No dia 26 de maio, Luana Ozemela, vice-presidente de impacto social do iFood, recebeu o Prêmio Sim à Igualdade Racial na categoria Liderança.
A premiação é promovida pelo ID_BR (Instituto Identidades do Brasil), com patrocínio do iFood, e reconhece pessoas, empresas e iniciativas que atuam ativamente pela igualdade racial no Brasil.
“O primeiro papel de quem está na liderança é não se calar diante das desigualdades. Foi isso que eu disse no palco, ao receber o prêmio”, afirma a executiva. “Líderes não podem se tornar apáticos diante da injustiça social.”
Depois da premiação, Luana falou um pouco mais ao iFood News sobre como líderes podem agir para reduzir desigualdades sociais—confira, a seguir, a entrevista.
iFN – Qual é o papel das lideranças das empresas no combate à desigualdade racial?
Luana – O primeiro papel de quem está na liderança é não se calar diante das desigualdades. Outro ponto importante é trazer o pragmatismo para enfrentar também as questões sociais.
Se a gente pudesse usar as ferramentas de planejamento e gestão do setor privado, aprimoradas, na construção permanente de políticas raciais, por exemplo, teríamos avançado muito mais.
O papel da liderança é impulsionar o avanço das políticas públicas e privadas de redução das desigualdades com a mesma força, a mesma técnica, usando ferramentas tão sofisticadas —e com o mesmo volume de investimentos para alcançar esses outros indicadores.
Hoje não temos, no enfrentamento das desigualdades sociais, o mesmo senso de urgência que se aplica na busca de outros indicadores, como o de rentabilidade no setor privado ou os econômicos, no setor público.
iFN – De que forma isso pode ser feito?
Luana – É preciso tornar essa pauta importante não só para a sua organização, mas também para outros stakeholders. Os líderes precisam se tornar catalíticos.
Digo isso porque uma liderança não vai conseguir resolver o problema sozinha. Os líderes precisam também conseguir influenciar todo o ecossistema ao seu redor.
O papel dos líderes é ter influência sobre os seus pares para reverberar as mudanças que estão fazendo em suas empresas. Por isso, quem está na liderança precisa cultivar essa construção em rede.
iFN – Ter mais representatividade em espaços de poder colabora para que isso aconteça?
Luana – Sim. É extremamente importante ter mais representatividade, ver mais pessoas negras na liderança, tendo esse papel de influência. Eu acredito muito que, quanto mais a gente vir essa representatividade acontecendo, teremos mais dessa atuação em rede.
Só as pessoas negras e as sub-representadas nesses espaços, que podem ser também pessoas indígenas, por exemplo, conseguem enxergar alguns aspectos que as outras não veem. Existe uma experiência que só essa pessoa viveu e pode trazer para o debate.
Essa representatividade também é importante para inspirar outras pessoas que estão em ascensão. Hoje vemos que o número de pessoas negras está aumentando nas empresas nos níveis mais técnicos. Mas ainda não vemos muitas na liderança. A boa notícia é que estamos vendo mais pessoas negras saindo das universidades.