Existem muitas questões ligadas aos desafios do delivery e ao futuro desse modelo de negócio. Em um artigo para a Forbes, o analista especializado em comida e consumo Phil Lempert faz uma provocação: será que a felicidade importa mais do que a velocidade da entrega?
Para ele, é preciso adicionar um ingrediente importante à discussão sobre o sucesso do delivery: a relação das pessoas com a comida. Afinal, comer é uma experiência fundamental para a nossa existência, não só pelo aspecto nutricional mas também pelo prazer.
No Brasil, por exemplo, a maioria das pessoas diz que pede delivery mais por prazer do que por conveniência, de acordo com uma pesquisa realizada pela consultoria inglesa Kantar em 2022.
O articulista explica que a nossa ligação com o que comemos é complexa e influenciada pela cultura ao nosso redor e pelos nossos sentimentos. “A forma como comemos e nos relacionamos com a comida tem um impacto significativo em nossa sensação geral de bem-estar e em nossa vida”, escreve.
Para Phil, os serviços de entrega de comida nos Estados Unidos não parecem seguir essa linha de pensamento —o que pode colocar em risco o futuro de seus negócios. “Para sobreviver, a entrega de alimentos deve ser rentável para todas as partes e acessível para os consumidores.”
Crescimento do delivery
Outro ponto levantado na análise do delivery diz respeito à pandemia de Covid-19. Devido ao lockdown, ela forçou os estabelecimentos a operar no sistema de entrega para que pudessem sobreviver. Com o fim do isolamento, a pergunta é: por quais direções caminha essa tendência?
De acordo com uma pesquisa global da Bloomberg, os pedidos online de restaurantes atingiram em 2021 cerca de 40% de suas vendas totais, somando um montante de pouco mais de US$ 22,4 bilhões. Desde 2014, o crescimento dos pedidos para entrega cresceu 300% mais rápido do que as vendas no local.
Outro dado significativo, levantado pela CB Insights, é o de que o tamanho do mercado de entrega de alimentos atingirá US$ 320 bilhões até 2029.
Melhorar a experiência do cliente
Ainda assim, Phil pondera que, apesar da evidente ascensão das compras online, é preciso melhorar a experiência dos clientes com a entrega. E isso não quer dizer entregar mais rápido.
“O mantra das empresas iniciantes de entrega de alimentos era ‘velocidade’: escolher o pedido e entregá-lo ao cliente em cerca de 15 minutos. Esses experimentos falharam”, escreve.
Ele dá o exemplo de uma mudança de direção, a da Instacart, líder norte-americana em entrega de supermercado. Em vez de acelerar a entrega, a plataforma passou a oferecer um conjunto de serviços para os varejistas, como ferramentas para gestão de estoque, suporte para anúncios e compartilhamento de percepções do consumidor.
“Empresas de entrega de supermercados e restaurantes são as culpadas pelo descontentamento em torno da entrega de alimentos. Esqueceram que tudo se resume à comida; e não há nada mais humano do que comida.”