No Brasil e no mundo, as empresas aportam mais recursos em inovação do que os governos
Para crescer e ganhar competitividade no cenário global, o Brasil precisa investir pelo menos 2% do seu PIB (Produto Interno Bruto) em Pesquisa & Desenvolvimento (P&D). Dessa forma seria possível emparelharmos com as economias mais competitivas, conclui um artigo do Ipea (Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada).
A questão é que o país investe a metade disso. O último dado disponível, de 2018, mostra que apenas 1,14% do PIB foi investido nessa área. “Desde então, o governo vem investindo bem menos, devido ao contingenciamento de recursos e aos cortes de orçamento”, aponta Gianna Sagazio, Diretora de Inovação da CNI (Confederação Nacional da Indústria). “Os países mais avançados em inovação investem de 3% a 5% do PIB.”
Diante desse cenário, quem vem financiando o investimento em P&D no Brasil é o setor privado. Nove em cada dez empresas usam recursos próprios para investir em inovação —só 10% usam linhas de financiamento público à pesquisa e desenvolvimento (P&D), revela uma sondagem divulgada em março de 2022 pela CNI, realizada com 196 médias e grandes companhias nos setores de indústria e serviços.
“As empresas estão conscientes do valor de investir na inovação para crescer, tanto que mais de 80% de pequenas empresas inovaram durante a pandemia. Mas ainda precisamos de políticas públicas para superar os desafios em educação e para estimular a inovação aberta”, aponta Gianna.
Segundo a pesquisa da CNI, a maior parte das companhias entrevistadas acha importante investir em P&D: em 2020, 73% aportaram recursos para isso, uma alta de cinco pontos percentuais em relação a 2019. Resultado: 19% da receita líquida de vendas dessas empresas vieram da inovação em produtos ou processos.
Em todo o mundo, as empresas investem mais recursos em projetos de P&D do que os governos, segundo a Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE). Em 2017, os Estados Unidos investiram US$ 548 bilhões em P&D, dos quais 62% foram aportados por empresas privadas e 23% pelo setor público. Já na China, a participação do setor privado é de 79%, aponta o Ipea.
E os setores que mais investiram em inovação entre 2018 e 2019 são os de hardware e equipamentos eletrônicos (23,5% do total), produtos farmacêuticos e biotecnologia (18,8%), automóveis (15,6%) e software e TI (14,4%), aponta o Índice Global de Inovação 2020.
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