Como colocar em prática o capitalismo consciente?

Hugo Bethlem, presidente do Instituto Capitalismo Consciente no Brasil mostra como as empresas podem gerar mais valor à sociedade

O capitalismo trouxe muitos avanços à sociedade, como novas tecnologias, prosperidade econômica e o aumento da longevidade, lista Hugo Bethlem, presidente do Instituto Capitalismo Consciente no Brasil, e head de propósito da Bravo GRS. 

“Por outro lado, nos últimos 50, 60 anos, também tem provocado destruições em massa, mudanças climáticas e desigualdade. Este é o capitalismo que a gente chama ‘da Velha Economia’”, explica ele em sua aula para o curso “Nova Economia para Jornalistas” que o iFood realizou em setembro em parceria com a Folha de S.Paulo.

Na Nova Economia há mais espaço para o capitalismo consciente, um modelo no qual as empresas se guiam por um propósito e geram valor não só para os seus acionistas (como na “Velha Economia”), mas também para a sociedade como um todo. 

“O capitalismo consciente existe desde 2013 para transformar o jeito de fazer negócios e diminuir as desigualdades com uma gestão mais humana, ética e sustentável nas empresas. Isso é o que a gente acredita que seja uma Nova Economia”, disse Hugo à plateia.

Visão centrada nas pessoas

Em vez de centrar no lucro, a visão do capitalismo consciente foca nas pessoas. “A maximização dos lucros para os acionistas não pode mais ser feita às custas da dor e da miséria dos outros stakeholders. A gente troca a visão centrada no lucro pela visão centrada na vida das pessoas, do planeta e das espécies”, explica. 

Sem deixar de pensar no retorno aos acionistas, esse novo modelo segue alguns princípios: um negócio é bom quando cria valor, é ético quando se baseia na troca voluntária, é nobre quando eleva a existência humana —e heroico quando tira as pessoas da pobreza gerando prosperidade.

“Nós entendemos que o capitalismo continua sendo a melhor forma de gerar riqueza e inclusão social elevando a dignidade das pessoas. Mas tem que ser um capitalismo de stakeholders, ou seja, só é bom para os acionistas se for bom para todos. E só vai funcionar se todos tiverem oportunidades iguais na partida.”

Como fazer isso?

De saída, todo mundo deve estar alinhado com o propósito da companhia, que é a resposta para a pergunta “qual é a dor da sociedade que propomos resolver”? “Quando se alinha esse propósito a uma visão estratégica, que não é quanto dinheiro eu vou fazer e, sim, como vou fazer esse dinheiro, gera-se um tremendo impacto social”, afirma Hugo.

Para ele, essa é a evolução para uma Nova Economia. “Nós saímos do capitalismo onde só o acionista importa para o capitalismo de stakeholder, onde gerar bem-estar e riqueza para todas as partes interessadas é fundamental enquanto se maximiza o retorno justo para os acionistas”, completa.

Outro ponto importante nesse novo ecossistema é que os líderes devem buscar harmonizar os interesses de todos. “Não é alinhar, já que os interesses dos colaboradores, dos consumidores, dos fornecedores jamais serão os mesmos. Mas eles precisam, sim, seguir na mesma direção, com espírito de aliança para buscar os resultados esperados. Dessa forma, a empresa gera valor para todas as partes interessadas.”

Para Hugo, chegou o momento de as empresas estabelecerem um novo tipo de contrato com a sociedade. “Precisamos repensar as questões que foram afetadas pelas mudanças tecnológicas, demográficas, pela crise climática, pela pandemia”, diz. “Quando a iniciativa privada trabalha para entregar valor à sociedade e ao meio ambiente, isso volta em valor para o negócio e para a marca em curto prazo. É preciso pensar em ser a melhor organização para o mundo.”

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