Livro traz práticas antirracistas e cultura africana para escolas

Professores de Vitória (ES) compartilham iniciativas para combater o racismo e trazer mais protagonismo às crianças negras

O combate ao racismo começa na escola. E o conhecimento sobre a cultura afro-brasileira também. Afinal, muitos dos valores que levamos para a vida são sedimentados na infância e na adolescência.

Em Vitória (ES), o sistema municipal de ensino tem se preocupado em aprofundar essa discussão. Nesse movimento, 16 professoras e professores compartilham, em um novo livro, boas práticas e reflexões sobre como desenvolver um currículo escolar para um ensino mais igualitário e diverso.

Eles lançaram, em dezembro, o livro “Relações étnico-raciais na Educação Infantil – Diálogos com a literatura afro-brasileira e africana, corporeidade e danças populares”. Ele é um e-book que está disponível online.

A obra é fruto de uma parceria entre a Secretaria Municipal de Educação de Vitória e a Universidade Federal do Espírito Santo em projetos de pesquisa e de formação continuada. Por isso, traz iniciativas realizadas por educadores, como atividades formativas de educação antirracista.

Um dos temas fundamentais do livro é a necessidade de incluir, nas instituições de ensino, conteúdo pedagógico que valorize a cultura afro-brasileira para fortalecer a identificação das crianças com múltiplas etnias.

Assim, a literatura, danças e elementos de outras artes afro-brasileiras passaram a integrar muitos programas curriculares nas escolas de Vitória.

Práticas antirracistas

O livro também aborda as práticas antirracistas e o preparo dos docentes para lidar com o racismo, o que vai além da transmissão de um conteúdo curricular inclusivo.

Isso porque, no dia a dia, professores e professoras precisam estar atentos a atitudes e comportamentos das crianças que evocam padrões a serem quebrados.

Um dos capítulos do e-book descreve uma situação em que uma menina negra se recusou a soltar o cabelo em uma aula de dança por ele ser crespo. A própria criança utilizou a expressão “cabelo ruim”, reproduzindo falas racistas. Coube às professoras envolvidas no episódio adotar uma narrativa que despertasse na estudante outro tipo de percepção.

Partir das vozes das crianças para estabelecer didáticas, segundo o livro, é outro eixo de apoio de metodologias de ensino que visam à diversidade étnico-racial. E a aproximação dos pais e das famílias do ambiente de aprendizado escolar também se faz importante nesse processo.

Protagonismo preto

As autoras e os autores do livro incluem na obra diversos relatos de casos de práticas pedagógicas realizadas nas escolas infantis de Vitória.

Um dos projetos analisados organiza atividades infantis a partir do livro “O pequeno príncipe preto”, do artista plástico e articulador cultural Rodrigo França.

Inspirado no clássico “O pequeno príncipe”, de Antoine de Saint-Exupéry, Rodrigo reorienta a fábula colocando um menino negro como protagonista da história. A revisão de protagonismos nas relações sociais, aliás, é considerada um dos desafios das práticas antirracistas nas escolas, segundo a obra.

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