Por Gustavo Caetano, fundador e CEO da Sambatech*
A pandemia de Covid-19 trouxe a educação a distância (EAD) para a realidade de muita gente. Só aqui na Sambatech, temos 20 milhões de pessoas usando a nossa tecnologia para aprender online, fazendo desde um curso universitário até aulas de finanças pessoais. Mas eu costumo dizer que esse é só o começo. Hoje, estamos vivendo a EAD 1.0. A verdadeira revolução da educação digital ainda está por vir.
Em 2020, todo mundo foi para o digital da maneira que foi possível. Em muitos casos, a saída foi pegar a aula de 50 minutos e colocar os professores ali na frente da câmera para falar. Qual é o problema? Não engaja. O conteúdo preparado por eles pode ser tudo de bom: relevante, de qualidade, exclusivo. Mas, se os alunos não participam, não se conectam, o formato tem que mudar. O futuro da EAD é ser uma mistura de conhecimento e experimentação. Caso contrário, a evasão será gigantesca.
A grande questão, nesse caso, é como fazer os estudantes entrarem de verdade na aula. Como permitir que eles testem as coisas, resolvam problemas e conversem com os colegas para trocar ideias como se estivessem na sala de aula. Em educação, é essencial criar mecanismos para os participantes se sentirem parte daquele momento.
É aí que entra o metaverso, que reproduz a realidade em um plano virtual usando dispositivos digitais. A gente coloca um óculos e de repente um está do lado do outro, conversando, em um ambiente inclusivo, com muito mais engajamento, como se aquilo ali fosse a realidade. Um estudante de Medicina pode fazer uma dissecação virtual. Você pode puxar papo com o colega do lado. O metaverso vai ser a grande virada para sair da EAD 1.0 para a 4.0, sua versão mais avançada.
Voltando um pouco, desde que a Sambatech começou a trabalhar com vídeos, em 2008, eu ouço que o grande negócio do vídeo será a realidade virtual, a realidade aumentada. Só que até agora essa tendência não tinha pegado. Hoje é diferente. Com a evolução da tecnologia, os óculos estão menores, com lentes mais avançadas, e tudo isso permite uma imersão realista e uma experiência bem mais inclusiva.
O metaverso vai trazer o clima da sala de aula para perto das pessoas. O ensino a distância atualmente é muito solitário. Esse ambiente de imersão no conhecimento é o que vai trazer valor à EAD. Digo isso porque costumo falar que o digital é um destruidor de valor. No bom sentido, claro.
Tudo o que vai para o digital perde valor porque se ganha em escala. Com a EAD, as mensalidades das universidades, por exemplo, ficaram bem mais baratas. Com o metaverso, os alunos terão a sensação real de estar participando, o engajamento será muito superior. Essa vai ser a virada de um modelo commoditizado, que hoje briga por preço, para um modelo valorizado.
Agora imagina tudo isso mais a combinação de 5G com Inteligência Artificial e computação quântica. A conexão de altíssima velocidade, com Inteligência Artificial para interagir com os alunos e o poder de processamento da computação quântica. As máquinas vão ensinar, e os professores serão os tutores dessas máquinas.
O ensino vai ganhar ainda mais escala, e ao mesmo tempo cada estudante vai ter um professor para si, dando aula no seu tempo, aumentando o grau de dificuldade no seu ritmo. Se não entender, o robô fala de outra maneira, tenta uma nova abordagem (em vez de repetir a mesma coisa ou voltar o vídeo).
Acredito que em 5 ou 10 anos, quando falarmos de EAD, vamos conversar sobre esse tema. Mas será um outro mundo. O grande desafio, desde já, é não colocar barreiras na nossa cabeça. Todo mundo tem idade para aprender e capacidade de mexer com tecnologia. É só abrindo a cabeça que iremos nos preparar para a educação do futuro, aquela que conecta pessoas, valoriza a troca e aproveita o melhor da tecnologia a favor do desenvolvimento humano.
*A Sambatech é uma edtech de soluções para instituições de ensino, cursos livres, preparatórios e empresas. Fundada em 2004, foi eleita uma das companhias mais inovadoras da América Latina pela revista FastCompany, dos Estados Unidos.
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