregadores chegam ao destino para finalizar a entrega (última milha). “No shopping, a primeira milha demorava 15 minutos. Com a ADA, reduzimos esse tempo em 40%”, explica Lucas Assis, CTO e co-fundador da Synkar.

Já nos condomínios, a ADA está sendo testada para atuar na última milha e promover uma entrega segura e sem contato para o cliente —além de otimizar o tempo dos entregadores, que apenas precisam deixar o pedido na portaria do condomínio, pois quem leva a comida até cada casa é a robô.

Como a ADA funciona

Andar sozinha em um ambiente fechado ou aberto com obstáculos móveis ou estáticos parece algo muito complexo. Afinal, como a robô sabe o caminho do restaurante até o hub do iFood? E o que acontece quando aparece um obstáculo no trajeto?

Ela dá conta de tudo isso com o apoio de alguns tipos de inteligência artificial. “Não existe uma única solução que controla tudo, e sim dezenas de técnicas usadas em conjunto para chegar a uma solução como a ADA”, explica Lucas. Existe, portanto, uma técnica de inteligência artificial e de robótica para navegação, outra para localização e outra para percepção.

Trocando em miúdos: a ADA conta com mais de dez câmeras, de diferentes características, que apoiam toda essa operação. É a partir das câmeras que a inteligência artificial da robô consegue detectar um obstáculo e tomar uma decisão, como desviar desse empecilho ou parar completamente até que um obstáculo móvel (como um adulto, uma criança ou um animal) passe por ela.

Outra técnica de inteligência artificial permite que, ao circular por um ambiente externo, a ADA saiba diferenciar o que é calçada, rua, grama, ciclovia ou árvore, por exemplo. Ela também consegue saber onde está e como se localizar, mesmo em um ambiente fechado.

Lucas explica que, para que isso aconteça, a ADA faz um primeiro passeio, no qual grava todo esse repositório digital na sua mente. “Disso, ela faz uma memória visual em 3D do ambiente para que saiba onde está”, explica o CTO.

A robô que faz (quase) tudo sozinha

A ADA sabe exatamente o que precisa fazer e o caminho que precisa percorrer para levar o pedido até um entregador ou cliente. Mas, às vezes, imprevistos acontecem. Pode ser uma mudança de decoração no shopping para o Natal, por exemplo, ou uma interdição temporária no meio do caminho. E aí?

A robozinha também é dotada de algumas métricas que determinam se o ambiente gravado em sua memória tem uma boa correspondência com o ambiente “real”. Quando esse índice cai, é preciso que uma pessoa leve a ADA para fazer um novo reconhecimento de campo e entender o que mudou.

Se, por acaso, a robô não encontrar uma solução, aí ela toma uma atitude bem “humana”: pede ajuda. E o centro de comando e controle que monitora a operação assume as ações da ADA quando ela não consegue resolver algo ou fica em dúvida sobre a melhor opção.

Desse centro, uma pessoa consegue acessar as câmeras da robô e as informações do que ela estava fazendo, do que viu e por que resolveu pedir ajuda. Esse conjunto de informações vai ser utilizado para que um ser humano tome a melhor decisão.

“Em um condomínio com uma rua com fluxo de veículos um pouco maior, por exemplo, o nosso sistema chama o operador para fazer a supervisão e ele consegue controlar a robô para que ela atravesse a rua. Depois ela volta a ser autônoma e faz a entrega”, explica Lucas.

As próximas evoluções da ADA

A ADA já está indo longe, mas não para por aqui. O objetivo é ter uma robô mais independente, que consiga interagir mais com as pessoas e realizar mais viagens. Esse é o tripé de melhorias para a próxima versão da ADA a partir de tudo o que foi aprendido em Ribeirão Preto.

Uma das melhorias previstas é que a ADA junte as informações que ela recebe durante suas missões para melhorar a sua memória e assim pedir menos ajuda aos humanos. Outro ponto é dotá-la de mais sinais luminosos, telas, alto-falante e microfone para melhorar a interação entre robô, entregador e cliente. E de aprimorar suas baterias para aumentar sua autonomia em serviço.

Por enquanto, a ADA está circulando só em Ribeirão Preto mas os planos são de expansão, tanto para a operação em shopping como em condomínios. Será que um dia veremos a robozinha nas ruas, realizando entregas por aí?

“A ADA não vai substituir nossos entregadores no futuro. Ela é uma solução para melhorar a eficiência em trajetos complicados e demorados para os entregadores, como ter que circular dentro de shoppings e de grandes condomínios”, afirma Fernando Martins, head de logística e inovação do iFood.

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