O iFood é uma startup ou uma grande empresa? O CEO responde

Afinal, o iFood opera como startup ou como uma grande empresa? O CEO Fabricio Bloisi responde e revela como conciliar esses dois lados para seguir crescendo.

Fabricio Bloisi revela como a foodtech se estruturou para operar nos dois modelos ao mesmo tempo

O iFood é uma empresa movida à inovação constante, está sempre testando novas hipóteses, mas que também já tem o porte de um grande negócio, com mais de 270 mil parceiros e mais de 5.000 funcionários por todo o país. Afinal, é uma startup ou uma grande empresa?

“O iFood é os dois e se comporta o tempo inteiro como os dois”, responde seu CEO, Fabricio Bloisi, no terceiro episódio da série “Receita da Nova Economia”, no canal do iFood News no YouTube. Como isso é possível? Ele revela neste vídeo, em que fala sobre um de seus temas favoritos, que considera um dos mais ricos no campo da gestão de empresas: os ciclos de maturidade, das pessoas, das empresas e das tecnologias.

Ciclo de vida em forma de “S”

Fabricio ilustra o ciclo de vida de um produto com uma curva em forma de S, marcando as fases de introdução, crescimento, maturidade e declínio. “Na fase de introdução, startups precisam de dinheiro. O RH crítico são engenheiros e cientistas. O que faz diferença é o know-how, porque a gente está descobrindo operações que ninguém sabe a resposta”, explica. 

Na fase seguinte, a estrutura muda radicalmente. Quando a empresa começa a crescer e já tem um produto que funciona, precisa desenvolver marketing, serviços, processos. “Precisa ter muito mais gerentes gerenciando a complexidade da empresa. Tem que focar muito mais em investir para crescer e em capacidade de marketing e comunicação.”

Com a maturidade, as empresas operam de forma mais estável, mas podem entrar em declínio se seu produto não for mais necessário como era antes. “Entender essa dinâmica é muito importante para as startups perceberem que o jeito como operam é importante neste momento, mas assim que o mercado amadurecer, vai ter que se desenvolver em marketing, serviços, processos”, diz Fabricio. “Para as empresas maduras, essa curva é fundamental para entender que em algum momento aquele mercado vai entrar em declínio. Qual é o plano para que exista uma nova curva e elas continuem sendo empresas relevantes?”

Ciclo de adoção de novas tecnologias

Quando surge uma nova tecnologia no mercado, no início quem compra são os entusiastas e visionários, que são somente 15% do mercado. Quando se passam os primeiros anos e aquela tecnologia funciona, quem começa a comprar é o cliente pragmático, que não está disposto a testar, mas adota o que funciona. 

“É importante saber que a maior parte do mercado é composto por pessoas que só vão comprar um produto novo se souber que funciona”, aponta Fabricio. “E uma boa parte dos consumidores, uma maioria tardia, vai comprar não só quando funcionar, mas quando funcionar e for barato.” E ainda existem os céticos, estimados em 15% do público, que só vão comprar quando não tiverem mais alternativa. 

Ciclo de investimento

Fabricio também mostra que o investimento segue fases diferentes na evolução da empresa. Na fase inicial, os recursos vêm de investidores-anjo, normalmente com pouco capital. “Na fase de alto crescimento, precisa de mais investimento, capital de risco de verdade, de private equity, que são empresas que investem mais dinheiro ainda. E depois vêm as consolidações, fusões e aquisições, e a empresa pode se tornar pública.”

Ciclo de maturidade de pessoas

Pessoas criativas são cruciais no início da história da empresa, pois é preciso inovar. “Preciso de pessoas resilientes e cabeça-dura também. As coisas vão dar tão errado no início que tem que ter aquelas pessoas que não desistem”, aponta o CEO. 

Já a empresa madura precisa de gente mais focada em finanças, realista, que vai encarar o que Fabricio chama de “fatos brutais”, e que sabem se comunicar com com mil ou duas mil pessoas. “As pessoas são diferentes. Eu preciso de todos os tipos de pessoa: dos criativos que vão estar sempre se reinventando, e das pessoas estruturadas, que conseguem rodar um negócio grande”, diz.

Para ele, o ponto mais importante da conversa é: “Para a empresa dar certo, é preciso ser ambidestro: bom em inovar e bom em gerir negócios complexos.” É dessa forma, conta Fabricio, que o iFood opera ao mesmo tempo como uma startup e uma empresa grande.

O segredo para inovar e resistir ao tempo, portanto, é desenhar um ciclo ambidestro, no qual a empresa tem a habilidade de rodar muito bem como startup (para reinventar produtos e seguir inovando) e como empresa grande, para crescer de forma estruturada. “Se você tiver a habilidade de, sucessivamente, operar em todas as fases do ciclo, não só você vai ter uma startup que vai crescer como ela vai continuar grande por muitos anos. É assim que a gente tenta montar e manter a estratégia do iFood.”

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