Pela primeira vez, um estudo da Brasscom (Associação das Empresas de Tecnologia da Informação e Comunicação) mostra que o crescimento da contratação de mulheres pretas e pardas na área de tecnologia (13,3%) foi superior ao de mulheres brancas, asiáticas e indígenas (10,3%) —e também em relação ao de homens negros (10,7%).
Isso aconteceu em 2021, quando 56,3 mil vagas foram geradas para mulheres no setor de TIC (Hardware, Software, Serviços e Comércio) e 34,5 mil profissionais negros foram contratados.
“Consideramos uma vitória esse número, especialmente o aumento das mulheres pretas no setor de TIC. Mas ainda temos muito trabalho a fazer para garantir a equidade racial e de gênero no setor’’, disse o presidente da Brasscom, Sergio Paulo Gallindo.
No ano, a área de TIC empregou 1,1 milhão de profissionais. A maioria (53%) era branca, 25,8% eram pardas e 4,3%, negras. Em termos percentuais, a representatividade de pessoas pretas e pardas nesse mercado se manteve constante entre 2019 e 2021: 30% dos trabalhadores, o que em 2021 significou 330.416 profissionais.
Segundo o relatório, apesar de as mulheres serem maioria (51,5%) na população brasileira, elas representam menos da metade (38,6%) dos profissionais contratados em TIC no mercado formal —um avanço em relação ao número de 2020, que foi de 32,6%.
Mulheres assumem funções técnicas
O levantamento também mostra que, apesar do crescimento, as mulheres negras ainda são menos presentes nas contratações TIC, ficando com 11,6% das vagas —os homens negros representam 18,4%. Quando se faz um recorte racial, as pessoas negras ocupam 30% dos postos de trabalho, contra 53% das pessoas brancas e 1% de pessoas asiáticas.
As mulheres, no geral, ainda estão mais presentes nas áreas de suporte do que nas técnicas. Segundo o levantamento, elas continuam dominando em áreas como Administrativo, Financeiro e RH (onde ocupam 63% dos cargos), vendas e marketing (52%), mas são minoria nas áreas de TIC, P&D e Engenharia (20%) e serviços industriais (30%).
Além disso, o crescimento da representatividade feminina nas contratações se deu mais em funções técnicas do que de gestão. Apesar de a presença das mulheres em cargos de valor agregado ter crescido 20,4% em relação a 2020, elas ainda são minoria em cargos de diretoria e gerência (36%) e de coordenação/especialista (30%).
Para a Brasscom, esses números revelam que ainda há necessidade de promover ações que levem ao aumento da empregabilidade de mulheres, negras e brancas, e de homens negros no setor de TIC. E destaca que a capacitação em tecnologia é essencial para potencializar as oportunidades para a população negra.
