Costumam dizer que gosto é gosto, cada um tem o seu. Mas, na hora de tomar um cafezinho, surge a dúvida – ou a polêmica: adoçar ou não adoçar? Eis a questão. Aliás, seria o açúcar no café um hábito condenado pelos especialistas?
O blog Café na Prensa foi atrás dessa resposta. E dá pra dizer que ela não é doce nem amarga – está no meio do caminho.
Afinal, além de depender da preferência de cada um, a prática de colocar açúcar no café também está ligada ao tipo da torra do grão, por exemplo.
Cafés especiais bem torrados têm uma doçura natural e, portanto, não despertam tanto aquele desejo de usar o açúcar para mascarar o amargor do sabor.
Por outro lado, os cafés tradicionais, que são os mais em conta e em geral encontrados nos supermercados, costumam ter uma torra mais escura, o que acentua o seu gosto amargo.
Esses cafés acabam induzindo mais as pessoas a optarem por adoçar a bebida. E eles são maioria nas xícaras do Brasil: a estimativa é que 95% dos brasileiros tomem cafés tradicionais, ainda mais porque os especiais são mais caros.
Como consequência, o time dos que adoçam o café é maior que o dos que não adoçam. Pesquisa da Abic (Associação Brasileira da Indústria de Café) aponta que 56% dos brasileiros colocam açúcar no café, seja ele com leite ou puro.
Tem outro ponto nessa história, como lembra o sociólogo Carlos Alberto Dória. Segundo ele, o hábito do cafezinho cresceu no Brasil de mãos dadas com o consumo do açúcar, que, por sinal, ganhou corpo incentivado pela indústria alimentícia.
Nessa ciranda de influências e de circunstâncias, não faz sentido apontar o que é certo ou errado ou simplesmente julgar o consumidor que prefira o café com açúcar.
Doçura natural versus açúcar no café
Nem mesmo os baristas mais exigentes entram nesse amargo radicalismo. Na opinião desses especialistas, a adição do açúcar tem a ver mesmo é com o paladar de cada um.
Um dos experts mais famosos do mundo, o norueguês Tim Wendelboe, frisa que tomar café com açúcar “é um gosto adquirido”. Dessa maneira, a apreciação do sabor natural do café, mais amargo, sem aditivos, é algo gradual, desenvolvido aos poucos.
Até esse mestre diz usar açúcar em alguns de seus cafés, como nos gelados, para realçar os sabores frutados.
O que Wendelboe e outros conhecedores destacam como fator de decisão para usar ou não açúcar é a doçura natural dos cafés de maior qualidade. Então, quem toma essas especialidades acaba diminuindo a necessidade de adoçar a bebida.
Por sinal, reduzir o açúcar favorece a saúde, pois o café puro até ajuda a prevenir o diabetes. Esse benefício se perde quando ele é adoçado.
Uma dica importante para quem eventualmente deseja minimizar a quantidade de glicose que consome: antes de colocar açúcar no café, prove a bebida.
Tem cafezinho que, dependendo do tipo, nem precisa tanto de um adoçamento adicional. É o que acontece no caso de torras claras ou médias. Já o extraforte, bem, esse é para os fortes mesmo. E vai acabar pedindo mais açúcar.