Pesquisa mostra que pedir online é uma maneira de escapar de desertos alimentares
Nos Estados Unidos, os aplicativos de delivery estão permitindo que milhares de pessoas de baixa renda tenham acesso a alimentos frescos, revela uma pesquisa feita pela Brookings Institution. Isso acontece porque pedir pelos apps é uma alternativa para quem não pode comprá-los pessoalmente.
A pesquisa mostra que cerca de 90% dos norte-americanos que vivem em áreas com baixa oferta de alimentos frescos —os chamados desertos alimentares, uma das causas de fome no país— têm acesso a pelo menos um dos quatro serviços digitais de entrega de alimentos examinados no estudo.
Os pesquisadores analisaram as entregas de alimentos frescos da Amazon Fresh, do varejista Whole Foods, do Instacart, do Uber Eats e do Walmart e descobriram que famílias de baixa renda estão fazendo pedidos de alimentos frescos. E que houve um aumento nesse consumo entre 2020 e 2022, especialmente depois que o governo dos EUA expandiu a oferta de benefícios assistenciais e de vale-refeição para comprar comida online por causa da pandemia de Covid-19.
Um achado curioso do estudo é que as pessoas que vivem em áreas rurais podem estar longe de mercados que vendem alimentos frescos, e por isso precisam muito mais do delivery para ter acesso a eles do que quem mora na cidade. A falta de acesso à internet e a desconfiança na qualidade dos alimentos fornecidos pelos serviços de entrega também são barreiras ao acesso a alimentos online.
Apps e políticas públicas
Segundo os pesquisadores, se adotarem um modelo de negócio que não torne mais caro comprar alimentos frescos do que nas lojas, os aplicativos de entrega podem ser parte da solução do problema dos desertos alimentares.
Para eles, os formuladores de políticas públicas e o público deveriam considerar os aplicativos parte do sistema alimentar dos EUA, levando em consideração o contexto das comunidades, do meio ambiente e da economia. “Como o sistema alimentar digital ainda está amadurecendo, agora é o momento ideal para projetar políticas que ajudem a aproveitar a eficiência para o bem público”, afirma a pesquisa.
Entre as sugestões de novas políticas públicas feitas pelos especialistas estão permitir que os cupons de alimentos cubram as taxas de entrega dos apps e outros custos adicionais de pedidos online, além de expandir benefícios alimentares do governo para incluir compras online e dar subsídios para ampliar o acesso à internet.