Saiba o que significa esse conceito e como ele vem sendo aplicado pelo mundo
Mais da metade (55%) da população do mundo vive em cidades, que devem crescer ainda mais no futuro. Em 2050, essa proporção vai chegar a 70%, segundo a Organização das Nações Unidas. Com muito mais gente circulando nas áreas urbanas, é preciso repensar desde já a maneira como nos movimentamos por elas.
O modelo de transporte individual, a passeio ou a trabalho, não comportaria o vaivém diário de 6,8 bilhões de pessoas. Por isso, mais atenção tem sido dedicada à multimodalidade, ou seja, como viabilizar o uso de vários meios de transporte para chegar ao seu destino da melhor maneira possível, em termos de conforto, rapidez e economia.
Isso significa, por exemplo, ir de bicicleta ou patinete até o ponto de ônibus ou a estação de metrô ou trem, e até mesmo combinar vários meios de transporte coletivos pagando uma só tarifa. E, quando necessário, pedir um táxi ou carro de aplicativo.
“O transporte coletivo continua sendo a espinha dorsal da multimodalidade, porque é a melhor solução para o deslocamento em massa em uma cidade eficiente e sustentável. A alta demanda requer alta capacidade”, comenta Marcus Quintella, diretor da FGV Transportes.
A partir desse eixo central, aponta Quintella, mais modais vão se integrando, como bicicletas, patinetes e táxis, para dar mais conforto às pessoas ou para oferecer soluções não poluentes a quem tem a possibilidade de usar esse tipo de veículo.
“A cidade do futuro terá uma maior integração entre todos os meios de transporte, com opções bem planejadas e que incorporem modais não poluentes”, afirma o especialista. “Dessa forma, cada pessoa pode escolher como combinar esses modais para ter mais qualidade de vida e reduzir o gasto de tempo e de dinheiro no deslocamento.”
Cidades que são exemplo
Segundo Quintella, as cidades brasileiras ainda precisam melhorar no quesito integração, tanto tarifária (permitir descontos ou pagar uma única tarifa para usar todos os meios) como física, para que um meio complemente a rota percorrida por outro.
Mas, ao redor do mundo, algumas cidades já estão colocando esse plano em prática. Entre elas, Quintella destaca Hong Kong, por ser densamente povoadas do mundo e ter um sistema de transporte público eficiente, barato e sustentável.
Lá, a rede de transporte é usada por 90% dos habitantes, que se locomovem combinando ônibus pequenos, médios e grandes, trens, metrôs, bondes e balsas, pagando tarifas que variam conforme o horário de deslocamento e o perfil social de cada um. “O governo também atua incentivando o uso de veículos menos poluentes, como os movidos a gás, com isenção de impostos, por exemplo.”
Falando em mobilidade sustentável, a cidade de Estocolmo se destaca por ser a líder do ranking das cidades que mais evoluem nessa área, o Urban Mobility Ready Index 2021. A capital sueca teve um aumento no número de ciclistas e investe continuamente em estações de recarga de veículos elétricos e infraestrutura de micromobilidade.
Para dar mais opções de locomoção, o ranking destaca o aumento do acesso a bicicletas compartilhadas em Berlim (Alemanha) e do número de ciclovias em Boston (EUA), Londres (Inglaterra) e Milão (Itália) —e o fato de Paris (França) ter se comprometido a ter mais 180 km de ciclovias e quadruplicar o número de vagas para bicicletas, chegando a 240 mil até 2026.
Quintella cita Paris como um bom exemplo de multimodalidade, assim como Amsterdã, Tóquio e Barcelona. “São cidades que estão evoluindo em mobilidade urbana para dar mais opções a moradores e turistas”, diz.
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