Tecnologia permite cultivar alimentos em espaços fechados com alta produtividade
Quem disse que uma plantação não pode brotar dentro de um prédio? As hortas urbanas estão ganhando espaço com a proposta de tornar as cidades mais verdes —e a agricultura mais tecnológica.
Qualquer empresa que tenha uma área ociosa pode aproveitá-la para fazer uma horta urbana e usar a colheita, por exemplo, para preparar as refeições que são servidas à sua equipe. O iFood, que tem uma horta urbana em sua sede, doa toda a produção mensal, de cerca de 1,7 tonelada, para o Banco de Alimentos de Osasco.
E o espaço não precisa ser tão grande assim. “Nosso próximo projeto com o iFood usa uma área de 300 m² para produzir a mesma quantidade que em Osasco, que tem uma área três vezes maior”, explica Giuliano Bittencourt, fundador da Begreen, responsável pela horta urbana do iFood.
Isso é possível com a verticalização da horta, que permite ter diversas camadas de produção na mesma área para produzir toneladas de alimentos e alimentar milhares de colaboradores por dia.
Qualquer área vale, inclusive espaços fechados. O ideal é que tenha luz natural do sol; se não houver, lâmpadas de LED fazem esse papel. Essa é apenas uma das tecnologias usadas para otimizar todas as variáveis do cultivo.
Na horta urbana, 100% da produção é controlada. Como a temperatura, a umidade, a luminosidade, a oxigenação e outras variáveis são reguladas, a produtividade por metro quadrado chega a ser 28% superior à de fazendas convencionais, segundo Giuliano. “Com bastante tecnologia embarcada, dá para produzir muito em pouca área. E consumindo 90% menos água”.
Só não dá para fazer uma horta urbana onde não há consumo suficiente —o ideal é partir de 1,5 tonelada por mês, para que o investimento faça sentido economicamente. Descubra, a seguir, quais são os passos para ter uma horta urbana na empresa.
Como se preparar para ter uma horta urbana
1 – Defina o destino
O primeiro passo do projeto é decidir qual será a destinação dos alimentos produzidos. Em geral, o que as empresas plantam é usado em seu refeitório, mas algumas companhias, como o iFood, doam os alimentos.
2 – Calcule a demanda
Estipular o consumo mensal de alimentos (ou a meta de doação) é uma diretriz importante para que se calcule a área necessária para que a horta supra essa demanda. “É como se o built to suit virasse um farm to suit. O projeto atende exatamente à necessidade da empresa”, comenta Giuliano.
3 – Escolha os alimentos
Qualquer verdura ou legume que cresça acima da superfície da terra pode ser cultivado em hortas urbanas. Alguns exemplos são as hortaliças folhosas (como alface, rúcula, agrião) e os temperos (tomilho, alecrim, manjericão, salsinha, cebolinha e coentro), além de tomate, berinjela, pepino, pimentão e abobrinha.
4 – Prepare o terreno
Para receber a horta, é preciso disponibilizar um ponto de energia e um de água para abastecer a produção. Ao reduzir em 90% o consumo de água no cultivo, uma horta urbana do porte de 1000 m2 consome a mesma quantidade do líquido que um dia de uso de banheiro na empresa. “Cada planta consome 1 litro de água por mês”, explica Giuliano. “Já o aumento de energia é irrisório.”