Existem empreendedores que visam mais do que o retorno financeiro. Alguns criam negócios sociais e reinvestem todo o lucro no aumento de seu impacto ambiental. Outros seguem a cartilha do capitalismo consciente, no qual ter lucro é um meio necessário para atingir um propósito maior e criar valor para todos os stakeholders (pessoas interessadas ou afetadas pelas práticas de uma empresa) —como faz o iFood, que aderiu a esse movimento.
Já existem muitos novos negócios com esse perfil no Brasil. E alguns deles já estão sendo reconhecidos com indicações a prêmios e listas importantes do setor. Quer um exemplo? Conheça, a seguir, cinco startups brasileiras que têm como premissa causar um impacto social ou ambiental positivo no mundo.
Gestão do lixo
A Trashin foi listada como uma das startups de impacto que vale a pena acompanhar no guia 100 Startups to Watch, da Pequenas Empresas & Grandes Negócios. Ela é uma startup focada em logística reversa e especializada em coleta seletiva e gestão de resíduos de grandes empresas, como a Alpargatas, a Movida e o iFood.
A empresa desenvolve coletores, painéis e relatórios interativos e customizados para cada cliente e estimula a mudança de comportamento com materiais educativos sobre o descarte correto de resíduos. Com isso, já coleta mais de 500 toneladas de lixo todo mês. Em 2021, a Trashin recolheu 1.300 toneladas de lixo e gerou uma renda de R$ 591.480 com esses resíduos.
Inclusão pela beleza
A Belezinha, uma das finalistas do Prêmio Empreendedor Social da Folha de S.Paulo, oferece cursos gratuitos e rápidos para que mulheres (muitas delas mães solteiras) que vivem na favela de Paraisópolis, em São Paulo, possam gerar renda com serviços de beleza.
Para isso, a startup oferece equipamentos, material e formação gratuita não só em técnicas de cabelo e maquiagem mas também em habilidades socioemocionais e empreendedorismo. Hoje, está em operação também nas favelas da Rocinha (RJ), do Alemão (RJ) e com expansão para Comunidade de Sol Nascente em Brasília e Nosso Moinho em Juiz de Fora.
Em 2021, a Belezinha abriu a primeira turma no pavilhão do G10 Favelas, com cursos que formam escovistas em oito aulas —metade da duração de outras formações. Mais de mil mulheres e homens já passaram pela capacitação, e 40% foram contratados por grandes salões de beleza do Brasil.
Contra a violência doméstica
A startup Mete a Colher, que usa a tecnologia para dar apoio a mulheres que sofrem violência doméstica, já foi uma das vencedoras na categoria Impacto Social do Startup Awards. Sua plataforma, a Tina, pode ser adquirida por empresas que querem proteger suas funcionárias e oferecer ajuda psicológica e social por meio de um chat no qual a usuária não precisa se identificar.
Quando necessário, o caso é levado à polícia ou para redes de apoio para as mulheres. A startup tem mais de 14 mil mulheres conectadas e já ajudou mais de 4.000 a sair dessa situação abusiva. A Mete a Colher também faz palestras educativas e cria campanhas de combate à violência contra a mulher.
App para cuidar do diabetes
A Glic foi uma das startups selecionadas em 2021 para o BNDES Garagem – Negócios de Impacto, que dá apoio gratuito a empreendedores nascentes para alavancar seus negócios. Essa plataforma conecta quem tem diabetes a médicos e nutricionistas para fazer acompanhamento dessa doença crônica por meio de um aplicativo.
O app ajuda os diabéticos a controlar a glicemia e a ter uma rotina de cuidado usando funcionalidades como consulta e registro de carboidratos ingeridos, cálculo de dose de insulina, lembretes de medicamentos e registro de glicemia.
A plataforma também usa sistemas de suporte à decisão de tratamento e WhatsApp bots para interagir com os usuários e coletar dados que podem ser utilizados por empresas farmacêuticas e operadores de saúde.
Teleatendimento contra o câncer
Em 2022, a Anariá, da SAS Brasil, foi indicada como um dos dois projetos brasileiros que estão na lista dos 40 vencedores globais do World Summit Awards (WSA), maior premiação mundial de conteúdos digitais que promovem impacto social.
Essa plataforma promove teleatendimento oncológico e de ginecologia para fazer o rastreamento de lesões que podem ser precursoras de câncer de colo de útero. Em seus consultórios instalados em contêineres, a empresa realiza exames e trata lesões para que o câncer não avance. Em outra frente, o Anariá capacita profissionais locais para lidar com o tema da violência doméstica.