Renda de motoristas e entregadores por aplicativo cresce 5% acima da inflação

Pesquisa realizada pelo Cebrap com dados de plataformas como o iFood também mostra aumento de 18% no número de entregadores

Entre 2023 e 2024, a renda bruta por hora de entregadores e de motoristas que trabalham por meio de aplicativos teve crescimento real de 5% em relação a 2022. E a atividade continua atraindo cada vez mais brasileiros: no mesmo período, o número de motoristas aumentou 35%, e o de entregadores, 18%, totalizando 2,2 milhões de trabalhadores.

Esses são alguns dos dados preliminares do novo estudo feito pelo Cebrap (Centro Brasileiro de Análise e Planejamento) a pedido da Amobitec (Associação Brasileira de Mobilidade e Tecnologia, da qual o iFood faz parte). 

As informações foram apresentadas em Audiência Pública realizada no STF (Supremo Tribunal Federal) em dezembro de 2024 para debater o trabalho por meio de aplicativos no país – e da qual participou o CEO do iFood, Diego Barreto.

Nesta pesquisa, o Cebrap analisou dados administrativos de entregas e corridas  realizadas por meio de plataformas como iFood, Uber, 99 e Zé Delivery e entrevistou 3.000 entrevistas com motoristas e entregadores (o estudo tem margem de erro de 2,5%). 

O relatório completo ainda será publicado, mas a apresentação dos dados preliminares já traz um breve perfil desses trabalhadores: são, em sua maioria, homens, pretos ou pardos, com idade média de 34 anos (entregadores) e 41 anos (motoristas) e com ensino médio completo.

Autonomia e flexibilidade marcam o trabalho por aplicativos

Entre maio de 2023 e abril de 2024, os entregadores trabalharam em média 39 horas por mês, e tiveram ganhos brutos médios de R$ 31,33 por hora de acordo com o estudo do Cebrap – um aumento de 5% acima da inflação na remuneração em relação ao mesmo período entre 2021 e 2022. Já os motoristas tiveram uma jornada média de 85 horas mensais e renda bruta média de R$ 47 por hora.

Esses dados indicam a natureza flexível e autônoma do trabalho por aplicativo. Segundo o estudo, quase metade dos entregadores (46%) exerce outra atividade remunerada – e 75% querem continuar trabalhando com os aplicativos.

“É importante observar que o trabalho por aplicativos tem uma característica de autonomia e jornada complementar, com renda digna, que atrai cada vez mais trabalhadores. Quem está nas plataformas quer continuar”, comenta André Porto, diretor-executivo da Amobitec.

O gargalo da Previdência

Neste ano, o Cebrap incluiu no estudo perguntas sobre a contribuição previdenciária dos trabalhadores por meio de aplicativos. Esse foi um dos pontos discutidos pelas empresas do setor com o governo e representantes dos trabalhadores de aplicativos no Grupo de Trabalho Tripartite criado para elaborar propostas para a regulação do trabalho por meio de plataformas digitais – do qual o iFood participou. 

A partir desse debate foi elaborado um primeiro projeto de lei sobre motoristas de aplicativo, que está em tramitação no Congresso e que reconhece a natureza autônoma da atividade, apontando para garantias como a inclusão previdenciária da categoria. O projeto não abarca os entregadores, e o tema do delivery segue em debate para a busca de consenso.  

A nova edição da pesquisa do Cebrap mostra que uma parcela significativa de entregadores (38%) e de motoristas (40%) não contribui para a Previdência nem tem plano de previdência pública ou privada. 

Tanto o iFood como a Amobitec defendem que a regulação do trabalho intermediado por plataformas inclua os trabalhadores no sistema oficial de previdência social. “Nós somos a favor da Previdência, de uma contribuição maior (para as empresas) do que a que o entregador tem que fazer. É meu papel, é minha responsabilidade fazer isso”, afirmou o CEO do iFood, Diego Barreto, em Audiência Pública no STF. 

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