O ecossistema do iFood movimentou, direta e indiretamente, R$ 97 bilhões em valor bruto da produção no ano de 2022, impactando 0,53% do Produto Interno Bruto (PIB) nacional, revela uma pesquisa feita pela a pedido da empresa pela Fipe (Fundação Instituto de Pesquisas Econômicas), especializada na análise de fenômenos econômicos e sociais do país e no desenvolvimento de indicadores.
O estudo mede a importância socioeconômica do iFood levando em conta os efeitos iniciais, diretos, indiretos e induzidos (pelo aumento de renda proporcionado pelos pedidos no iFood a lojas parceiras, entregadores e colaboradores, entre outros).
Isso significa que esses R$ 97 bilhões não são concentrados no iFood, e sim distribuídos entre os diversos setores envolvidos na cadeia de valor movimentada a partir dos pedidos em restaurantes, mercados, farmácias e pet shops por meio do app.
Sendo uma plataforma que faz a intermediação da entrega de refeições e compras, o iFood tem um efeito multiplicador na economia que gera trabalho e renda não só para restaurantes e entregadores, mas também para muitos outros setores — desde alimentação e comércio até desenvolvimento de sistemas e outros serviços de informação, segundo a pesquisa.
Quem ganha junto com o iFood
A economista-chefe do iFood, Erica Diniz Oliveira, explica o efeito multiplicador do iFood na economia dando o exemplo da compra de um hambúrguer no aplicativo. Esse pedido tem um efeito inicial —a compra gera um faturamento para o estabelecimento—, mas não para por aí.
Essa venda causa também outros efeitos na economia. Os diretos e indiretos impactam os setores relacionados à produção e ao transporte do hambúrguer, como a pecuária, a compra de ingredientes, o transporte, o emprego do cozinheiro ou da cozinheira e o consumo da gasolina da moto do entregador ou entregadora.
Já os efeitos induzidos são aqueles gerados pelo aumento da renda de restaurantes, lojas, entregadores e outros setores (como a compra de uma geladeira nova para a hamburgueria ou um almoço com a família no final de semana ou a reforma da casa).
Dessa forma, a cada R$ 1.000 que são gastos pelos clientes em compras no aplicativo do iFood, outros R$ 1.385 são adicionados na economia do país, de acordo com a Fipe. E a cada R$ 1.000 de impostos gerados pelas compras no iFood, são coletados R$1.127 adicionais no restante da economia.
“Como uma empresa de tecnologia brasileira, o iFood é um vetor de desenvolvimento que gera postos de trabalho, arrecada impostos e movimenta a economia em todas as regiões do país”, afirma Erica. “Isso evidencia o impacto da economia de plataforma e do modelo de intermediação, que busca criar conexões entre oferta e demanda em uma lógica ganha-ganha.”
Como o iFood gera postos de trabalho
Quanto à geração de postos de trabalho, o estudo da Fipe aponta que em 2022 mais de 873 mil postos de trabalho diretos e indiretos (ou seja, considerando toda a cadeia de valor envolvida) foram gerados pelas atividades do iFood, o que corresponde a 0,87% da população ocupada no ano.
A pesquisa mostra o efeito multiplicador do iFood também nessa área: a cada 100 postos de trabalho diretos, são gerados 68 postos adicionais na nossa economia. Entre os setores mais impactados estão os de alimentação, comércio por atacado, pecuária, educação e saúde privada e e confecção de artefatos do vestuário e acessórios, por exemplo.
Na conta dos postos de trabalho estão incluídos todos os impactados pelas atividades do iFood, o que inlcui também a atividade de entregadores e entregadoras.
Como os postos gerados não implicam uma atuação em tempo integral na plataforma, a Fipe agregou os dados em relação à jornada dos entregadores para compor o equivalente a um posto de trabalho, denominado EHA (Equivalentes-Homens-Ano) —o mesmo foi feito para todas as atividades profissionais envolvidas em todos os setores impactados.
Segundo essa medida, um posto de trabalho corresponde à jornada de trabalho de uma pessoa adulta, por oito horas diárias, durante 200 dias por ano. Como o EHA pode representar mais de um trabalhador ou trabalhadora, os dados dos trabalhadores, incluindo os entregadores, foram agregados para compor esse EHA —especialmente porque os entregadores podem trabalhar menos do que 8 horas por dia e do que 200 dias por ano.
O efeito da renda de entregadores
A pesquisa da Fipe revela também que a renda bruta total de entregadores e entregadoras que atuam na plataforma do iFood foi de R$ 2,8 bilhões em 2022.
Considerando a renda bruta total paga pelo iFood para os entregadores, esses ganhos geraram um efeito multiplicador de R$ 7,9 bilhões em bens e serviços produzidos no país (de modo direto ou indireto).
Isso sem considerar o impacto dos ganhos dos entregadores dos próprios estabelecimentos, não intermediados pela plataforma, que realizam 61% das entregas transacionadas na plataforma do iFood.
“Se considerarmos todo o setor de entrega movimentado pelos pedidos feitos no app, entregues pela plataforma e também os diretamente pelos estabelecimentos, o efeito é potencialmente bem maior do que os R$ 7,9 bilhões”, completa Erica.
Segundo a pesquisa, a cada R$ 1.000 recebidos pelos entregadores (do iFood e de outras fontes de renda), outros R$ 1.210 foram gerados na economia, considerando efeitos diretos, indiretos e induzidos.
Esse efeito multiplicador da renda de entregadores foi maior no Distrito Federal, onde, a cada R$ 1.000 recebidos por esses profissionais, outros R$ 1.560 foram adicionados à economia.
Os mesmos R$ 1.000 acrescentam R$ 1.430 à economia em Recife, R$ 1.420 à de Fortaleza e R$ 1.390 à de Belém, aponta a pesquisa. No Rio de Janeiro, esse acréscimo foi de R$ 1.300, e em São Paulo, de R$ 1.180.
Entre outubro de 2021 e setembro de 2022, mais de 537 mil entregadores e entregadoras passaram pelo iFood e tiveram o aplicativo como uma fonte de renda em algum período, segundo a Fipe. Desses, cerca de 212 mil estiveram ativos por mês (realizando ao menos uma entrega).
Trabalhar com a plataforma do iFood é, na maioria das vezes, um complemento de renda e uma ocupação eventual: nesse período de 12 meses, o tempo médio de atividade de entregadores e entregadoras foi de 4,7 meses.
E sem o iFood, como seria?
Para entender melhor o impacto sistêmico da renda dos entregadores conectados à plataforma (sem considerar os entregadores dos estabelecimentos), a Fipe fez uma simulação entre dois grupos de profissionais: um verdadeiro —composto por entregadores que trabalham com o iFood e que também podem ter outras fontes de renda— e um fictício, com as mesmas características, mas que não trabalhariam com o app e estariam apenas no mercado tradicional.
A renda extra dos entregadores “verdadeiros”, que têm a alternativa de atuar também com o iFood, considerando o montante total de entregadores da plataforma, seria responsável por um aumento de R$ 2,9 bilhões no valor de bens e serviços produzidos na economia brasileira, por ano —levando em conta os efeitos iniciais, diretos, indiretos e induzidos.
“Ou seja, ao isolar o efeito do iFood, podemos afirmar que a economia teria um impacto negativo de quase R$ 3 bilhões caso as entregas pela plataforma não fossem uma alternativa de renda para entregadores e eles estivessem apenas no mercado tradicional, como no cenário fictício”, explica Erica.
A pesquisa traz outro resultado interessante: a remuneração de entregadores e entregadoras traz uma maior internalização local da renda, sobretudo em regiões metropolitanas, alavancando o desenvolvimento dessas regiões —se comparada à do profissional semelhante que não faz entregas com o iFood.
Na média, quase a metade do impacto dessa renda (46%) ocorre localmente, e chega a 58,4% em regiões como São Paulo.
“A internalização local corresponde à renda que circula na região de origem do recurso, como, por exemplo, os valores consumidos na padaria ou no restaurante do bairro, comparativamente ao montante que vai para a cadeia de produção em outros estados. No caso dos entregadores, este efeito local é proporcionalmente maior, se comparado ao profissional fora da plataforma”, diz Erica.